Analisem comigo essa manchete, estampada hoje nos jornais: “Escândalo
sem fim: confusões amorosas na cúpula da
segurança nos Estados Unidos comprometem mais um chefe militar”.
Sempre imaginei um agente da CIA como uma pessoa fria. É alguém
que deve calcular cada passo que será dado em uma operação, alguém que não se
deixa comover pelas coisas pequenas da vida, porque ele tem um objetivo, e nada
é mais importante do que alcançá-lo.
Nem mesmo uma vida humana é mais importante do que o
cumprimento da sua missão. Se precisar
matar, o agente de CIA matará.
Eles são treinados para isso. Para não se sentir.
E, no entanto, esses homens frios, esses homens aparentemente
sem sentimentos, eles caem justamente na
armadilha que parece ser a mais simples de ser evitada, e por isso é a mais
perigosa: a paixão. Esses homens colocam tudo a perder por causa de um
relacionamento clandestino, e mostram que são também de carne e osso, como
qualquer um de nós.
Li outro dia um poema, mas não consigo encontrá-lo, nem
descobrir seu autor. O que nos importa é que, lá pelas tantas, para descrever
uma cena de beleza rara, o poeta tasca: “era
bela como a amada que ele mais amou...”.
Bela como a amada que
ele mais amou...
Aí está um trecho que parece elucidar muito da alma humana.
Não importa o quão frio e racional possa ser uma pessoa, não importa o quanto
ela queira se divertir e não se preocupar com nada, ela certamente será derrubada, em algum momento, por uma paixão.
Há quem seja derrubado várias vezes.
Mesmo um agente da CIA, mesmo eu e você, tudo o que nós
queremos da vida não é dinheiro, não é sucesso profissional, não é nem mesmo a
superestimada felicidade. O que queremos mesmo é que a vida nos apresente momentos tão intensos como foi intensa a
beleza da pessoa que mais amamos um dia.
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