Conversavam, ontem, duas meninas que trabalham
no Piccadilly, quando passei rapidamente por elas, na calçada. Ouvi apenas uma
frase entrecortada:
- Eu
sei, eu sei. Mas eu gosto de cafajeste...
Quase estaquei no meio do caminho, para cumprimentar
a autora da frase. Afinal, um autoconhecimento assim, tão profundo, não é uma virtude
que se perceba o tempo todo. Sei que ela está coberta de razão. Descobri isso
ao longo do tempo: os bons moços não têm muita chance. As mulheres reclamam,
choram e tecem comentários espinhosos no Secret,
mas não adianta, elas sempre se rendem aos cafajestes.
Porém, preciso fazer justiça: o cafajeste não
é um vilão. Antes disso, é uma vítima, alguém que sofre dos males da eterna
insatisfação. Ele precisa sempre de uma nova conquista, um novo desafio; como
aquele herói solitário que, concluída a missão, abandona a pacata cidade ao
cair da tarde, em busca de outra aventura.
Me compadeço dos cafajestes porque mulheres
os julgam de forma implacável, ainda mais que agora está na moda julgar as
ações de todos o tempo o tempo.
O lado bom é que o cafajeste de verdade não
se importa.
Ele sabe que será o preferido na festa de
final de ano da firma. Ele sempre se dá bem.
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