Em geral as pessoas detestam os atendentes de telemarketing.
É como ser juiz de futebol, uma profissão ingrata por
natureza.
Já eu sinto pena dos pobres atendentes, mesmo que eles me
deixem angustiando, porque odeio dizer “não”, e em geral as propostas que me
fazem por um novo plano de telefonia não me interessam.
Eu fico imaginando alguém que ganha pouco mais do que um
salário mínimo por mês ligando para centenas, talvez milhares de pessoas por
dia, e sendo quase sempre desprezado nessas ligações. Talvez ele tenha metas
impostas pela empresa, talvez ele precise de um número mínimo de pessoas a cada
dia que aceitem o plano da operadora para continuar no seu emprego.
Imaginar isso tudo é muito triste.
Afinal, o que é ruim não é a pessoa que me liga, é o plano
que ela oferece.
Mas ruim, digo ruim mesmo, é ter que dizer “não”.
Tenho ímpetos de interromper a voz já cansada e dizer: “Eu
aceito! Cara, eu sempre quis esse plano! Adoro ligar para as pessoas entre
meia-noite e seis da manhã. Aliás, acho que nasci para ser chato e acordar o
mundo inteiro. Talvez eu até aprenda japonês, porque lá na Ásia eu não
precisaria acordar ninguém se quisesse ligar para as pessoas nesse horário”.
Bom, pensando bem, algumas propostas são mesmo inaceitáveis,
e o jeito é dizer “não” e pronto.
Por isso, se eu fosse um gestor, distribuiria “nãos” quando
julgasse necessário, mesmo que isso me desagradasse. É justamente o que
deveriam fazer com algumas torcidas organizadas. Quando uma Organizada se torna
mais importante para um determinado grupo de pessoas do que o próprio time que
eles deveriam apoiar, é hora de dizer chega, e extinguir o problema.
Às vezes, por pior que possa parecer, o “não” é a única
coisa a se fazer.
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