Se há algo que pode oferecer riscos a um homem é uma mulher
que sabe, mesmo que de forma inconsciente, do poder que pode exercer um pé feminino.
Você observa aquele pé
delicado, besuntado todas as noites com creme Nívea, aquele pezinho 35, tão
frágil, tão delicado, tão lindo, tão...
Olha aí, o pé o
enterneceu.
Aí reside o perigo. O pé amoleceu seu coração, lhe deixou
sentimental como um adolescente descobrindo a paixão. Você deve ter muito
cuidado nessa hora: mulheres com pés
delicados tendem a ser muito, muito perigosas.
São perigosas porque são subestimadas. Você espera apenas os
gestos mais tenros da pessoa que é sustentada por aquele pé, você talvez espere
até mesmo uma beleza puramente doce e abnegada.
Grande engano. Não raro são essas as maiores desilusões na
vida de um homem.
Afinal, não se deve
jamais subestimar um risco, nem mesmo naquelas circunstâncias que parecem
ser as mais inofensivas.
Foi o que aconteceu no caso da boate Kiss. Os proprietários,
a banda, o poder público, e até os freqüentadores do local; todos subestimaram o perigo a que poderiam estar
expostos. É o que fazemos o tempo todo. Infelizmente, essa mania pode trazer
conseqüências terríveis, como acabou acontecendo.
Agora, buscam-se culpados. Alguns até clamam por isso,
querem punições a todo custo.
Enquanto isso, o verdadeiro culpado está em cada um de nós: a
tendência a subestimar o perigo. Somos nós que deixamos de lado o cinto de
segurança, nós que concluímos com freqüência que “não vai acontecer nada”, nós que nunca paramos para reparar as saídas
de emergência.
Somos nós os
culpados.
Inapelavelmente.
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