Quando
Álvaro viu Fernanda sair de casa pela última vez, pensou em chamar seu nome.
Pensou em pedir perdão, em dizer que estava disposto a mudar, e que,
finalmente; havia descoberto alguém por quem valia a pena deixar de lado aquele
jeito durão.
Quando
Álvaro viu Fernanda sair de casa pela última vez, pensou em dizer que a amava.
Mas seus lábios permaneceram inertes. Todas as verdades jamais confessadas, por
medo e fraqueza, continuaram sepultadas em seu peito. Todos os beijos que havia
deixado de roubar continuaram frios em sua memória; aquelas eram recordações de
momentos que jamais existiram.
Álvaro
sabia que estava preso, refém não de sua solidão; mas de seu silêncio. De seu
vazio, do nada que o esmagava. Ninguém poderia testemunhar a seu favor. Estava
condenado a morrer de forma lenta e impiedosa, sufocado por sentimentos que não
podiam mais ser derrotados por longos goles de conhaque barato.
Quando
Álvaro viu Fernanda sair de casa pela última vez, engoliu o choro, abriu as
janelas, e continuou sobrevivendo. Ele sabia que aquelas lágrimas nunca seriam
derramadas.
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