Embora eu nunca tenha chegado a brigar
fisicamente com ninguém, já fui ameaçado algumas vezes. Coisas de colégio, você
sabe. O que importa é que não serei eu,
jamais, a escrever uma linha sequer defendendo a violência, em nenhuma de suas
muitas formas, como fator que possa solucionar algum problema.
Não, violência definitivamente não
resolve. Esse é o lado negativo das manifestações que têm ocorrido nas
principais cidades do nosso país desde segunda-feira. A violência ocorre de
todos os lados, desde a parcela de manifestantes que depredam o patrimônio público
até a parcela de policiais que fere inocentes de forma truculenta.
Mas não é sobre a violência que eu
quero falar. Isso a imprensa já tem noticiado o tempo todo. Quero falar do lado
bom disso tudo. Sim, porque tudo na vida
tem um lado bom, a gente aprende isso nas derrotas. Ou pelo menos é o que
deveria aprender.
O lado bom dos protestos é ver que o brasileiro resolveu, enfim,
levantar de sua poltrona confortável. O brasileiro saiu para as ruas com
gritos, com faixas, com indignação, sim, mas principalmente, com atitude.
É justamente o que estava faltando.
O brasileiro se indigna quando lê que os estádios para a Copa já estão custando
mais do que o dobro do valor previsto inicialmente, o brasileiro se irrita
quando ouve no noticiário que o político condenado ainda está solto, o
brasileiro fica incrédulo com as declarações homofóbicas soltas por aí, mas sempre
agüenta tudo passivamente.
Nesta semana, o jogo virou. Afinal, os protestos são contra os
aumentos nas passagens de ônibus. Vamos pensar: quem utiliza o transporte público
no Brasil? Não é a parte mais rica da população, não é o empresário, não é nem
mesmo o prefeito da sua cidade. É o cidadão
de bem, esse que trabalha o dia inteiro; que devolve a carteira que encontrou
na rua, que não nasceu em berço de ouro e precisa pegar ônibus; é esse cidadão
que não aguenta mais.
E é também esse cidadão quem
descobriu que uma mudança pode ser motivada pelos mais variados sentimentos,
mas só se faz com atitudes.
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