Uma vez, alguém me disse: “credo, parece que tu só gosta de
vilão!”. É que nas novelas da Globo os mocinhos são muito sem sal. São arroz
doce, como diria uma expressão do filme Se Beber Não Case 2.
E por isso, às vezes o mocinho me irrita tanto que eu torço mesmo
para o vilão. Porque o bonzinho da história deveria saber ver a maldade onde a
maldade existe, mas ele é quase sempre o ingênuo, o coitadinho.
Ahá! Agora tocamos na ferida. É disso que eu não gosto. De
coitadinhos. Eu não suporto quem tem pena de si mesmo. Quem tem pena de si
mesmo, ao se sentir injustiçado pelo destino, acaba se acomodando. Ele pensa
assim: “As coisas são desse jeito porque são”. Ele nunca imagina que poderia
ser diferente se as suas escolhas tivessem sido outras e nem enxerga soluções
para sair da situação em que está, porque considera que nasceu para ser
injustiçado e pronto.
Não é assim que tem que ser. Sou fã de carteirinha do Existencialismo,
que prega sermos soberanos senhores do nosso destino. Quando Sartre diz que “somos
condenados a ser livres”, é isso que ele quer dizer. Que as nossas escolhas
terão conseqüências, algumas imprevisíveis, mas acima disso, que nós PODEMOS
fazer escolhas.
E essa liberdade é a liberdade que não tem preço, e que não
nos proíbe nem mesmo sermos coitadinhos se quisermos. Mas é melhor a gente não
querer isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário