Como diria o
eterno Barão de Itararé, de onde menos se espera é que não sai nada mesmo. Mas, a verdade é que nem sempre é assim. Domingo passado, por exemplo.
Já passava das onze da noite, eu
estava parado próximo ao portão de saída da Oktoberfest, não havia mais nada
de relevante que pudesse acontecer naqueles últimos instante de festa, até
que...
Alguém sussurra no meu ouvido,
ironizando: “Olha só, que gatas!”.
Olhei na direção apontada. Franzi o
cenho, demorei para perceber. Eram dois travestis. Na verdade, eram dois
baita travecos, desses que só se veem na televisão.
Aqui, preciso fazer um registro
importante: não tenho nada contra travestis, ou qualquer opção sexual que fuja
dos padrões. Quem me conhece, sabe disso. Aliás, se há algo que não me
incomoda, é a felicidade dos outros.
Mas, voltando aos travestis. Não
tinha como não olhar por um instante, afinal, aquelas eram pessoas...diferentes. Não posso imaginar a
expressão que eu fiz; o que sei é que um dos travestis reparou no meu, digamos,
“estranhamento”, e se ofendeu com isso.
O homem (ou a mulher, nunca sei),
puxou o companheiro pela mão, e veio na minha direção, com o dedo em riste.
Fique paralisado. E agora?
Vou ser espancado!?
Então, o travesti chegou bem perto,
e disparou:
- o guriiiii...
Bem assim ele falou. Sabe aquela
voz forçadamente fininha, puxando as vogais? Pois é.
E eu ali, paralisado. Só olhando.
- O guriiii...- continuou o travesti – tu é feio.
E saiu, pisando firme.
Eu continuei lá, parado.
As pessoas lembram o que faziam
quando dois aviões atingiram as torres gêmeas, ou o dia em que o Brasil ganhou
a Copa do Mundo, pois eu sempre vou lembrar que, em outubro de 2013, um
travesti me chamou de feio.
O Barão de Itararé não contava com
o inusitado, o surpreendente. Concluo que deve ser porque ele não teve a oportunidade
de conhecer a Oktoberfest de Igrejinha.