Em um de seus textos Martha Medeiros diz que somos compostos por tudo aquilo que “consumimos”, como os livros que lemos, os filmes que assistimos e as músicas que ouvimos, por exemplo. Não lembro o que concluiu a crônica, mas a comparação é ótima.
Digamos que assim como nosso organismo, nosso cérebro precise se alimentar com alguma freqüência. Com o corpo, todo mundo sabe que se você correr, comer frutas e beber bastante líquido, provavelmente será saudável. Já se você não faz nenhum exercício, não passa um dia sem batata frita e é movido a cerveja, certamente vai engordar, obstruir veias e artérias, ter colesterol alto, essas coisas chatas.
Com o cérebro ocorre a mesma coisa. Ler um bom livro é como uma corrida de 45 minutos para o cérebro. Já assistir a esse tal de BBB, que ontem iniciou (de novo!) equivale a gordurosas porções daquele bolinho enjoado que encharca o guardanapo.
A professora Juracy Saraiva fala em “embrutecimento” do ser humano. Perfeito. É óbvio que assistir a certos programas emburrece. É óbvio que aliena. Só não percebe isso quem já está devidamente alienado.
Na construção daquilo que somos, muitas vezes consumimos lixo travestido de entretenimento e acabamos nos tornando lixo também. Mas ninguém mais pode dizer que não foi avisado sobre as conseqüências desse “alimento”.
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