segunda-feira, 23 de abril de 2012

O humor no Brasil


Leio estarrecido em algum site da internet que ontem durante o programa Pânico, da Band, uma das “panicats” raspou a cabeça ao vivo. Nada contra o Pânico, eu até acho algumas coisas engraçadas, mas...

Algumas coisas são muito absurdas na televisão brasileira. Isso ocorre quando os índices de audiência falam mais alto do que qualquer ideologia, quando o dinheiro se torna tão prioridade que o SER fica em segundo plano, bem depois do TER.

Raspar a cabeça não é engraçado. Não é humor. É apelação. Os humoristas de verdade do Brasil são processados. Processados por fazer piada, por mais paradoxal que seja. Esse é o retrato do humor no nosso país. Os bons recebem menos espaço do que os apelativos.

Com tanto humorista de qualidade despontando, a Globo exibe Zorra Total. Talvez alguém ache graça daquilo, já que tem gente que acha engraçado ver alguém raspando a cabeça.

Um humorista de stand up, por exemplo, vai provocar, ironizar, usar de metáforas, enfim, vai exigir do seu espectador muito mais do que o feijão-com-arroz da Zorra Total ou do Pânico. É isso que limita o humor no Brasil. O brasileiro não gosta de pensar. Quer tudo mastigadinho. É para o mastigadinho que vai a grande audiência. O meu medo é pensar que não há limites para a apelação. Ninguém sabe a que ponto vamos chegar. Só podemos imaginar...

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O que vem depois do último suspiro

Não é a toa que a maioria das crenças e religiões prega a imortalidade da alma. Para quase todas as pessoas, a morte física não é o fim de tudo. Mais do que uma simples aceitação religiosa, essa é uma crença necessária.

Pense em uma lei qualquer, por exemplo. Por que ela é cumprida? Porque há uma multa ou uma punição maior para quem desobedecê-la. Por que devido a uma crença religiosa muitas pessoas deixam para fazer sexo depois do casamento? Porque acreditam que serão recompensadas futuramente, seja com um matrimônio feliz ou com um lugarzinho no Céu.

A lógica é simples: tudo o que fazemos é baseado nas conseqüências. Seja por medo da punição ou pela expectativa da recompensa vindoura, há muito pouco sem segundas intenções debaixo do Sol.

É essa a conclusão que nos faz retomar a questão inicial. PRECISAMOS acreditar que há algum tipo de existência depois da Morte, caso contrário seríamos seres eternamente desmotivados sobre a face da Terra. Pior do que isso, seríamos um povo sem lei, seria o Caos.

Por que eu iria cumprir regras se eu não acredito na tal Vida Eterna? Para quem? Foda-se, eu vou morrer e apodrecer um dia mesmo. Todo mundo vai. Eu não preciso conquistar nada, nem chegar a lugar algum. Eu não preciso respeitar ninguém. Eu faço o que eu quiser porque daqui a alguns anos eu não vou mais existir e nem vão mais existir aqueles que me criticam.

Por isso acreditamos na vida depois da Morte.  Para dar alguma legitimidade aquilo que fazemos e conquistamos. Mesmo que seja presunçoso acreditar que somente nós sejamos os contemplados a ter uma alma capaz de viver para sempre; mesmo que o natural seja fazer parte de um grande ciclo, como todo o resto, e aceitar que podemos simplesmente “acabar um dia”, as pessoas precisam crer que são imortais.

Por isso podem até existir ateus, mas nunca descrentes. Você não pode viver sem acreditar em alguma coisa. Basta escolher pelo que vale a pena morrer acreditando.