sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Lançamento do Projeto Novos Escritores

Na semana que vem começam as oficinas de criação literária do Projeto Novos Escritores, nas quais eu tenho trabalhado com afinco nas últimas semanas, e até sonhado com elas em algumas noites, como se mesmo durante o sono eu precisasse resolver problemas de organização, datas, ofício, divulgação...

Se eu não confessasse o meu nervosismo e a minha expectativa, seria uma omissão muito grande. Eu nunca quis tanto que algo desse certo. E vai dar. Vai dar porque a capacidade de ver algo onde nada existe é uma capacidade de poucos. E eu vejo sim, jovens sedentos por aprendizado, por crescimento.

A letra diz que "o jovem no Brasil nunca é levado a sério". É verdade. Existe um potencial muito grande que não está sendo bem explorado. Os jovens precisam de alguém que aposte neles.

E eu estou apostando. Eu sei que a resposta vai ser positiva. Eu sei que vai dar certo.
Marô Barbieri é uma das escritoras que faz parte do lançamento do projeto

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Contra ou a favor

Nenhum escrito gerou tanta polêmica no Rio Grande do Sul no ano passado quanto o texto "Contra a Copa", escrito por Paulo Santana e publicado na Zero Hora. Naquele momento  de euforia, ser contra a realização da Copa do Mundo no Brasil era algo impensável por mais de 90% da população, que via apenas os ovos de ouro que o evento iria trazer para o país.

Um ano e meio depois, tudo o que Santana escreveu se cumpre. Desvios de dinheiro público, atrasos nas obras, descasso ainda maior nos investimentos destinados à saúde e à educação. É um país que não consegue resolver seus problemas internos gastando bilhões para sediar um evento esportivo internacional.

Tudo terá retorno? Não. Qual o custo da Arena que está sendo construída em Manaus? R$ 300 milhões. Arena, que depois da Copa vai sediar apenas jogos do Campeonato Amazonense, já que nenhum time de lá disputa as primeiras divisões do Campeonato Brasileiro.

Mas por que Manaus? Porque o governo QUER jogos no Amazonas. Imagina a decepção dos turistas se eles descobrirem que a região da Amazônia não é suuuuper valorizada pelos brasileiros.

Quem tem visão não tem medo de nadar contra a corrente para defender suas convicções.  Assim foi Paulo Santana há um ano e meio. Assim foi Steve Jobs, que certa vez contou em uma entrevista  que não encomendava pesquisas de opinião para a sua empresa, que nunca se baseava na opinião da maioria.

Convicção. Essa é a palavra do dia. Não podemos fugir dela.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Depois da festa...

Parece que passou um furacão pelo Parque. Conversei com pessoas que trabalham na festa há vários anos e todos garantiram que nunca houve um público tão expressivo em um domingo quanto este ano. É uma ótima notícia.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Mais dias letivos = menos aprendizado

Todo país do mundo está, neste momento, reformando a educação pública. Há várias razões para isso, entre elas a constatação de que o mundo mudou muito rápido nos últimos anos e a escola não conseguiu acompanhar esse processo.

O problema é que a maioria - entre eles o Brasil - está tentando chegar ao futuro repetindo as mesmas fórmulas do passado. No caminho, estão alienando milhões de crianças que não veem nenhum sentido em ir à escola.

As crianças e adolescentes estão vivendo o momento mais estimulante da história. Eles estão sendo cercadas por informações e vêm tendo sua atenção requisitada por todo tipo de plataforma: computadores, iPhones, outdoors, centenas de canais de TV. E são penalizados por não prestarem atenção. Em quê? Em coisas chatas, especialmente a escola, que não entende essa nova condição.

Aumentar as horas-aula ou os dias letivos é uma solução ingênua dos políticos. De acordo com esse raciocínio, para melhorar a educação, os alunos devem ter MAIS aulas e não aulas MELHORES. O que, na prática, não gera o menor resultado.

Um exemplo fácil: da 5ª série até o 3° ano do Ensino Médio os alunos têm  nada menos do que 400 horas de aula de língua inglesa.  Nem as duas escolas de idiomas mais conceituados do país, CCAA e Yázigi, tem tantas horas assim no currículo. No entanto, os alunos saem do ensino médio falando inglês? Com a base da escola, não.

Para uma mudança dar certo, é preciso que ela venha de dentro pra fora, é preciso que o modo de ver a Educação seja alterado. Que tal menos alunos alunos por turma? Que tal valorizar mais e qualificar mais os agentes do processo educacional, que são os professores?

São soluções muito melhores do que simplesmente aumentar o tempo de aula. Decisões estúpidas como essa, que retocedem a Educação do nosso país, só deixarão de acontecer quando as decisões passarem a ser tomadas por pedagogos e estudiosos da área, e não por políticos.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Quando Igrejinha deixa de ser Igrejinha

Durante a Oktoberfest, Igrejinha deixa de ser Igrejinha. É como se também o clima fosse diferente. A cidade respira festa, e esse jeito meio carioca e irresponsável de viver toma conta de todos aos poucos. Quando nos damos conta, estamos leves.

O efeito do chopp ajuda, mas tem algo mais. Tem algo maior por trás disso tudo, e eu acho que sei o que é. Porque pra tudo ser tão bem feito, como é a nossa Oktoberfest, para um desfile ser tão bem organizado, como foi o de ontem, é necessária a doação de cada um dos envolvidos.

Diz-se que há cerca de 3 mil voluntários na festa. Isso é exatamente 10% de toda a população da cidade. E isso é o que nos diferencia, esse é o tempero da festa. O voluntariado. Em nenhum outro evento do país isso existe nessa dimensão, senão aqui. Podem procurar.

Enquanto houver voluntariado, Igrejinha continuará deixando de ser Igrejinha durante alguns dias do ano.
Celebrar é Viver foi o tema do desfile da Oktoberfest neste ano

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Conclusões do Caso Rafinha Bastos

O Caso Rafinha Bastos, que tem causado uma surpreendente e desmedida comoção nacional serve pelo menos para algumas reflexões sociológicas sobre o nosso malfadado Brasil. Li em algum lugar a seguinte frase: “No Brasil os políticos são levados na brincadeira e os humoristas são levados a sério”.

O fato é que o Brasil é mesmo um país estranho. Não passa semana sem que os meios de comunicação divulguem falcatruas no âmbito do poder público, e o máximo que acontece é a troca de um ocupante de cargo por outro, sem punições, sem o ressarcimento dos recursos desviados e sem a garantia de que as irregularidades não voltarão a ocorrer. Diante deste estado de coisas, o povo brasileiro apenas cruza os braços.

As multidões preferem sair às ruas por outras causas, como as passeatas em defesa da maconha, pelos direitos dos homossexuais e dos seguidores de igrejas evangélicas. Pela ética ninguém se manifesta.

Constatar esses fenômenos talvez nos ajude a compreender melhor a nossa natureza e as nossas prioridades. Que, de fato, algumas vezes são muito estranhas.

Segundo especulações, Rafinha não quer ficar e já teria pedido demissão. É justo. O CQC original, o da Argentina (Caiga Quien Caiga) sempre levantou a bandeira da liberdade de expressão, algo que no Brasil nunca é pleno, e essa suspensão de um humorista por fazer uma brincadeira (sic) demonstra isso.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

A opinião de um louco

A nossa sociedade está repleta de loucos. E eu sou deles. Esses loucos – nós – não enxergamos um palmo a frente dos nossos olhos. Pensamos que o mundo ainda tem salvação. Loucos de pedra. Para nos resgatar de nossa incurável loucura, a sociedade também conta com um número crescente de pessoas sãs.

Esses sim têm visão. Sabem quais os melhores cursos, as melhores instituições, quais caminhos devem ser tomados a cada instante. Eles têm a fórmula certa para o sucesso.

Mas eu, que sou louco, discordo. A cada dia mato alguém com minhas convicções de louco. Eu, por exemplo, acho que o sucesso profissional faz parte de um todo muito maior, que é sim muito importante, mas NÃO o mais importante. A prova é que os países com maiores índices de suicídio são justamente os mais desenvolvidos economicamente.

Mato mais outros tantos quando digo que para mim, nem de sucesso profissional eles entendem. Explico. Todos os dias as pessoas aparecem com listas: as profissões que pagam mais, as melhores áreas para se trabalhar, as melhores empresas, índices, números, números. Mas para mim, que sou louco, se qualificar para encontrar um trabalho com o objetivo de ganhar dinheiro é burrice. Quem trabalha para ganhar dinheiro provavelmente não ganhará dinheiro com o trabalho.


 Um teorema simples: ganha dinheiro com o trabalho quem trabalha bem, trabalha bem quem tem prazer com o que faz. Logo, quem tem prazer com o que faz ganha bem. Uma redução, sei, mas é para resumir que servem as reduções.

A realização profissional, se promovida a objetivo de vida, tudo o mais fica subordinado a ela. A pessoa luta por seu crescimento, o resto fica em segundo plano. Os outros ficam em segundo plano. Os valores da pessoa ficam em segundo plano.

Então, se alguém me pedisse um conselho sobre o que fazer da vida, sobre qual a melhor área para se qualificar e trabalhar, eu diria: a SUA área. Dedique-se ao máximo naquilo que você gosta de fazer e o sucesso será apenas uma conseqüência. Até porque, o sucesso pode ser muitas coisas, dependendo de quais forem os valores de cada um.

Pense bem. Talvez hoje seja o dia de se pensar no que um louco tem a dizer.


"A única maneira de se fazer um excelente trabalho é amar o que se faz." Steve Jobs.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ligação Anônima (final)

Naquele dia, Arthur saiu do trabalho mais cedo. Não conseguia se concentrar. Em sua mente, apenas ecoavam as palavras “eu sei de tudo... tudo... tuuudo...”.

Preparou um jantar especial para esperar Rita. Espaguete ao molho branco, o prato favorito da esposa. Não sabia se devia contar ou não para a esposa, não sabia como disfarçar o medo culposo que sentia, não sabia como esquecer aquela ligação. Afinal de contas, fosse quem fosse, o delator não poderia ter provas do que havia acontecido. Ou poderia?

Quando Rita chegou, Arthur sentiu-se como um menino que fizera algo muito errado esperando ser repreendido pela mãe. Apesar dos anos, Rita ainda conservava a beleza dos anos de juventude. Na verdade, Arthur a considerava cada dia mais bela.

-Ué –estranhou a esposa – Que surpresa é esta? Andou aprontando? - perguntou Rita, atirando o casaco sobre o sofá.

-E-eu?- gaguejou Arthur - Meu bem, eu só queria te agradar...

- Estou brincando, bobo! - riu a esposa, dando-lhe um beijo sonoro na bochecha - Vou tomar um banho antes do jantar!

Naquela noite, ao se preparar para dormir, Rita estava intrigada. Arthuer parecera-lhe estranho durante todo o jantar, como se estivesse se sentindo acuado. Na hora de transarem, nem seus repetidos esforços conseguiram fazer com que ele tivesse uma ereção.

- Calma, amor -dissera em seu ouvido. - Você tá muito estressado. Melhor tirar umas férias...
Mas Arthur não respondera. Rita ainda sentia que o marido permanecia acordado ao seu lado quando o celular começou a tocar.

-Quem é que está te ligando a esta hora? - quis saber Arthur.

-Não sei...Número privado. -respondeu Rita, que então atendendeu ao telefone:

-Aloaaa.

Após um breve silêncio, Rita sentiu todos os pêlos de seu corpo se arrepiarem de pânico. A voz do outro lado era ameaçadora e não deixava dúvidas:

- Eu sei de tuuudo...