O plano era simples. Paulo já sabia a algum tempo da paixão que Ana nutria por ele. Não seria difícil convencer uma adolescente boba e apaixonada como ela a passar-lhe sua parte da herança. Paulo faria promessas, ele sabia exatamente como fazê-la acreditar no que ele iria lhe dizer.
Com Flávia tudo seria ainda mais fácil. Ele era seu marido, e ela detestava o mundo dos negócios. Seria muito simples fazer com que ela passasse para suas mãos o controle de sua parte na Alimentos Valentin.
- O que o Rodolfo queria? – perguntou Flávia, surgindo novamente ao lado do marido.
-Ele está desorientado, amor. Você sabe, ele era o médico de confiança do seu pai, é natural que se sinta assim.
Flávia achou a história no mínimo estranha, mas não quis questionar. Sentia-se fraca com aquela situação toda. Tinha tantas coisas a resolver, mas sabia que acabaria deixando tudo para o dia seguinte.
-Eu preciso de calmantes e cama, Paulo. Mas preciso tanto falar com a Ana. Ai, Paulo, como eu estou fraca!
- Tudo bem, amor – disse Paulo aliciante, com a voz macia – Eu converso com a sua irmã. Nós sempre nos demos tão bem.
E deu-lhe um beijo na testa, fazendo-a sentir como se tivesse casado com o melhor homem do mundo.
A mente de Paulo fervilhava.
Flávia já dormia a sono solto há quase meia hora, mas ele continuava imóvel em frente a porta do quarto de Ana.
Era fundamental para o plano que ele entrasse no momento certo.
Então, primeiro em um ruído distante e depois com mais clareza, Paulo teve a certeza que Ana havia ligado o chuveiro.
Instantes depois, ele girou a maçaneta e entrou no quarto na ponta dos pés.
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