Não
bebi muito na primeira festa em que fui; nem precisava.
Eu tinha de 13 para 14 anos, e mesmo sem beber tanto assim, acabei ficando
bêbado. Pensando bem, bêbado é uma palavra forte, porque remete à pessoas
dormindo nas calçadas com uma garrafa ao lado. Então digamos que eu acabei ficando... alegre.
E quando já estava meio enjoado, fui para a sacada
do lugar, para tomar um ar. Um outro cara,
que também estava “alegre” chegou por ali, e ficamos amigos.
Aliás,
é incrível como é mais fácil fazer amizades quando se está assim, alegre.
Aconteceu o seguinte: o meu novo amigo havia perdido
a sua comanda, e estava muito desanimado, porque quem não a apresentasse na saída
teria de pagar uma multa de R$ 250. Depois de ouvir o seu drama, não hesitei:
- Toma a minha
– ofereci.
- Pô
– me disse ele – Valeu.
E
a aceitou, sorridente.
Para minha sorte, ele encontrou a comanda que
estava perdida dois minutos depois, no próprio bolso. O que me salvou de uma burrada histórica.
Essa
história ilustra, ainda que com ações
toscas, o que o álcool faz. Nos torna espontâneos, desmedidos. Eu tive
vontade de ajudar alguém que estava sem comanda, então ajudei. Com o álcool o racional deixa de existir;
perde toda sua força. Resta só a vontade, o instinto.
E um homem não pode ser só instinto, porque acaba se
prejudicando, como eu quase me prejudiquei.
Nessa mesma lógica, o Romário, que é um deputado, um representante legítimo
da nação, não pode ofender o técnico da Seleção Brasileira através de suas
redes sociais, ainda mais usando palavras grosseiras, como aconteceu nesta
semana.
Não só porque é feio, mas porque é desmedido. É instintivo. E quem age só
através do instinto acaba prejudicando a si mesmo muito mais do que ao alvo da
crítica.
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