Desde
a redemocratização, praticamente todos os partidos políticos já estiveram à
frente do governo do Rio Grande do Sul. Por isso, é difícil apontar um único
grupo de responsáveis pela degradação das contas públicas do estado, que,
inexoravelmente, foram se fragilizando mandato após mandato, influenciadas por
incontáveis fatores internos e externos; com a contribuição de governos que
gastaram mais do que arrecadaram. Além disso, nos momentos de crise econômica,
de nada adianta encontrar culpados. É preciso que, através da união dos
gaúchos, sejam tomadas medidas que nos permitam reencontrar o fôlego financeiro
das contas públicas.
Para
isso, em qualquer sociedade moderna, a Educação deve ser a prioridade das prioridades.
Não é à toa que o lema do governo federal é “Brasil, pátria educadora”.
Contudo, apenas uma frase de efeito não basta para construir uma educação digna
no nosso país. O primeiro passo é a valorização da carreira docente, que hoje
tem sido a escolha de poucos abnegados. Com professores bem pagos e melhor
preparados, abre-se o caminho para as grandes reformas que nosso sistema
educacional necessita.
Voltando
ao cenário gaúcho, vemos com tristeza que o agravamento da crise financeira
impede até mesmo que o piso salarial do magistério seja pago aos professores da
rede estadual. Neste caso, não se pode nem dizer que é por falta de vontade
política. O pagamento do valor mínimo, estipulado por lei aos professores
ativos e inativos, acarretaria em um acréscimo anual de três bilhões de reais
em uma folha de pagamento que atualmente é de seis bilhões/ano.
É
desolador constatar que o Rio Grande do Sul está de mãos amarradas em uma
questão tão crucial. Mais uma vez, fica evidente a necessidade de um novo pacto
federativo, que permita aos estados e município ter mais autonomia financeira,
em vez de assistirem à maior parte da carga tributária indo para os cofres da
União. Outro ponto fundamental a ser destacado é que, com uma distribuição mais
justa das fatias tributárias, os cidadãos teriam a oportunidade de acompanhar mais
de perto a forma com que o dinheiro dos impostos é utilizado, além de poder
cobrar diretamente prefeitos e governadores pela gestão e aplicação desses
recursos.
Sendo
o Brasil um dos países com uma das cargas de impostos mais pesadas do mundo,
não restam dúvidas de que há sim dinheiro para que as demandas dos brasileiros
sejam atendidas de forma mais eficaz, com serviços públicos eficientes e a
valorização dos profissionais que atuam diariamente em áreas vitais como saúde,
segurança e educação. Mas, para isso sair do papel, faz-se necessária uma
mudança urgente na forma com que estão sendo divididas as fatias do bolo
tributário.
(publicado na página 2 do Jornal Integração em 15/01/2015)
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