Recebi um baita elogio na semana passada. A pessoa me disse
que gostou muito do que escrevi sobre o Dia da Mulher; e que esse era um
daqueles textos que dão vontade de continuar lendo mesmo depois que acabam.
É bom saber que hoje alguém pode ter gostado tanto de algo
que eu escrevi, porque já houve um tempo em que fui muito ruim nisso. Mais
exatamente na pré-escola, quando todos sabiam escrever pelo menos o próprio
nome.
Todos, menos eu.
Com muito sacrifício eu até garrancheava um “LUI”, mas não havia
jeito de conseguir desenhar o S.
Cara, como aquilo me frustrava!
Um dia não aguentei. Todos já haviam terminado, todos menos
eu, e quanto mais eu tentava, pior era o resultado.
Então, comecei a chorar.
A professora aflita tentava me acalmar enquanto os meus
colegas olhavam com curiosidade aquela cena. Nunca vou esquecer desse dia.
Era uma dificuldade pontual, na primeira série fui um dos
primeiros a aprender a ler. Mas mesmo agora, tanto tempo depois, sinto um certo
mal-estar ao lembrar daquele incidente. Porque eu sei que não chorei por medo
do desafio de escrever o S; aliás, se tem algo que nunca me abalou é o desafio
ou a adversidade. Naquele dia o que me fez chorar foi um sentimento de vergonha. Porque eu me
senti inferior, me senti incapaz de fazer algo que todos ao meu redor
executavam até com certa facilidade.
É exatamente o que sente quem não sabe ler ou escrever. Por saber disso é que sinto como um soco na boca do estômago
saber que em pleno ano de 2013 o Brasil tem 12 milhões de analfabetos,
praticamente toda a população da Holanda. Doze milhões de brasileiros condenados a viver envergonhados de si mesmos.
Todos nós devíamos também sentir vergonha.
Vergonha por viver em um tempo de tanto desenvolvimento, e
saber que, neste que é o solo de um dos países mais ricos do mundo, vivem milhões
de pessoas que não têm o mínimo acesso a uma Educação de qualidade.
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