No jantar daquela noite comeu-se pouco, falou-se menos ainda. Ana sentia-se culpada na presença da irmã e não conseguia encarar o cunhado. Paulo tentava transparecer uma naturalidade que não sentia, sentindo-se cada vez mais ansioso pela leitura do testamento conforme os minutos iam passando.
Flávia tinha pena da irmã, não sabia como aquela situação iria ser resolvida. Não entendia o porquê de Ana estar tão confusa e evitar qualquer conversa com ela.
- O advogado do seu Aníbal ligou. Ele chega amanhã às oito e meia – disse Matilde, largando com raiva uma travessa de carne em frente ao prato de Paulo.
Preciso demitir essa empregada – refletiu Paulo, que sempre a detestara.
Ana não agüentava mais aquela situação. Sabia que não poderia adiar. Sentia-se nauseada com tudo aquilo, não tinha apetite, não pensava em mais nada.
Não vou mais adiar isso, concluiu. E dirigindo-se para a irmã:
- Flávia, eu preciso conversar a sós contigo. Pode ser?
- Claro, Ana. Depois do jantar a gente conversa – respondeu.
-Não! – havia aflição em sua voz – Tem que ser agora.
Paulo lançou um olhar aflito na direção de Ana. O que iria acontecer agora?
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