Eram quatro e meia da tarde de uma terça-feira
modorrenta, quando pousou na mesa de
Oscar um bilhetinho, escrito em um pedaço rosa de papel.
Dizia apenas: “Me
Liga...”.
E
um número de celular.
Nada mais. A não ser... que o bilhete estava
perfumado. Levemente respingado por gotas de um perfume suave que havia borrado
um pouco nas bordas a tinta da caneta.
Oscar olhou para os lados. Seria alguma brincadeira de mau gosto? Havia tantas pessoas naquela
empresa, todos sempre tão atarefados, todos passando de um lado para o outro...
Poderia ter sido qualquer um, até o sem graça do César.
Mas e o perfume?
Algo assim tão sutil só poderia vir da cabeça de uma mulher. Os homens são
óbvios demais nas lides da conquista.
Decidiu: iria ligar. A vida pode ser generosa, por que
não? E se fosse a Marina? Ela já vivia curtindo as suas publicações, elogiando
o seu trabalho... Hein? Por que não? Procurou a moça com o olhar, mas não a
encontrou. Ela era a mais jovem, mais
bela, e mais desejada da empresa. Certo dia Oscar havia comentado:
-
Eu acho que ela me olha diferente...
E os amigos riram, deixando-o constrangido. Tudo
porque a moça estava no auge dos vinte anos, e o pobre Oscar beirando os
inexoráveis quarenta.
Não importava. Iria ligar e pronto. Contou com
ansiedade os minutos que faltavam para o fim do expediente, foi apressado para
casa, quase atropelou uma criança no
caminho. Sentia–se jovem novamente... Era ela, ele tinha certeza!
Antes de ligar, Oscar realizou um ritual. Banhou-se
com sofreguidão, fez a barba, e até tirou com uma pinça alguns fios
desnecessários da sobrancelha. Saiu
cantando do banheiro. Pegou o telefone sem pensar duas vezes e digitou os
números que estavam no bilhete.
Com
o coração aos pulos, ele ouviu o telefone chamar uma, duas vezes, até que...
-Alô?
E Oscar, atônito, ficou sem fala por um instante.
Ele
sabia! A voz era inconfundível. A disputada Marina!
Era
ela!
CONTINUA AMANHÃ...
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