O anel posto sobre a mesa, entre os dois, exigia uma
resposta.
E agora?
Fernanda gostava de João, claro que sim, mas...casamento? Casamento
era um passo muito grande, significava transformar duas vidas em uma só. O
namoro no início era um misto de contentamento e irresponsabilidade, mas há
muito aquele relacionamento já havia perdido a cor, e só agora, com um anel
reluzindo à sua frente, ela se dava conta disso.
Sentiu falta dos tempos em que a vida era mais simples. Dos
beijos roubados no corredor, do filme que passava esquecido na televisão
enquanto eles transavam no chão da sala, das primeiras carícias, de dividir
aquele pão de queijo, da voz rouca que sussurrava sempre alguma bobagem
engraçada, do perfume que ficava na gola da camisa, de ler o mesmo livro que João
estava lendo, de não conseguir comprar uma roupa sem antes pensar, “o que será
que o ele vai achar?”.
E naquele dia em que Fernanda sentiu falta de todas essas
coisas, no dia em que sentiu falta de quando seu coração acelerava com a
simples lembrança de uma cara de sono mal barbeada, no mesmíssimo dia em que
foi pedida em casamento; Fernanda recusou o pedido.
Foi para casa e deitou abraçada em um travesseiro qualquer.
Esperou que as lágrimas sem sofrimento viessem, mas elas não
vieram; e Fernanda censurou-se por isso. E assim, sentindo-se fria e ao mesmo
tempo tão calma, tomou um banho e saiu de novo para a rua.
Saiu para um novo dia.
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