quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O amigo de verdade

Tem uma frase que diz que é nas horas difíceis que sabemos quem é mesmo nosso amigo, mas eu não acredito muito nisso. O cara ta lá, sofrendo, precisando de alguém para conversar e você vai, dá um pouco de atenção e pronto, é o suficiente.
Mas isso não é suficiente.
O amigo de verdade você conhece no cotidiano, nas coisas pequenas de cada dia. O amigo de verdade é um cara que te respeita, que se interessa pela tua vida. É alguém que, como eu disse no discurso de formatura, está ali para compartilhar tudo e fazer com que momentos simples se transformem em algo muito maior neste mundo fodido de coisas ótimas e de coisas péssimas.
Não compartilhar sentimentos, porque isso também é fácil. Qualquer guria divide seus sentimentos com outra e quando vai cada uma para o seu lado, elas se chamam de falsas. Falar sobre sentimentos é tão fácil que tem gente que faz isso com psicólogos, completos desconhecidos.
O amigo de verdade é muito mais do que isso. O amigo de verdade nunca vai ser grosseiro, mesmo nos dias em que você der patada em todo mundo. Um amigo entende quando você desmarca em cima da hora ou quando liga em cima da hora para marcar uma caminhada ou pra tomar refri na frente da Modasul. O amigo de verdade é um cara que se preocupa com as suas coisas, que te tira na tua frente por qualquer bobagem e que fica pirado quando alguém te tira pelas costas.
Esse é o amigo, o amigo de verdade.
É Mano, hoje que é um dia tão importante, afinal só se faz 18 anos uma vez na vida, e eu nem quero te dar parabéns. Quero só agradecer. Agradecer por todo esse tempo em que “tu foi” um amigo de verdade e acima disso, um irmão que eu escolhi. Para sempre.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Querido Papai Noel

Eu sei que não é comum o senhor receber uma carta de alguém como eu e que árvores não costumam escrever - muito menos lhe endereçar cartas – mas vivemos tempos em que todo mundo compra a história de vampiros que brilham no Sol, o que significa que tudo é permitido.

Aliás, é justamente por isso que estou lhe escrevendo, Papai Noel. Está tudo muito permitido. Fiquei chocada com a discussão do Código Florestal, por exemplo. Os produtores alegam que precisam desmatar para sobreviver. Tão justo quanto um matador profissional defendendo suas atividades assassinas.

Mas não. Nós jamais seremos tratadas como seres humanos, porque os seres humanos acreditam MESMO que tudo o que está a sua volta está ali para servi-los. Nós purificamos o ar, damos madeira, mantemos a ordem na cadeia alimentar e nos ecossistemas, tudo apenas para servir ao ser humano.

Eles esquecem que nem sempre foi assim. Eu, por exemplo, cheguei aqui primeiro, há uns 460 milhões de anos. Era tudo muito calmo, um sossego que era uma beleza. Surgiram os índios, claro, mas eles até que nos respeitavam. Uns dias atrás é que os brancos chegaram. Uns porcos, todos eles, só queriam saber de comer as índias e levar o Pau-Brasil e o ouro para o outro lado das águas.

De uns tempos pra cá é que virou bagunça, Papai Noel. O ser humano está cada vez mais ganancioso e transforma tudo em moeda de troca. Destrói a natureza, sua própria casa, como um drogado vendendo seus móveis para consumir mais. Será que é isso, Papai Noel? Será que o dinheiro é uma droga que aniquila mais do que o crack?

Eu não sei mesmo, Papai Noel, e olha que tenho tantas dúvidas... Não dá para pensar muito, porque aqui tem cada vez mais gás carbônico e menos colegas para me ajudarem. Mas neste ano eu que nunca peço nada, resolvi pedir.

Querido Papai Noel, neste Natal eu gostaria muito de que os seres humanos parassem um pouco para pensar. Só um pouco. Que se dessem conta do que estão fazendo com a gente. Que decidissem parar um pouco. Só um pouco. Não digo que vou gostar deles Papai Noel, mas acredite em mim, eles precisam mais de nós do que nós deles.


Uma Árvore.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O futebol do toque-toque

  Na transmissão da Gaúcha de ontem do jogo entre Santos e Barcelona, o Nando Gross defendeu o estilo de jogo dos espanhóis e disse que o brasileiro precisa mudar a cultura de futebol objetivista. Segundo ele, no Brasil as torcidas pedem que o time jogue sempre pra frente, mesmo quando está vencendo, em vez de priorizar a posse e o toque de bola.

 Eu, que nem sou tão defensor assim do objetivismo, espero que esse estilo do Barcelona demore muito para chegar aqui. Um jogo com muito toque de bola é acima de tudo, um jogo chato. Por isso que as transmissões de futsal não são populares.

 Você pode dizer que o jogo do Barcelona não é nem um pouco chato, mas com Messi, Villa, Xavi, Iniesta, todos jogando juntos, bom, aí é sacanagem. O certo é que a maioria das equipes não tem cacife para montar constelações assim.

 Precisamos nos mobilizar. Já nos enfiaram goela a baixo o campeonato de pontos corridos. Toque de bola e jogo chato já é demais.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Túnel do tempo – Tradição alemã é debatida em Igrejinha

Publicado na coluna Papo Cabeça, Jornal Integração Paranhana (13/12/2011)

Fonte: Jornal Folha da Tarde (07/02/1970).

Resumo da notícia: Os quatro dias de festa do Kerb que agitam Igrejinha anualmente durante o mês de janeiro não são o suficiente para cultivar as origens e tradições do povo que colonizou a região do Vale do Paranhana. Esta é a opinião do professor Gustavo Adolfo Koetz, que afirmou que “a música moderna mata o nosso verdadeiro kerb”. O prefeito de Igrejinha, Hugo Sperb, concorda com o professor e destaca que “esses mais antigos, como o professor Koetz, podem dizer o que era o verdadeiro kerb. A juventude não sabe mais. Ela está na onda do iê-iê-iê”, concluiu.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Quem manda por aqui

Há pouco menos de 14 bilhões de anos tudo no universo era praticamente nada. Então, toda aquela energia concentrada eplodiu. Era o Big Bang. As coisas estavam começando.

Depois de 9 bilhões de anos, surgiu o Sol, há uns quatro bilhões e 600 milhões de anos. Pelas estimativas dos cientistas, o Sol continuará ardendo por mais cinco bilhões e 400 milhões de anos.

Depois de alguns milhões de anos,a Terra surgiu de um daqueles pedaços de estrela que andavam pelo espaço. O planeta todo era uma bola de fogo e lava borbulhante, por isso a água não se condensava. Permanecia na atmosfera, em forma de nuvens de vapor.

Depois de uns 500 milhões de anos a Terra esfriou começou a chover durante MILHÕES de anos. Tempestades violentas, elétricas, paredes d’água desabando e formando, enfim, os oceanos. Ao mesmo tempo, as placas de terra recém-constituídas se moviam.

Por essa época, raios desabavam nos jovens oceanos. As descargas elétricas causaram uma reação inesperada: deram origem às primeiras formas de vida. Não faz muito, os cientistas identificaram um fóssil de bactéria com 3,5 bilhões de anos.

Depois de mais bilhões de anos elas fermentaram e se reproduziram, até que, deste processo, surgiram as plantas pioneiras. O mundo vegetal é jovem: tem 460 milhões de anos.

Depois de 250 milhões de anos, o mundo inteiro estava coberto de samambaias gigantes, maiores do que árvores, impossíveis de se acomodar em um vaso na sala. Mais ou menos por esse tempo, os animais marinhos deram um jeito de subir à terra firme.

Os répteis evoluíram tanto que se transformaram nos dinossauros e tomaram conta do mundo. Mas há 65 milhões de anos um meteoro de 200 quilômetros de largura caiu no México, tirou a Terra do eixo e os dinos se extinguiram. A essa altura, Pangeia, que era o único bloco de terra do planeta, já havia se rompido.

O primeiro hominídeo foi dar as caras no planeta há 4,5 milhões de anos. O homo erectus há 1,8 milhões de anos. E a nossa atual forma humana, o homo sapiens, há 150 mil anos. Destes, 140 mil anos foram de caça, coleta e nomadismo. A Civilização existe há 10 mil anos, nada mais. O Brasil há 510. Igrejinha há menos de 50.

Por isso, é louvável o trabalho dos ambientalistas e é reprovável o que temos feito com o meio ambiente, mas por mais que os ambientalistas preservem, eles podem prolongar a vida útil do planeta por algumas centenas de anos, com sorte milhares. O que é pouco. Quem manda, quem decide, é a natureza. E ela não gosta que nada dure pra sempre. Muito menos o ser humano.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Você pode ser

"Você pode ser um pouco irresponsável de vez em quando. Pode ser um pouco incoerente, um pouco vadio. Seja condescendente com você mesmo. Perdoe-se. Não se leve tão a sério. Lembrese: a levedura que fermenta a imaginação é a irresponsabilidade. Quem vive com os pés fincados no mundo real, quem cumpre suas obrigações, quem é sério e faz com que a sociedade funcione não tem tempo para sonhar. Nunca será ridículo, verdade, mas nunca será genial. A criatividade, a imaginação, a genialidade são coisas de irresponsáveis".

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Eu sou brasileiro, sim!

  O bairrismo exagerado gera preconceito com quem é de fora, gera xenofobia, eu sei. Mas eu não vou falar de nada exagerado aqui. Vou falar sobre sentir orgulho do chão em que você nasceu. Sobre sentir orgulho em dizer de onde você vem. Sobre como é bonito quando as torcidas de Grêmio e Inter cantam no estádio "Ah, eu sou gaúcho!"

 Porque com o Brasil é diferente. Parece que deve ser feio ser brasileiro. Se você gostar do que é daqui, é porque é um alienado sem cultura. O primeiro-ministro cai na Itália com várias denúncias, mas lá é primeiro mundo. Aqui é que é o reino da corrupção.

Os países têm dificuldades para se organizar para as competições esportivas, mas vergonha mesmo é essa organização do Brasil para 2014. Só aqui existem impostos, corrupção, criminalidade, filas em hospitais. No resto do mundo tudo deve ser perfeito. O Brasil é que é o pior lugar do mundo, só tem samba e putaria, por isso deve ser tão feio ser brasileiro.

 Eu tô cansado de ser atulhado por tanta repetição. O brasileiro não tem cultura, dizem. Ah é? A cultura norte americana, endeusada por tantos, não tem as mesmas limitações que a nossa? Por acaso os filmes de Hollywood não são todos uma repetição uns dos outros, cheios de clichês? Aí é que está. Há um material mais caro por trás do que os OUTROS produzem.

O duplo sentido daqui não tem o status de uma Katy Perry, mas no fim dá tudo na mesma. O material externo é mais caro, mas no interno não muda muita coisa. Em uma de suas músicas, a norte-americana que todos acham ótima canta:

"Come on baby let me seewhat you're hiding underneathI wanna see your peacock, cock, cock..."
 Peacock" é literalmente "pavão", mas na música a palavra ganha outra conotação. Também são assim os clipes deles, tão cultos os americanos movidos a fast-food. Eu não quero diminuir nenhuma cultura, que fique claro. Mas então, paremos de diminuir a nossa, que, no final das contas, passa pelas mesmas influências  dos EUA, da Europa e de qualquer país do primeiro mundo. Porque hoje, o mundo é um só.

 E hoje, só hoje, eu prometo não me importar com o que vão pensar de mim. Eu prometo não ter vergonha. Eu prometo terminar este texto dizendo que eu sinto sim orgulho de ser brasileiro.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Política começa a esquentar em Igrejinha

  Os bastidores dão conta de que teremos no próximo ano a disputa mais acirrada ao cargo máximo da Administração Municipal de toda a história de Igrejinha. Quatro pré-candidatos já existem e talvez o PT componha a quinta chapa, mas o número de candidatos não é o principal fator que esquenta as chamas da política local.

 O PTB e o PMDB travarão uma disputa particular e épica. Coligados por mais de dez anos, separam-se em uma ruptura que deixou mágoas em ambos os lados. Já pipocam no Facebook pequenas discussões entre membros dos dois partidos, isso quando ainda faltam 10 meses para as eleições.

 E é nessas hora que a civilidade e o respeito precisam falar mais alto do que as disputas. Porque quando a política é feita com insultos, como por vezes tem ocorrido em Igrejinha, quando se discutem reputações em vez de ideias, quando as pessoas são agredidas em qualquer âmbito e por qualquer motivo, quem perde somos todos nós.

Porque a política e as ideias importam, mas não tanto. O que importa mesmo são as pessoas e é para o bem comum de todas elas que deve existir a política.

Como foi o Grenal

 Dito e feito. O Grenal de ontem foi o menos imprevisível dos últimos tempos. O Inter queria jogar, ir pra cima, fazer gol. O Grêmio queria que tudo ficasse como estava, desconfio que se pudesse sequer teria entrado em campo. Um time ruim pode até ganhar um clássico, mas jamais um time desmotivado. 

 Por isso o Inter venceu. Porque quis vencer.

 A motivação do Grêmio era apenas da torcida, nunca dos jogadores. Melhor para o Inter, que tem raça, tem talento e com méritos irá disputar a Libertadores pelo terceiro ano consecutivo.

 Fica para o tricolor a esperança de que 2012 seja um ano melhor planejado e sem tantos erros. 

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Como deve ser o Grenal

  Nós, gaúchos inteligentes que somos, não nos deixamos levar pelos favoritismos que a mídia apronta. Nós sabemos que um Grenal não tem favorito, pelo simples fato de que...é um Grenal. Mas esse clássico do próximo domingo é tão diferente de qualquer outro que quase dá para se apostar em um resultado.

 O Grêmio encerra melancolicamente um ano em que quase nada deu certo. Vem jogando mal. O técnico já avisou que está de saída. Os únicos motivados são os torcedores, que estão babando para tirar do Inter a chance de ir para a Libertadores. O problema é que o jogo é  no Beira Rio, longe da torcida tricolor.

 Já vi times inferiores tecnicamente vencerem o Grenal, já vi favoritos caírem do cavalo, mas nunca vi uma equipe desmotivada vencendo um jogo desses. Por isso aposto no Inter. O Inter terá a faca, o queijo, a motivação, o estádio lotado. Pode dar Grêmio? Só porque é Grenal, pode. Mas isso só acontecerá se o Inter deixar.

Não seriam os primeiros pontos óbvios perdidos pelo colorado no campeonato. Vai ser um jogaço em uma tarde de muitos jogaços.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O terror de Luzia

Luzia entrou silenciosamente na sala, andando na ponta dos pés. Havia muito que estava decidida a fazer o que faria, mas naquele instante seu corpo inteiro tremia. No momento em que colocou o pé delicado no primeiro degrau do lance de escadas pensou em desistir, em recuar, mas como se fossem independentes, suas pernas ignoravam esses pensamentos pusilânimes.

Um leve ranger de madeira na forma de um estalo sucedeu seus primeiros passos na escada, em ruídos quase imperceptíveis. Imperceptíveis para quem estava ocupado em fazer coisas melhores e mais importantes, concluiu Luzia com raiva.

Havia decidido que aquele seria o dia do basta. Fazia dois meses que havia descoberto as infidelidades do marido, e a forma como a traição acontecia lhe doía mais do que o ato em si. Todas as quartas-feiras, no início da manhã, o quarto do casal se transformava na alcova de sexo entre Marcos e amante.

A pior parte da descoberta de Luzia fora descobrir que a amante de Marcos era Ana, sua melhor amiga. A traição dupla a fizera sentir-se desamparada no primeiro instante, apunhalada pelas duas pessoas em quem mais confiava. No entanto, esse sentimento foi rapidamente substituído por um frio desejo de vingança.

Luzia queria pegá-los no flagra. Queria humilhá-los, mostrar aos dois tudo o que o relacionamento adúltero deles tinha de sórdido, vergonhoso e traiçoeiro. Com as batidas do coração ecoando em sua cabeça, chegou ao fim da escada girou a maçaneta da porta de seu quarto, que estava apenas encostada.

A cena que viu a seguir causou um estremecimento em Luzia. De quatro na cama, com o corpo já totalmente despido, Ana tinha a cabeça mergulhada no corpo de Marcos, provavelmente fazendo sexo oral. Luzia já sabia o que poderia ver naquele flagra, mas era como se registrar aquelas cenas impressas em suas retinas tornasse o ato mais real, mais nojento.

Perdendo o que restava de seu sangue frio, Luzia avançou com ódio em direção à cama. Marcos a viu primeiro, num arregalar assustado dos olhos. Ana reagiu mais rapidamente, apanhando as roupas que conseguia e correndo até o corredor, como se pressentisse a presença indesejada da amiga . Não importava. Mais tarde Luzia se entenderia com a falsa amiga.

- DESGRAÇADOS! – bradou Luzia, alcançando com suas longas unhas o rosto do marido e arranhando-lhe a pele. Enquanto a raiva de Luzia aumentava sua força, a surpresa de Marcos parecia torná-lo frágil, fazendo-o capaz apenas de defender-se das investidas do joelho de Luzia contra seu baixo ventre, enquanto as furiosas unhas de Luzia desfiguravam seu rosto.

Quando finalmente conseguiu afastar a mulher com um empurrão, Marcos deu dois passos para trás, sem saber o que fazer ou dizer. Sentiu que havia deixado a grande janela aberta quando seus pés não sentiram mais o chão firme. Antes de desabar, ainda viu a expressão de horror no rosto da esposa e a formação de um grito que jamais saiu.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A oposição cega do CPERS

  Confesso que a baixa adesão dos professores do estado à greve declarada pelo CPERS na semana passada me deixou contente. Não sou contra as graves, inclusive penso que quando o diálogo se torna inacessível entre as partes esse pode ser um recurso muito importante para os funcionários de qualquer empresa ou segmento.

 Mas o que deve ser colocado acima de tudo, sempre, é o bom senso. Ninguém discute a legalidade da greve. Mas, nesse caso, a questão não é legal, é ética. Uma greve do magistério no final de novembro prejudica, e muito, a todos os alunos da rede estadual, principalmente aqueles que estão ansiosos para ingressar no ensino superior no próximo ano.

Então, a lógica dos professores grevistas é uma lógica egoísta. O que importa é a pressão que eles exerçam sobre o governo para que obtenham maior valorização. As conseqüências da forma como isso é feito são secundárias.

Essas são práticas dos mesmos professores que se dizem prejudicados pelo governo do estado. Para pressionarem, prejudicam a terceiros, no caso os alunos, e acabam cometendo o mesmo erro por eles condenado.

Os professores ganham mal e são extremamente desvalorizados, repito isso há tempo. Mas precisam saber como pressionar, como fazer suas vozes serem ouvidas. E isso não se consegue com um sindicato megalomaníaco e tão fechado ao diálogo e ao bom senso como é o CPERS, de oposição cega e inamovível a qualquer proposta do governo. 

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Dica de filme - Infância Roubada

  Tsotsi é o apelido de um jovem revoltado com a vida. Foi a sua infância que determinou  a vida que ele levaria. Hoje, Tsotsi lidera um quarteto que faz assaltos no metrô e bebe na favela.
 
 Porém, ao fugir certo dia de uma briga de bar, o rapaz vai parar na vizinhança endinheirada da cidade. Tenta roubar um carro e acaba atirando na motorista. No banco de trás há um bebê, que Tsotsi leva junto sem perceber.

 Durante o filme, Tsotsi  passa por um grande conflito interior ao tentar cuidar do bebê. Ele passa a nutrir um sentimento especial pela criança, o que fica evidente em alguns trechos, como quando ele diz ser a mãe do garoto. Outro conflito evidenciou-se quando ele teve de escolher entre a vida de seu amigo e a do pai do bebê.

 Com reminiscências de sua infância triste, o filme nos faz refletir. A sociedade é a grande culpada por tudo o que aconteceu. O filme se passa em Johanesburgo, na África do Sul, mas poderia se passar em qualquer lugar do mundo onde o caos e a violência se tornaram comuns.

 Após se desculpar com um de seus desafetos, Tsotsi decide entregar o bebê. Ele abre mão de ficar com o bebê, que já ama, para que ele não tenha também uma infância como a sua e amenizar o sofrimento dos pais. O amor às vezes brota nos lugares mais inesperados...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Sarau Poético da Feevale

Reproduzo aqui um pouco da poesia de Chico Buarque, que declamei na semana passada no Sarau Poético do curso de Letras, no auditório da Feevale.


Pedaço de mim

Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Leva os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus.


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Eu nunca simpatizei com o Neymar

Eu nunca simpatizei com o Neymar. Aquele jeito irresponsável de jogar, aquela marra toda, aquele ar esnobe de quem se sente o dono do mundo. Depois, quando Neymar brigou com o treinador por ser substituído, antipatizei ainda mais. Porque uma pessoa, seja ela quem for, deve saber respeitar quem está acima ou abaixo dela na hierarquia de qualquer empresa, escola, órgão público ou, como no caso, clube de futebol. Mesmo que essa pessoa seja um garoto de 17 anos.

Por isso, me surpreendi ontem com a noticia sobre o desfecho da disputa entre Barcelona e Real Madrid para contratarem o jogador. As equipes faziam ofertas cada vez mais altas, sempre em euro, a despeito da crise que vivem os países da zona do euro. Então, quando ouvi ontem a entrevista do Neymar, me surpreendi. Ele disse:

- Se eu apenas considerasse valores financeiros, não pensaria duas vezes e sairia do Brasil. Mas não é o dinheiro que me move. Por isso, vou ficar no Santos.

Não menos surpresos ficaram os espanhóis. E o mundo todo. É realmente de se admirar. Há poucos dias, um outro jogador, Ronaldinho, recebeu a maior vaia da história do estádio Olímpico, justamente o estádio em que foi revelado ao mundo, justamente no estádio em que ouviu os primeiros aplausos e gritos de incentivo.

Por quê? O que fez Ronaldinho para merecer tal tratamento? Simples: Ronaldinho desrespeitou sua torcida. Agiu de forma leviana, assinando com um clube enquanto dizia amar e fingia negociar com o Grêmio. Mostrou que seus valores são valores financeiros. É a diferença entre o craque e o ídolo. O craque Ronaldinho vai se aposentar e será enxotado para o hall do esquecimento e da fria indiferença. Ídolos como Renato e Felipão sempre serão lembrados. Lembrados por seu talento e, acima de tudo, pelo caráter que têm.

E essa atitude que tomou Neymar, uma atitude de ídolo, agora me faz respeitá-lo. Neymar – quem diria!- mostrou que ainda existe honra nos homens e é desse material que são feitos, mais do que os homens, os heróis.
Eu posso andar de cabeça erguida na terra em que eu nasci. Compra isso com teu dinheiro.

Oficinas literárias – Serão utópicas as primeiras palavras?

“(...) A pessoa que ama não se importa se receberá carinho ou não, mas sim em dar carinho, em compreender o desamor do outro. Ela quer amar o outro, sem se importar se será correspondida. O amor é eterno (...)”.

“(...) O que para mim agora é ruim, talvez depois, bem depois, possa ser aceito como melhor, como aproveitável. Espiral! Imagine idéias em espiral! Dá uma tontura... (...)”.

“(...) As telenovelas me fizeram pensar que eu não me encaixava em nenhum grupo: futebolista, riquinho, pobretão, mocinho ou vilão. Só depois eu descobri que não existem grupos. Quando finalmente parei de assistir telenovela (...)”.

“(...) Do que adianta uma pessoa ser rica, se ela não dá um abraço no seu filho, não sabe ser feliz? De que adianta, se só consegue ser rude, mal humorado, e não sabe apreciar um pôr do sol ou uma simples chuva, que cai tão bela sobre a grama, as flores... (...)”.

“(...) Eu gosto também de escrever como eu me sinto. Muitas vezes, desabafo com uma caneta e um pedaço de papel... (...)”.

“(...) Estou ávida pela vida
Pela vida que me espera
Tenho a pressa dos dias
Que se sucedem vorazes (...)”.

“(...) Eu acredito que é melhor viver um instante de vida do que passar uma eternidade sem poder dizer que encontrou o verdadeiro significado dessa palavra pequenina, tão curiosa e inconstante (...)”.

“(...) Não sei o que escrever neste momento. Estou pensando no que acabei de escrever. Simplesmente não sei o que escrever neste momento (...)”.

♪ Todo dia quando toco meu violão
Sempre penso em você
Mas eu sei que você
Não está nem aí pro meu coração ♫

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Eu não sou mocinho

  As telenovelas mudaram a forma do brasileiro encarar a realidade. É como se a vida fosse dividida em mocinhos ou vilões, certo ou errado, mansão ou favela.

 As telenovelas me assustaram por muito tempo, fazendo-me pensar que eu era um cara estranho. Porque eu não sou mocinho, nunca ajudei um cego a atravessar a rua, os problemas alheios me entediam e eu nunca enfrentei bandido nenhum.

 Mas também não sou vilão. Nunca roubei ninguém, não planejo acabar com relações e muito menos ser temido pelas pessoas.

As telenovelas me fizeram pensar que eu não me encaixava em nenhum grupo: futebolista, riquinho, pobretão, mocinho ou vilão. Só depois eu descobri que não existem grupos. Quando finalmente parei de assistir telenovela.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Nova novela antiga

Leio estupefato a manchete de capa de hoje do Correio do Povo, que diz que 13 questões do Enem 2011 foram anuladas em todo o país. Também estupefato acompanhei pela imprensa, dias atrás, um manifesto de estudantes em Santa Maria, que protestavam contra o Enem e exigiam a permanência do vestibular tradicional.

A minha surpresa se deu pelo fato de que o Enem é infinitamente superior a qualquer outro vestibular, tendo em vista que os vestibulares tradicionais prezam apenas pela decoreba inútil e sem sentido. Mas - e há um mas em tudo - talvez aquele grupo de estudantes que saiu às ruas esteja cansado de tantas falhas, de tantas polêmicas.

O vestibular é uma época conturbada para os adolescentes, que ano após ano têm visto quase sempre a mesma novela se desenrolar nos dias que sucedem ao exame.Portanto, a medida que propõe duas provas de Enem a partir do próximo ano é falha. Nos últimos anos, o governo não conseguiu fazer uma sem que houvessem erros gritantes, porque então haveria de conseguir fazer duas?

Aposto que a medida será derrubada e as questões validadas. Mas segue a novela...

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Lançamento do Projeto Novos Escritores

Na semana que vem começam as oficinas de criação literária do Projeto Novos Escritores, nas quais eu tenho trabalhado com afinco nas últimas semanas, e até sonhado com elas em algumas noites, como se mesmo durante o sono eu precisasse resolver problemas de organização, datas, ofício, divulgação...

Se eu não confessasse o meu nervosismo e a minha expectativa, seria uma omissão muito grande. Eu nunca quis tanto que algo desse certo. E vai dar. Vai dar porque a capacidade de ver algo onde nada existe é uma capacidade de poucos. E eu vejo sim, jovens sedentos por aprendizado, por crescimento.

A letra diz que "o jovem no Brasil nunca é levado a sério". É verdade. Existe um potencial muito grande que não está sendo bem explorado. Os jovens precisam de alguém que aposte neles.

E eu estou apostando. Eu sei que a resposta vai ser positiva. Eu sei que vai dar certo.
Marô Barbieri é uma das escritoras que faz parte do lançamento do projeto

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Contra ou a favor

Nenhum escrito gerou tanta polêmica no Rio Grande do Sul no ano passado quanto o texto "Contra a Copa", escrito por Paulo Santana e publicado na Zero Hora. Naquele momento  de euforia, ser contra a realização da Copa do Mundo no Brasil era algo impensável por mais de 90% da população, que via apenas os ovos de ouro que o evento iria trazer para o país.

Um ano e meio depois, tudo o que Santana escreveu se cumpre. Desvios de dinheiro público, atrasos nas obras, descasso ainda maior nos investimentos destinados à saúde e à educação. É um país que não consegue resolver seus problemas internos gastando bilhões para sediar um evento esportivo internacional.

Tudo terá retorno? Não. Qual o custo da Arena que está sendo construída em Manaus? R$ 300 milhões. Arena, que depois da Copa vai sediar apenas jogos do Campeonato Amazonense, já que nenhum time de lá disputa as primeiras divisões do Campeonato Brasileiro.

Mas por que Manaus? Porque o governo QUER jogos no Amazonas. Imagina a decepção dos turistas se eles descobrirem que a região da Amazônia não é suuuuper valorizada pelos brasileiros.

Quem tem visão não tem medo de nadar contra a corrente para defender suas convicções.  Assim foi Paulo Santana há um ano e meio. Assim foi Steve Jobs, que certa vez contou em uma entrevista  que não encomendava pesquisas de opinião para a sua empresa, que nunca se baseava na opinião da maioria.

Convicção. Essa é a palavra do dia. Não podemos fugir dela.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Depois da festa...

Parece que passou um furacão pelo Parque. Conversei com pessoas que trabalham na festa há vários anos e todos garantiram que nunca houve um público tão expressivo em um domingo quanto este ano. É uma ótima notícia.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Mais dias letivos = menos aprendizado

Todo país do mundo está, neste momento, reformando a educação pública. Há várias razões para isso, entre elas a constatação de que o mundo mudou muito rápido nos últimos anos e a escola não conseguiu acompanhar esse processo.

O problema é que a maioria - entre eles o Brasil - está tentando chegar ao futuro repetindo as mesmas fórmulas do passado. No caminho, estão alienando milhões de crianças que não veem nenhum sentido em ir à escola.

As crianças e adolescentes estão vivendo o momento mais estimulante da história. Eles estão sendo cercadas por informações e vêm tendo sua atenção requisitada por todo tipo de plataforma: computadores, iPhones, outdoors, centenas de canais de TV. E são penalizados por não prestarem atenção. Em quê? Em coisas chatas, especialmente a escola, que não entende essa nova condição.

Aumentar as horas-aula ou os dias letivos é uma solução ingênua dos políticos. De acordo com esse raciocínio, para melhorar a educação, os alunos devem ter MAIS aulas e não aulas MELHORES. O que, na prática, não gera o menor resultado.

Um exemplo fácil: da 5ª série até o 3° ano do Ensino Médio os alunos têm  nada menos do que 400 horas de aula de língua inglesa.  Nem as duas escolas de idiomas mais conceituados do país, CCAA e Yázigi, tem tantas horas assim no currículo. No entanto, os alunos saem do ensino médio falando inglês? Com a base da escola, não.

Para uma mudança dar certo, é preciso que ela venha de dentro pra fora, é preciso que o modo de ver a Educação seja alterado. Que tal menos alunos alunos por turma? Que tal valorizar mais e qualificar mais os agentes do processo educacional, que são os professores?

São soluções muito melhores do que simplesmente aumentar o tempo de aula. Decisões estúpidas como essa, que retocedem a Educação do nosso país, só deixarão de acontecer quando as decisões passarem a ser tomadas por pedagogos e estudiosos da área, e não por políticos.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Quando Igrejinha deixa de ser Igrejinha

Durante a Oktoberfest, Igrejinha deixa de ser Igrejinha. É como se também o clima fosse diferente. A cidade respira festa, e esse jeito meio carioca e irresponsável de viver toma conta de todos aos poucos. Quando nos damos conta, estamos leves.

O efeito do chopp ajuda, mas tem algo mais. Tem algo maior por trás disso tudo, e eu acho que sei o que é. Porque pra tudo ser tão bem feito, como é a nossa Oktoberfest, para um desfile ser tão bem organizado, como foi o de ontem, é necessária a doação de cada um dos envolvidos.

Diz-se que há cerca de 3 mil voluntários na festa. Isso é exatamente 10% de toda a população da cidade. E isso é o que nos diferencia, esse é o tempero da festa. O voluntariado. Em nenhum outro evento do país isso existe nessa dimensão, senão aqui. Podem procurar.

Enquanto houver voluntariado, Igrejinha continuará deixando de ser Igrejinha durante alguns dias do ano.
Celebrar é Viver foi o tema do desfile da Oktoberfest neste ano

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Conclusões do Caso Rafinha Bastos

O Caso Rafinha Bastos, que tem causado uma surpreendente e desmedida comoção nacional serve pelo menos para algumas reflexões sociológicas sobre o nosso malfadado Brasil. Li em algum lugar a seguinte frase: “No Brasil os políticos são levados na brincadeira e os humoristas são levados a sério”.

O fato é que o Brasil é mesmo um país estranho. Não passa semana sem que os meios de comunicação divulguem falcatruas no âmbito do poder público, e o máximo que acontece é a troca de um ocupante de cargo por outro, sem punições, sem o ressarcimento dos recursos desviados e sem a garantia de que as irregularidades não voltarão a ocorrer. Diante deste estado de coisas, o povo brasileiro apenas cruza os braços.

As multidões preferem sair às ruas por outras causas, como as passeatas em defesa da maconha, pelos direitos dos homossexuais e dos seguidores de igrejas evangélicas. Pela ética ninguém se manifesta.

Constatar esses fenômenos talvez nos ajude a compreender melhor a nossa natureza e as nossas prioridades. Que, de fato, algumas vezes são muito estranhas.

Segundo especulações, Rafinha não quer ficar e já teria pedido demissão. É justo. O CQC original, o da Argentina (Caiga Quien Caiga) sempre levantou a bandeira da liberdade de expressão, algo que no Brasil nunca é pleno, e essa suspensão de um humorista por fazer uma brincadeira (sic) demonstra isso.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

A opinião de um louco

A nossa sociedade está repleta de loucos. E eu sou deles. Esses loucos – nós – não enxergamos um palmo a frente dos nossos olhos. Pensamos que o mundo ainda tem salvação. Loucos de pedra. Para nos resgatar de nossa incurável loucura, a sociedade também conta com um número crescente de pessoas sãs.

Esses sim têm visão. Sabem quais os melhores cursos, as melhores instituições, quais caminhos devem ser tomados a cada instante. Eles têm a fórmula certa para o sucesso.

Mas eu, que sou louco, discordo. A cada dia mato alguém com minhas convicções de louco. Eu, por exemplo, acho que o sucesso profissional faz parte de um todo muito maior, que é sim muito importante, mas NÃO o mais importante. A prova é que os países com maiores índices de suicídio são justamente os mais desenvolvidos economicamente.

Mato mais outros tantos quando digo que para mim, nem de sucesso profissional eles entendem. Explico. Todos os dias as pessoas aparecem com listas: as profissões que pagam mais, as melhores áreas para se trabalhar, as melhores empresas, índices, números, números. Mas para mim, que sou louco, se qualificar para encontrar um trabalho com o objetivo de ganhar dinheiro é burrice. Quem trabalha para ganhar dinheiro provavelmente não ganhará dinheiro com o trabalho.


 Um teorema simples: ganha dinheiro com o trabalho quem trabalha bem, trabalha bem quem tem prazer com o que faz. Logo, quem tem prazer com o que faz ganha bem. Uma redução, sei, mas é para resumir que servem as reduções.

A realização profissional, se promovida a objetivo de vida, tudo o mais fica subordinado a ela. A pessoa luta por seu crescimento, o resto fica em segundo plano. Os outros ficam em segundo plano. Os valores da pessoa ficam em segundo plano.

Então, se alguém me pedisse um conselho sobre o que fazer da vida, sobre qual a melhor área para se qualificar e trabalhar, eu diria: a SUA área. Dedique-se ao máximo naquilo que você gosta de fazer e o sucesso será apenas uma conseqüência. Até porque, o sucesso pode ser muitas coisas, dependendo de quais forem os valores de cada um.

Pense bem. Talvez hoje seja o dia de se pensar no que um louco tem a dizer.


"A única maneira de se fazer um excelente trabalho é amar o que se faz." Steve Jobs.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ligação Anônima (final)

Naquele dia, Arthur saiu do trabalho mais cedo. Não conseguia se concentrar. Em sua mente, apenas ecoavam as palavras “eu sei de tudo... tudo... tuuudo...”.

Preparou um jantar especial para esperar Rita. Espaguete ao molho branco, o prato favorito da esposa. Não sabia se devia contar ou não para a esposa, não sabia como disfarçar o medo culposo que sentia, não sabia como esquecer aquela ligação. Afinal de contas, fosse quem fosse, o delator não poderia ter provas do que havia acontecido. Ou poderia?

Quando Rita chegou, Arthur sentiu-se como um menino que fizera algo muito errado esperando ser repreendido pela mãe. Apesar dos anos, Rita ainda conservava a beleza dos anos de juventude. Na verdade, Arthur a considerava cada dia mais bela.

-Ué –estranhou a esposa – Que surpresa é esta? Andou aprontando? - perguntou Rita, atirando o casaco sobre o sofá.

-E-eu?- gaguejou Arthur - Meu bem, eu só queria te agradar...

- Estou brincando, bobo! - riu a esposa, dando-lhe um beijo sonoro na bochecha - Vou tomar um banho antes do jantar!

Naquela noite, ao se preparar para dormir, Rita estava intrigada. Arthuer parecera-lhe estranho durante todo o jantar, como se estivesse se sentindo acuado. Na hora de transarem, nem seus repetidos esforços conseguiram fazer com que ele tivesse uma ereção.

- Calma, amor -dissera em seu ouvido. - Você tá muito estressado. Melhor tirar umas férias...
Mas Arthur não respondera. Rita ainda sentia que o marido permanecia acordado ao seu lado quando o celular começou a tocar.

-Quem é que está te ligando a esta hora? - quis saber Arthur.

-Não sei...Número privado. -respondeu Rita, que então atendendeu ao telefone:

-Aloaaa.

Após um breve silêncio, Rita sentiu todos os pêlos de seu corpo se arrepiarem de pânico. A voz do outro lado era ameaçadora e não deixava dúvidas:

- Eu sei de tuuudo...

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ligação anônima (capítulo 1)

- Eu sei de tudo - disse a voz do outro lado da linha.

-Quem está falando!?

-De tuuudo... - repetiu, enfatizando as vogais da última palavra.

E desligou.

Arthur contemplou a tela do computador por três minutos inteiros, quase sem piscar. Alguém sabia. Sabia de tudo. Ele estava perdido.

Mas como a história se espalhara? E tão depressa? Quem havia sido o delator? E com que interesse?

Com os dedos trêmulos, Arthur, chegou a ligar para o número da esposa, apenas para dizer que a amava, mas desistiu. Ele estava nervoso, na certa ela perceberia. Mas que ele a amava, era verdade. Amava-a com todas as suas forças, amava mais do que a si mesmo, seria capaz de dar a vida por Rita, todos sabiam disso, de sua adoração pela esposa, de sua dedicação, de sua...

Mas não. Ele era um covarde. Era isso o que era.

Em quase dez anos de casamento, jamais sequer ousara olhar para outra mulher, trair a sua Ritinha, a mulher de sua vida, jamais havia passado pela cabeça do fidelíssimo Arthur. Até que...

Os amigos do escritório o convenceram a ir na despedida de solteiro de Cléber, um de seus melhores amigos. Arthur foi, ainda que a contragosto. Sabia como eram essas festas.

Como os amigos lhe forçavam a beber, Arthur apenas tomava pequenos goles, fingindo beber mais. Mas ele sempre fora fraco para bebida, e quando começou o show de strip-tease das dançarinas, ele já sentia os efeitos da leve tontura causada pelo álcool.

Arthur achou as mulheres vulgares em um primeiro instante, mas logo seus corpos rijos e cheios de juventude fizeram-no esquecer esse pensamento. Parecia hipnotizado. O que era aquela japonesinha? Minha Nooooooossssa Senhoraa.. E Arthur, ainda hipnotizado, começou a beber de verdade, e entre taças de Jhony Walker e gritos de incentivo dos amigos ao seu redor, esqueceu-se de tudo e acordou horas depois.

Entre a ruiva e a japonesinha.

Nu.

Agora, à luz do dia, elas pareciam-lhe francamente sem sal. Os raios do sol lhes acentuavam imperfeições que haviam ficado depercebidas na noite anterior.

- O que houve? - perguntou com voz fraca, sentindo a boca muito amarga.

- Os seus amigos praticamente empurraram você até aqui - explicou a loirinha, acordando também- Você só falava numa tal de Rita, mas não resistiu, os homens nunca resistem sabe, em geral a cabeça de baixo fala mais alto. Mas depois que terminou foi chato, você começou a chorar como uma criança. Sei lá, eu tava meio bêbada também. Aí nós cochilamos...-finalizou a loira, reprimindo um bocejo.

Era o pior dia da vida de Arthur. Ele traíra a pessoa que mais amava, traíra como um rato imundo, e não sabia como conseguiria um dia se perdoar por tamanha fraqueza. E agora, apenas dois dias depois, aquela ligação. Alguém mais sabia, alguém que não deveria saber.

Alguém sabia de tudo.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Os verdadeiros culpados

Eu abro este texto com o trecho de uma notícia da edição atual do Jornal Integração, que está na página 14 do JI Região:

"Caminhão carregado de cerveja tomba e é saqueado por populares (...) A vontade de beber sem precisar pagar era tamanha que alguns chegavam a andar de chinelos sobre a montanha de cacos de vidros, arriscando sofrer graves ferimentos. Pelo menos um dos aventureiros acabou machucado, quando quase não havia o que levar , o jovem caiu sobre as muitas garrafas quebradas e teve o braço perfurado."

O que fizeram as pessoas que saquearam a carga tombada no dia 16, ali em Taquara, a atitude dessas pessoas representa também o comportamento da maioria da população do nosso país: querer levar vantagem em tudo. Essas pessoas, se elas estivessem em um cargo público de alto escalão, não pensariam duas vezes antes de beneficiarem a si próprias, e só depois pensar no bem comum.

O Brasil já tem os seus vilões bem definidos: os governantes, os chefes, as autoridades. A responsabilidade é toda "Deles". Mas quando toda a estrutura é falha, quando todos os segmentos da sociedade são marcados por corrupção em maior ou menor escala, quando a ética se torna artigo de luxo em uma pessoa, então a culpa não é apenas "deles".

No país inteiro, os caminhões que tombam nas estradas são saqueados pelas comunidades que vivem à beira das rodovias e pelos outros motoristas. É o povo que faz tudo isso. Não são os governantes que estão roubando motoristas acidentados ou invadindo casas, supermercados e depósitos. Não são "Eles". É o brasileiro. O povo. Por sua conta e iniciativa, sem que ninguém ordene ou o obrigue.

O problema é esse, quando os valores da sociedade geram a corrupção. Aí fica difícil de identificá-los, os corruptos, porque eles estão em toda parte. Eles estão no meio de nós.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Castrando gênios

Houve um grande estudo recente sobre pensamento divergente, que é a habilidade de ver várias respostas possíveis para uma mesma questão. Entre crianças entre 3 e 5 anos, 98%  foram consideradas gênios do pensamento divergente. Entre 5 e 8 anos, o número caiu para 32%. De 13 a 15 anos, 10%.
Isso mostra duas coisas:

1) Nós todos temos essa capacidade.

2) Em geral, ela se deteriora. Entre outros motivos, porque as crianças passam dez anos na escola ouvindo que existe apenas uma só resposta certa para cada  pergunta.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O que a Matemática ensina

Hoje aqui na Fundação haviam duas meninas estudando. Pior: estudando matemática. Só de lembrar de uma delas falando em "xis ao quadrado" eu já sinto vertigens. Não tenho nada contra a matemática. Até gosto. Mas gostava de aprender na escola a matemática que eu iria usar no futuro, tipo juros simples e composto e talicoisa.

E isso a gente viu rapidamente na oitava série e só. Eu olhava as professoras falando em "arestas de um poliedro" e pensava "porque eu aprendo isso, meu Deus?" e começava a ficar com o pensamento longe, longe...

Como eu comentei com o Mano no domingo: há um ano nós nos preocupávamos com esses conteúdos, deixávamos de fazer outras coisas para estudar para a prova, arrancávamos os fios de cabelo para decorar fórmulas. Mas hoje, nem lembramos mais como se começa a conta. Mas isso também não faz diferença, porque não nos é exigido (e duvido que algum dia seja) saber nada disso.

O que me faz pensar que nos preocupamos demasiadamente com algumas coisas que, pouco tempo depois, não têm mais importância alguma. É bom ter consciência disso, porque então percebemos que muitas palavras duras na verdade não precisam ser ditas, que muitos gestos de irritação podem sim ser controlados e que, GRAÇAS A DEUS, a gente sempre pode dizer que "um dia vai rir disso tudo", mesmo nos momentos das piores crises.

sábado, 17 de setembro de 2011

Retrô - O mesmo jardim

Esse texto é recente, faz menos de seis meses que eu escrevi.

O velho sorriu ao aproximar-se do velho banco de madeira embaixo da grande figueira. A mesma figueira que fora testemunha de seus namoros da juventude. Há quantos anos? Cinqüenta? O velho não lembra... As lembranças se tornaram difusas há algum tempo... Sim, existe uma cumplicidade entre o velho e a árvore, são antigos conhecidos. É estranho, com o banco não há a mesma relação...O banco velho é apenas um banco velho. Mas foi ali que as primeiras carícias com Rosa aconteceram. O primeiro beijo. Com Rosa tudo fora muito diferente, não havia a mesma malícia de outras namoradas. Com as outras eram beijos sôfregos e mãos ávidas buscando as coxas macias e o sexo úmido, mãos desbravadoras que eram recompensadas depois de muita insistência com um par de seios jamais tocado antes.

Rosa era diferente. Rosa era pra casar, pensava ele sempre, e sempre a paparicava e sempre sonhava com os anos vindouros em que seriam muito felizes, teriam filhos, seriam um só.

Rosa era pra casar. Com esse pensamento, o velho, que então não era velho, mas sim jovem e sonhador como só a juventude consegue ser, com esse pensamento ele trabalhou como um mouro, economizou como um velhote sovina e conseguiu dinheiro. Seria uma vida simples, está certo. Mas seriam felizes. De que lhe importavam os inúmeros problemas financeiros que poderiam surgir num futuro distante, se naquele momento eles poderiam estar juntos, bem e felizes?

Rosa era pra casar. Pois muito bem. Estavam todos de acordo. O pai de Rosa, pouco apegado à filha, parecia feliz em livrar-se da moça. A mãe era só contentamento por imaginar a filha entrando na igreja. Ah, claro Rosa estava de acordo também, queria casar-se, mas sua opinião pesava menos na decisão.
Estava tudo pronto. O velho lembra. Já relembrou muitas vezes, em outras tantas manhãs. Com dificuldade, tenta sentar-se no banco de madeira. Desiste. Estava tudo pronto. Ele lembra da ansiedade em possuir o corpo jovem de Rosa mesclada com o medo de machucá-la. Tão sensual e tão frágil...Estava tudo pronto. Faltavam poucos dias.

Mas não casaram.

Não casaram e tudo poderia ser tão diferente que é impossível imaginar que rumo a vida do velho teria tomado se o casamento tivesse acontecido. Como seriam os caminhos de ambos se Rosa não tivesse caído de cama dois dias antes do casamento. As tias culpavam o nervosismo no início, mas durante dez dias, dez longos e intermináveis dias, Rosa ardeu em febre, delirou, perdeu peso e morreu no décimo primeiro dia, horas depois da chegada de um médico que nada pôde fazer.

- Por que não me chamaram antes? – perguntara o doutor. Ninguém sabia.

Uma lágrima vagarosa e solitária brota nos olhos do velho e rola sem pudor pela face enrugada. O velho não pensa em enxugá-la. Ergue lentamente o olhar que estava fixo no banco.

Ao longe, a cena parece saída de um quadro, pintada a óleo. O velho sorri ao aproximar-se do velho banco de madeira embaixo da grande figueira. É um sorriso feliz, ele sabe. E sabe também, sem saber como, o quanto há de melancolia na felicidade.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Simples como uma lambreta

Quando o Damião quase fez aquele que seria um gol histórico contra a Argentina, um amigo meu cometou: "Olhando o replay parece ser fácil fazer essa jogada". Eu diria mais: e É fácil. Para o Damião, é claro. Porque para quem sabe, tudo é simples.
  
Afinal, a música, o texto, o quadro, a escultura ou o gol são construídos com gestos econômicos, sem muito dispêndio de energia, quase que casualmente.

Mas nem tudo é fácil. Para algumas coisas é preciso mais do que ser talentoso, é preciso, acima de tudo, tempo.

Pobre Tarso Genro, pobre de qualquer pessoa que assuma a cadeira de governador deste nosso defassado Rio Grande. Aqui todos os setores precisam de mais valorização, maiores salários, e todos precisam disso pra ontem.

Mas infelizmente, nem tudo é tão simples quanto fazer um gol depois de dar uma lambreta em um argentino. Não existe varinha de condão ou passe de mágica que faça uma casa tão bagunçada se organizar rapidamente, nem administrador algum que faça milagre.

O que é preciso haver são pessoas com bom senso, dispostas a dialogar e chegar a um acordo que beneficie a todos. Até porque, com baderna não se chega a lugar algum.


Em protesto por melhores salários, PMs causaram tumulto

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O que é democracia?

Ontem eu ouvi da Doutora em História e diretora do Instituto de Ciências Humanas, Letras e Artes da Feevale,  Cristina Ennes da Silva, que o conceito de democracia não é tão amplo como eu imagino. Como eu acho muito bom analisar o que dizem as pessoas inteligentes, porque daí é que saem também as ideias inteligentes, fiquei refletindo sobre o que ela me disse.

Será? Será que tudo o que eu sempre imaginei como sendo democracia na verdade não é nada do que eu imaginava que era? Vamos ver o que diz o dicionário:

De.mo.cra.cia ("demo+kratos") Regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos direta ou indiretamente.

Pois bem. Eu não fui consultado sobre a troca de Campus do meu curso. Eu não elegi ninguém para me representar, por isso também não pude decidir indiretamente. Então a decisão foi institucional. Está errado isso? Não. A Feevale tem autonomia para isso. Mas que fique claro então, que é uma decisão tomada sem se preocupar com o que os alunos pensam. Então, continuo pensando que não é democrática.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Me despedindo


 Estou me despedindo do Jornal Integração e quero deixar registrado o meu orgulho em ter feito parte dessa equipe durante esses nove meses. Com alguns tive mais contato, com outros nem tanto, mas a todos que sempre me apoiaram e puderam contar com o meu apoio, o meu sincero agradecimento.

 Então, deixo um abraço apertado ao nosso editor-chefe Fernando (que tem cara de brabo, mas sempre me tratou muito bem), à colega Lidiani, que deu um toque feminino à Redação, além de ser uma excelente repórter, ao Cláudio e a Iva, que sempre nos deram muita tranqüilidade pra trabalhar (além do pagamento ser pago religiosamente em dia!), ao Vanderlei, que coordena essa equipe toda muito bem, e estendo o abraço a toda a equipe e colaboradores do JIP.

 É sempre mais difícil sair de um emprego em que você se sente bem e faz o que gosta, mas o momento é de sair da zona de conforto e encarar novos desafios. Quanto ao jornal, não há concorrente páreo na região, e tenho certeza que o trabalho árduo que está sendo desenvolvido a mais de 2 anos e meio ainda dará grandes frutos.

 Bueno, sucesso a todos nós. Entremos com trabalho e dedicação, que o resto será conseqüência.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Histórias da Feevale - olhar de cachorro pidão


Na semana passada eu já cheguei na Feevale me martirizando: havia esquecido o dinheiro em casa e bateu aquela fome. Fui até o Tiririca com uma mísera moeda de um real, já sabendo que lá ela não poderia me ajudar muito.

Por fim, comprei uma dessas rapadurinhas de 75 centavos, que são baratinhas e enganam bem o estômago. Olhei para o relógio: 19h15. Sim, dava tempo. Resolvi dar uma folheada no Correio do Povo, e por ali fiquei, e enquanto lia as amenidades da vida, a absolvição da Jaqueline Roriz e a resistência do Kadafi, enquanto eu lia essas coisas leves eu baixei a guarda e também a mão que eu segurava a rapadurinha.

De repente, senti algo molhado e ao mesmo tempo meio áspero na minha mão. Olhei pra baixo e não acreditei: um cachorro desses bem peludões tinha dado uma lambida na minha rapadura, mas uma lambida vigorosa, cheia de saliva. 

Que desgraçado! #$%@#! Tive ímpetos de falar pro tal cachorro umas verdades bem no fuço dele, dizer que a mãe dele é uma baita de uma cadela e dizer-lhe todos os palavrões que me viessem à cabeça, mas me contive, você sabe, os defensores dos animais estão em toda parte, e há boatos de que muitos deles são perigosos.

Quando eu levantei pra colocar a rapadurinha lambida no lixo, o cachorro me olhou com uns olhos que não têm como descrever de outra forma: olhos de cachorro pidão. Eu encarei ele, ainda irritado, e ele continuou com aqueles olhões arregalados, olhos suavemente tristes, olhos de quem já foi muito maltratado.

O olhar dele me desarmou. Me abaixei e dei o que restava da rapadurinha pro cão esfomeado, que só teve um abano de rabo para me agradecer, mas juro que isso tudo conseguiu melhor a minha noite.

Assim é a vida. Às vezes é preciso trocar metade de uma rapadura para que algo tão singelo como a alegria de um cachorro abandonado aconteça. E às vezes vale a pena.

Na Feevale, os cachorros fazem parte da vida acadêmica
 

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Retrô - O mais importante

Este foi escrito pelo degas aqui no dia 26 de abril.

Eu poderia escrever várias páginas sobre a tragédia do último final de semana na Saibreira, mas não há nada que já não tenha sido exaustivamente falado e comentado e repetido e distorcido como essa história.

Porém, eu não posso deixar de falar sobre um pensamento que me ocorreu no cemitério, na hora do sepultamento.

O pessoal da igreja cantava aquela música “Nossa Senhora, me dê a mão...”, outros tantos choravam, e na minha cabeça veio o seguinte: esses corpos dentro dos caixões tinham vida há dois dias, podiam correr, falar gritar, brigar, amar... E agora?

Agora resta a dor de quem ficou e as lembranças. Mortes trágicas me remetem sempre ao mesmo raciocínio: poderia ser qualquer um de nós.

Eu, você, o vizinho.

Eu não me preocupo com um ataque do coração. Isso é algo distante de mim. Mas um raio em uma tempestade, um acidente no trânsito, uma bala perdida que seja...Nada disso está distante de nós.

 Você está dormindo tranquilamente às seis da manhã de um sábado, em uma área que jamais, eu disse JAMAIS foi considerada de risco... E, de repente, tudo desaba.

 Nunca estamos preparados pra perder alguém próximo.

 Estamos menos preparados ainda para assimilar que podemos morrer no momento seguinte. Nós fazemos planos, projeções, nos privamos de tanto coisa, sempre pensando em um futuro que pode nem chegar, e mesmo quando chega, nunca sai conforme o planejado.

Sábia mesmo é a letra de uma música do Charlie Brown Jr. que diz que “podem tirar tudo o que eu tenho, só não podem me tirar as coisas boas que já fiz pra quem eu amo...”. Porque no final de contas é apenas isso que resta. Estudar, guardar dinheiro, adquirir conhecimento, status, bens matérias...tudo isso é importante. Mas nada disso é o mais importante.

O mais importante são os beijos longos de despedida, as palavras carinhosas, os gestos simples, a parceria, o olhar que nada diz, mas tudo compreende. O mais importante é tudo aquilo que deixamos no coração de quem a gente ama.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Piratas campeã!

O título de campeã da nossa equipe foi mais uma vez a justiça sendo feita a quem soube aliar empenho com organização e espírito de equipe. Juntando esses três ingredientes é gol do Brasil, fica muito difícil não vencer assim.

Nessa hora, além de pagar as contas, é claro, é importante reconhecer o trabalho e o empenho de todos que deram o melhor de si para o grupo. E nesses momentos eu lembro do que eu falei pra minha equipe quando a Titãs foi campeã no ano passado: “Vale a pena lutar, vale a pena se esforçar por aquilo que a gente quer, porque quando a gente busca com garra e com honestidade, a gente CONQUISTA!”.

Parabéns, Piratas de Igrejinha!


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Vai ter gincana!

Eu não poderia deixar de usar este espaço para citar a nossa Gincana Municipal, que será realizada a partir de amanhã. Aliás, é bem provável que na próxima postagem eu já possa colocar a equipe vencedora (e tomara que seja a Piratas!).

Eventos como esse são fundamentais para que seja estimulada a disputa sadia entre as equipes e, afinal de contas, é quando os jovens mais exercitam o raciocínio e a lógica de forma espontânea.

Louro José é o mascote da nosse equipe, e creio que trará sorte!
  Então, que nessa gincana todos “rachem a cuca”, mas sem se estressar, que todos busquem a vitória, mas sem trapacear, e principalmente, que todos saibam aliar competição e diversão com respeito.

Assim, os maiores vencedores seremos todos nós.


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Uma história para se orgulhar


Então, há alguns dias, o Movimento da Legalidade completou 50 anos. Eu sei que é muito difícil analisar o tempo atual, porque nele estamos nós, subjetivos e imediatistas que somos, mas eu acho que eram tempos melhores. Ali um povo se levantava contra aquilo que não concordava, ali um povo não temia uma guerra civil pra defender a Constituição, ali havia homens realmente valorosos, porque seus valores eram mais do que valores financeiros.

Três anos depois, a Ditadura conseguiu levar os militares ao poder e então todos conhecem a história. Mas como é bom saber que houve resistência! Como é bom saber que quem tinha ideais não baixou a cabeça, mesmo sendo torturado, perseguido, exilado, ou mesmo sendo morto.

Por isso, neste setembro que hoje se inicia, e que é também o mês Farroupilha, lembremos da nossa história, lembremos do nosso hino, para que daqui pra frente, saibamos honrar quem veio antes de nós e conquistou o que temos hoje.

Porque esta terra tem dono.

“Mas não basta pra ser livre/ ser forte, aguerrido e bravo/ Povo que não tem virtude/ Acaba por ser escravo”. 

Jornais da epoca retravam a situação de quase guerra

Liderados por Brizola, populares garantiam: "O Rio Grande resistirá!"

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Doação de sangue na Rua Coberta

Será um dos atrativos da Semana da Cidadania, que será realizada de 1º a 7 de Setembro em Igrejinha. Participe, seja um doador e ajude a salvar vidas!

Local: Praça Dona Luísa
Data: 1º/09 (quinta-feira)
Horário: das 9 horas ao meio-dia e das 13h30 às 16 horas.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Retrô - A lógica dos grenais


Texto que postei aqui no blog no dia 16/05:

Não foi preciso acompanhar mais do que alguns pares de anos de Gre-Nais renhidos para compreender que há sim uma lógica nesses confrontos.

Diz-se que em Gre-Nal não há favorito.

Há.

O favorito para ganhar um Gre-Nal sempre será a equipe que não estiver sendo apontada pela mídia como favorita. Será a equipe que estiver cheia de problemas internos, que jogar na casa do adversário, que entrar em campo com o descrédito até de sua própria torcida.

Quanto maior o favoritismo de um dos times, maior a sua chance de perder o jogo.

Essa é a lógica dos grenais.

sábado, 27 de agosto de 2011

Charge da semana


                                                O futuro da escola
 

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Brita, a herança maldita


Já que a nossa história recente é sempre muito descuidada pelos estudiosos, vamos relembrar algumas coisas. Durante o governo de Antônio Britto no Rio Grande do Sul, há uns 15 anos, foram criados pólos rodoviários privados, que receberam a concessão de pedágios.

É o que aconteceu aqui com a nossa ERS-115, que ficou de responsabilidade da Brita Rodovias, que tinha SÓ O COMPROMISSO DE MANTER a estrada em boas condições, e que para isso sempre cobrou valores exorbitantes de pedágios.

O que aconteceu agora? A estrada está em frangalhos graças à INCOMPETÊNCIA da concessionária, e acabou sendo interditada, prejudicando toda a região.

Então, o que vai ser feito, incrivelmente, é que a Brita, para cumprir a sua OBRIGAÇÃO de consertar a estrada, vai cobrar a mais por isso. O dinheiro vai sair dos nossos bolsos, seja pagando impostos mais caros ou com abonos do governo para a empresa.

Eu não tenho a menor dúvida de que neste tipo de concessão, muita gente no governo sai ganhando e continua enchendo os bolsos por muito tempo com o nosso suado dinheiro.

 E não são os representantes que participaram da Audiência Pública desta semana, aqueles “coitados”, como muito bem definiu Erni Engelmann.

Parabéns pra vocês. Parabéns aos gênios de como se dar bem as custas dos outros. Parabéns pra corja do ex-governador Antônio Brito, que é o que existe de pior na história recente do Rio Grande. Alías, o homem saiu da vida pública por quê? Será que já enriqueceu o suficiente ou se deu conta de que hoje não seria eleito nem como síndico de um prédio?

Então, gênios, experimentem agora dormir sem a cabeça pesar nem um pouquinho no travesseiro.

Comprem isso com o dinheiro de vocês. 


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Crianças de circo


Ontem à noite eu perguntei pra minha mãe se ela lembrava o que eu queria ser quando tinha 5 anos de idade, mas claro, ela não lembrava: “Ai, Felipe, quanto tu era criança tu quis ser de tudo: médico, soldado, e até político!”

Isso confirma a minha tese de que criança não sabe o que quer, simplesmente porque...é criança. Então, quando aquela menina que se apresentou por essas terras no sábado, quando ela começou a apresentar-se em circo, ela tinha apenas 5 anos de idade, e também não devia saber o que queria da vida.

Hoje, se você perguntar para ela, é possível e até previsível que ela diga que ama a vida circense. Como poderia pensar diferente, se jamais teve outra perspectiva? Agora, o que mais me deixa indignado é saber o quanto isso mee com o algo tão importante na infância: o estudo.

E isso acontece por força da Legislação. A Lei 301/1948 ampara filhos de artistas de circo e militares, para que eles tenham uma vaga garantida em qualquer instituição estadual, mediante a apresentação do certificado de matrícula da escola da última localidade por onde tenham passado.

Olhem esse trecho que eu encontrei na internet:
"Tem lugares que a criança estuda só terça, quarta e quinta, e na sexta o circo vai embora. Eu mesmo terminei o segundo grau assim”, conta Marlon Pires, palhaço do circo Stankowich.

Você não precisa ser nenhum pedagogo para deduzir que estudar a cada semana em um colégio diferente prejudica o aprendizado de qualquer aluno. Ou pior, anula o aprendizado de qualquer aluno.

É assim que são as coisas. Os pais não querem deixar que outra pessoa tome conta de seu filho, mas também não querem sair do circo. O que fazem, então? Levam as crianças junto, e elas que aprendam a amar a arte circense, porque se elas não amarem...bem, elas não tem essa opção.

Já proibiram os animais em circos, mas nas crianças ninguém fala nada. No Brasil é assim. Mais fácil encontrar quem defenda os direitos dos animais do que quem defenda os direitos humanos.