Tenho
uma frustração de infância, e talvez ela explique todos os meus dilemas atuais,
mesmo que eu não saiba exatamente quais são eles. Mas a verdade é que eu queria
muito ter algo que jamais pude ter.
Era
um carrinho de controle remoto, dos grandões, vermelho e com os detalhes em
preto. Lindo e imponente, ele aparecia em uma propaganda de TV serpenteando por
pântanos e ambientes perigosos. Cara, aquele era um carrinho resistente.
E
me fascinava.
Era
como uma Ísis Valverde: depois de te chamar atenção uma vez, você não consegue
mais esquecer. E eu não esquecia. Era insistente, fazia birra, usava de todas
as artimanhas que me ocorriam, mas não ganhava. Hoje, imagino que ele deveria
ser realmente caro, porque tive vários outros brinquedos, mas esse foi sempre
negado.
Na
minha turma ninguém tinha, porém TODOS queriam ter aquele carrinho. Com o
tempo, fui entendendo que é mais ou menos assim: queremos o que todos querem. E
quando algo é muito elogiado, passamos a acreditar nisso, passamos a enxergar
qualidades naquele produto que antes não perceberíamos, e por isso, pelo lado
emocional, décimos que queremos.
Não
é a razão que manda, portanto. É a emoção. O que não significa que uma pode completamente
dissociada da outra. Essa lógica vale também para o voto. Por que todos estão
dizendo que vão votar na Marina? Simples: Porque todos estão dizendo que vão
votar na Marina. Corro o risco de ser simplista, eu sei, mas que essa lógica
funciona, isso eu posso garantir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário