Entreouvi um trecho de uma conversa
telefônica, ontem, entre pai e filha.
Foi atrás de mim, na volta da faculdade.
O pai dizia que estava com saudades, e que a amava.
Até aí, nada de mais. Aliás, acho louvável que os pais digam sempre que amam
seus filhos, afinal as crianças precisam se sentir amparadas neste mundo
implacável e rasteiro.
Mas o que me chamou atenção naquela conversa foi o
trecho seguinte.
Após um hiato de alguns segundos, o pai tornou o
falar: "ô filha...não precisa chorar. O pai te ama muito, tá?".
Com a voz já embargando, ele repetiu mais algumas
vezes que a amava.
Por fim, após desligar o telefone, o homem comentou
com a pessoa que estava do lado:
- É foda... A pior coisa que existe é ouvir o choro
da tua criança.
E suspirou.
Fiquei pensativo depois daquilo.
Afinal, a lembrança dos bons momentos entre eles de
nada servia para aplacar a saudade que lhes oprimia o peito. Provavelmente,
essas lembranças até aumentem a dor alimentada pela distância. Lembrei, então,
de uma frase que li nesta semana, de George Lord Byron: a recordação da
felicidade já não é felicidade; mas a recordação da dor ainda é dor.
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