Pierre de Bordieu foi um
sociólogo francês que desenvolveu o conceito de habitus. Funciona resumidamente
assim: o sujeito utiliza, de forma consciente ou não, as experiências que viveu
no passado para analisar as situações do presente e definir quais serão suas
decisões no futuro.
Esse raciocínio me pareceu
óbvio, e, por isso mesmo, genial. Eu já tinha a impressão de que o passado é o
mais importante, mas só agora entendi o porquê. É que geralmente damos muito
valor ao futuro, aos dias vindouros. Lá sim; seremos melhores, teremos mais
dinheiro, mais tranquilidade, as tardes serão douradas e as noites belas e puras
como é belo e puro o primeiro amor da adolescência.
Mas a verdade é que nem
tudo serão flores amanhã. Supervalorizamos o futuro, idealizamos um tempo que
virá, quando na verdade o que importa mesmo é o nosso passado, as nossas
vivências, o que sentimos e de que formas fomos abalados ou não pelo que
aconteceu ao nosso redor.
Esse crime que hoje escandaliza
o Rio Grande, a morte de um menino de tenros onze anos. Leio nos jornais que o principal
suspeito do assassinato da criança é o próprio pai. Que habitus pode ter gerado
pessoas tão violentas, tão brutais?
E
aquele crime que ocorreu aqui mesmo, meses atrás, nas ruas outrora pacatas do
bairro Viaduto, em Igrejinha, também contra um menino de onze anos? Terá sido esquecido?
Em que momento nos acostumamos com a violência e o sangue das manchetes
misturados ao café com leite matinal?
Nesse
mundo em que o presente repete o passado, lamentamos sempre os mesmos fatos,
compartilhamos sempre da mesma dor e da mesma revolta. Como um pesadelo que
jamais termina.
Até
quando?
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