Suspeita-se que o ódio de
Hitler pelos judeus nasceu ainda na infância, quando ele passou por uma
experiência traumática com a morte prematura de sua mãe. É possível. Já escrevi
outras vezes que o que somos e tudo aquilo em que acreditamos se baseia
principalmente nas experiências da infância e da adolescência.
Eu, por exemplo. Lembro de uma
tarde cinzenta. Eu tinha uns três anos, talvez quatro, e assistia à minha mãe
preparando alguns sanduíches. Pareciam apetitosos, então, decidi que não
descansaria enquanto não pudesse experimentar um deles. A verdade é que
incomodei muito para ganhar aquele pedaço de pão. Não cedi nem mesmo aos
argumentos de que havia acabado de almoçar
Ameacei chorar. Com crianças e
mulheres, você sabe, é melhor evitar o choro, porque ninguém sabe bem como
fazer depois para contornar a situação. Por fim, ganhei o tão esperado
sanduíche. Mordisquei-o com interesse, depois cheguei à conclusão de que,
realmente, eu não sentia fome alguma. Além do mais, aquele sanduíche tinha um
gosto amargo, que mais tarde eu descobriria ser de mostarda. E agora?, pensei.
O que fazer?
Disfarcei, e lentamente fui me
dirigindo para os fundos do quintal. Quando ninguém estava olhando, joguei fora
o quase intocado sanduíche. Desconfio que não o tenha escondido muito bem,
porque meu delito infantil foi descoberto em pouco tempo, e rendeu umas boas
ralhadas de minha mãe.
O que tirei de lição deste
dia?
Não se deve comer nada com
mostarda.
Jamais.
Incrível como as experiências
da infância nos ensinam.
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