Após
o desfile cívico de Igrejinha, ouvi muitas
pessoas dizendo que no tempo delas as coisas eram melhores. Que
hoje as crianças passam pelas ruas em total desordem e com rostos
desmotivados, mas em outras épocas elas marchavam alinhadas e
talicoisa.
Posso
não ter vivido em outros tempos que não estes, mas discordo.
Não
acredito que as coisas eram melhores. Talvez fossem mais organizadas,
talvez os alunos realmente marchassem, afinal havia mais comando e
rigidez; mas nada
disso era motivado por causa de um sentimento cívico.
Esse
amor pela pátria, tão defendido pelos saudosistas, ele não existe
nas crianças de hoje porque jamais
existiu nas crianças de qualquer época.
E
não pode existir por um motivo simples: a pátria é uma abstração.
Por
que alguém que nasceu no Brasil seria melhor do que alguém que
nasceu no Haiti?
Só acredita em Pátria quem aprende a acreditar nisso. Não raro, o
patriotismo vira xenofobia, vira preconceito.
Definitivamente,
a
pátria falhou como razão de existência.
As
crianças entendem, de forma inconsciente, que o que importa são as
pessoas, e que elas, as pessoas; podem ser de qualquer pátria. Que a
bandeira não importa. Como disse Markus Zusak: seríamos todos a
mesma coisa em qualquer outro lugar.
Por acreditar em
tudo isso, é que pouco me importa se eram desmotivados os rostos das
crianças na tarde de sábado. Elas são o futuro, são muito
inteligentes, e percebem facilmente que protocolos e cerimônias tem
pouca importância na vida.
Acreditem, elas sabem o que
realmente importa. Elas
sabem que passaram calor à toa.
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