Sou a favor do casamento entre pessoas do
mesmo sexo, da legalização da maconha, sou contra a pena de morte e, mais do
que qualquer outra coisa, sou contra os radares que ficam escondidos nas
estradas para multar motoristas desavisados.
Qualquer uma dessas opiniões é capaz de gerar
intensa polêmica e até o ódio de quem pensa diferente. Uma pena. Porque uma
opinião deveria ser apenas isso: uma opinião. São questões que devem sim ser
debatidas, mas não de forma extremista ou
passional, e sim por pessoas capazes de ponderar, dialogar, e até de ceder em
alguns pontos.
Não há nada novo debaixo do sol, neste início
trepidante de 2015. As bandeiras ideológicas, muitas vezes, são encaradas como
uma espécie de religião, como já aconteceu em outros momentos da história. E
esse é um caminho perigoso, porque as religiões tendem a transmitir aos seus
seguidores a falsa sensação de que só eles é que estão certos, e os outros,
equivocados. É mínima a possibilidade de diálogo ou de argumento racional
nestes casos.
Um mundo não se constrói a partir de certezas
absolutas. Eu sei que seria mais confortável pegar um punhado de opiniões e
lutar por elas como um desesperado que luta para sobreviver; mas não, a vida
não é tão simples. Precisamos nos questionar, duvidar da nossa própria teoria,
conjecturar que podemos estar errados. Pode ser que não resolva nada, mas ao
menos escapamos do risco de nos tornarmos reféns da chatice ideológica.