Se
por um lado é surpreendente o alto número de eleitores que dizem ainda estar
indecisos sobre em quem votar para os cargos de deputado estadual e federal -
apontado nos últimos dias pelo Instituto Datafolha -; por outro, podemos
concluir que o índice apenas confirma uma triste realidade que tem se repetido
em sucessivas eleições: o brasileiro vota mal. Essa apatia política ocorre pelo
simples fato de que o eleitor dá pouca importância ao próprio voto, deixando
para fazer suas escolhas na última hora, com pouca análise e um mínimo de ponderação.
Esse
mesmo levantamento também nos leva à inexorável previsão de que a maior parcela
da população, dentro de poucos meses, sequer vai lembrar em quem votou. A ideia
de vitimização da sociedade, propagada pela mídia e pelo senso comum com a
velha frase que afirma que “nenhum político presta”, serve apenas para diminuir
o trabalho dos bons, os igualando aos maus; e ainda nos transmitir a falsa
sensação de que o protagonismo eleitoral está distanciado da população. Na
verdade, somos diretamente responsáveis por aqueles que elegemos, e temos mais
uma função que é essencial para o pleno exercício da democracia: a
fiscalização.
É
comum que muitas pessoas tenham a impressão de que a participação política ocorre
apenas na hora do voto, a cada dois anos. Porém, precisamos com urgência da
consciência coletiva de que este é um processo contínuo, que envolve também
acompanharmos o trabalho daqueles que foram eleitos, cobrando empenho na defesa
das demandas da sociedade, e o cumprimento da chuva de promessas que costuma
permear as campanhas eleitorais. Nessa lista de atitudes necessárias, votar é
apenas a ponta do iceberg de um processo que, em tese, deveria contar com a
participação ativa de toda a sociedade.
O
eleitor assume o protagonismo que lhe cabe quando compara os projetos e escolhe
candidatos que priorizam a apresentação de soluções concretas para os seus
problemas, deixando de lado aqueles que optam pela via da difamação e da ofensa
aos adversários, esquecendo de apresentar suas propostas. Compreender que cada
voto é importante, e que cada cidadão é uma peça fundamental na engrenagem
política que rege nosso país, é o único caminho para a valorização do voto e,
mais do que isso, para a nossa valorização como autores de nossa própria
história, e não meros espectadores.
(Publicado no Jornal Integração, 02/10/2014)
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