Já passavam das duas da tarde quando Ana acordou, sentindo-se leve com uma borboleta. Nas poucas experiências sexuais que tivera, jamais havia sentido as sensações que experimentara naquele dia. Com o homem da sua vida.
Mas que também era o marido de sua irmã.
O sentimento de culpa abatia Ana, confundindo-se com a felicidade de quem alcança algo há muito desejado. Não deveria ter feito o que fizera com Flávia. Tinha ímpetos de jogar-se aos pés da irmã e dizer como ela tinha sido estúpida, egoísta, vagabunda.
Mas também lembrava-se das palavras de Paulo. Palavras sussurradas no ouvido de Ana, ditas de um modo que era impossível não acreditar. Paulo jurara-lhe amor. Amor! Dissera que não sentia mais nada por Flávia, que estava com ela apenas para ajudá-la naquele momento difícil, e que depois os dois, Ana e Paulo, poderiam viver juntos, felizes, felizes, felizes...
Ana apertou com força o travesseiro contra o peito, sentindo que algo inflava dentro dela com aquelas promessas de futuro bom.
Instantes depois, ela voltou a se sentir culpada, mas essa também foi uma sensação passageira.
No quarto contíguo, Paulo observava Flávia enquanto ela dormia, contemplando-a como se fosse uma estátua. Fosse ele menos ambicioso, poderia viver muito feliz com a esposa. Flávia tinha 25 anos, era inteligente e tinha senso de humor. Sem falar nas qualidades físicas. O olhar de Paulo subiu dos pés delicados da esposa para o tornozelo fino, seguindo pelo doce relevo das panturrilhas, as coxas firmes e a mesmo tempo macias, esbarrando em um leve pijama de seda que revelava o sulco apetitoso das nádegas.
Paulo decidiu desperta-la com um beijo demorado.
-Hnnn. Que horas são? – perguntou, sentindo a boca amarga.
- Quase duas e meia, mocinha – respondeu Paulo – Que tal tomarmos alguma coisa antes de almoçar?
- Tomar o quê? – perguntou Flávia, ainda zonza de sono.
-Hmmm. Eu estava pensando... Que tal tomarmos um banho de banheira?
Fávia olhou para o marido, séria.
- Não sei como você tem cabeça pra pensar nessas coisas. Espera eu me vestir que a gente desce.
Paulo sorriu. Na verdade, sua cabeça estava voltada para a leitura do testamento, que seria feita no dia seguinte.
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