segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Retrô - O assunto da semana

 O casamento real será assistido por duas 2 bilhões de pessoas amanhã em todo o mundo. O assunto é o mais comentado da semana (sic) e deve servir, pelo menos, para algumas reflexões.

 O ser humano tem um prazer inexplicável em perder tempo com coisas efêmeras e sem importância, coisas que ele não vai nem lembrar dentro de poucos dias.

 Por quê? O que explica essa atração por tudo o que é inútil, por tudo o que não acrescenta nada em nossa vida?

 Não é isso mesmo que quem está no comando quer? Que as grandes massas se ocupem com casamentos, separações, escândalos, fofocas?

 Enquanto isso, aquilo que realmente interfere na nossa vida não ganha importância alguma.

 A inflação dos alimentos é um fantasma que está reaparecendo na vida dos brasileiros.

 A Dilma anunciou nesta semana a privatização dos aeroportos.

 Os deslizamentos e enxurradas que têm ocorrido no estado revelam uma grande lacuna na prevenção de tragédias, que é a falta de mapeamento das áreas de risco.

 Mas nada disso importa. Nada disso merece destaque. O que merece destaque é a derrota do Grêmio em casa na Libertadores. É o jogo do Inter no Uruguai. O romance do Pato com a filha do dono do Milan na Itália.

 E, claro, o casamento real.

#Texto publicado em 28/04/2011#

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Parceiros do dia a dia

 Eu não poderia deixar de postar aqui uma foto do almoço de final de ano que foi realizado no mês passado, foto essa em que estou com os colegas Nuno e Joso. Durante as obrigações diárias de todo ambiente de trabalho é muito bom contar com pessoas que encaram os problemas com bom humor, e acima de tudo, em quem podemos confiar.

 Convivência de poucos meses, mas já marcada por momentos excelentes de muita parceria. Eu tenho tido muita sorte com as amizades que eu tenho feito. Ou amigos bons se atraem, não sei.

 Deve ser isso.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Retrô - O bebê vai nascer

*Texto publicado aqui no blog no dia 27/06/2011.


Josué desceu as escadas correndo, três degraus de cada vez. Derrapou no final e seguiu em desabalada, ganhando a calçada, que naquela hora estava quase deserta. Por mais que corresse, por mais que avançasse, por mais que procurasse ordenar os pensamentos, as palavras da mensagem de texto que ele recebera há poucos instantes ecoavam em sua mente, repetidamente:


“O bb vai nascer”.


Vai nascer! Meu Deus, talvez já esteja nascendo! E ele ali, com dificuldades para girar a maldita chave na maldita ignição do maldito carro. Consulta os bolsos antes de arrancar: talão de cheques, molho de chaves, celular, uma balinha de um centavo. Beleza. Tudo o que pode ser necessário.


O trânsito se agiganta. Como é possível ter tantos carros na rua a essa hora da noite? Josué se impacienta. Buzina. Grita com o cara do carro eu lado. Que abaixa o vidro, irritado. Irritado não. Irritada. É uma mulher.


- Só podia ser... – resmunga.


E segue. Acelera. Quase atropela um menino de bicicleta. Resmunga um palavrão. Que tipo de pai deixa o filho brincar na rua até tão tarde?


E seus pensamentos viajam em direção ao filho, o filho que ele esperou com tanta ansiedade, e que finalmente está chegando. Ah, quanta coisa ele vai ensinar, quantos causos ele vai contar. Já decidiu até o nome: César, como um dos imperadores romanos.


Sim, um nome de respeito. César não vai ser qualquer um. Vai ser o maior camisa 9 da história do Grêmio. Pegador, sempre com muitas namoradas, sempre fazendo festas, sempre contente...


As divagações de Josué se dissipam rapidamente. Acaba de passar o sinal vermelho. Menos mal que não tem ninguém no caminho, menos mal que o hospital já está perto, menos mal que César está chegando.


Sim, que beleza! Ele já sabe que vai ser um pai coruja. Mas sem encher muito de mimos e frescuras, que é pra não abichornar o guri. Já está tudo planejado. O primeiro passo é colocar o pequeno César na natação. Tem que ser cedo, desde bebê. Josué lera em algum lugar que os bebês são excelentes nadadores.


O estacionamento do hospital. Finalmente, finalmente! Josué está pronto para descer do carro, com o coração a mil, quando recebe mais uma mensagem de texto no celular:


“Não vai vir?”


E ele estaca, petrificado. Esquecera de pegar a mulher em casa.

domingo, 22 de janeiro de 2012

É preciso ter estômago

 Platão é um dos maiores filósofos que o mundo já produziu, e o vimos tão pouco nas aulas de Filosofia, que coisa. Mas descobri hoje que Platão divide a Humanidade em três tipos de pessoas. Cada tipo se deixa guiar por um dos três órgãos que seriam o centro do corpo do homem: o cérebro, o coração e os rins.

 Eu já ouvi uma versão bem parecida, falando daquilo que produzimos: que algumas coisas vêm do coração, outras do cérebro e algumas ainda do estômago. Tudo questão de nomenclatura. Se tantas vezes agimos com o coração, principalmente na adolescência, se tantas vezes somos estimulados a agir com o cérebro para que nossos passos sejam racionais, existem momentos em que é preciso agir com o estômago.

 É preciso revolta. É preciso sair de zona de conforto. A compreensão de que as coisas só irão mudar quando houver atitude, quando alguma coisa for feita, essa compreensão não exige estômago, mas o primeiro passo dado exige. Pode doer. Pode ser difícil. É óbvio que toda mudança gera desconforto.

 Mas às vezes, é necessário. Então, que venha toda a luta, toda a dor, que venham as dificuldades e que as pedras no caminho não deixem de aparecer. E, claro, que venha o merecimento. Porque a felicidade, mas do que alcançada, deve ser merecida. E não há merecimento sem dor.

Charge da semana

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O que pode ser recusado

 Repercute na imprensa gaúcha a possível saída do meia argentino D'Alessandro do Inter, pois haveria uma proposta tentadora de algum time chinês. A proposta, dizem, é irrecusável, e o próprio presidente colorado admite ser muito difícil segurar o jogador.

 Mas, irrecusável para quem?

 Para os empresários do jogador pode até ser.

 Mas não para D'Alessandro.

 Por um motivo bem simples: o argentino ganha R$ 350 mil por mês no Inter. Não existe salário irrecusável para quem já recebe uma fortuna. E mais: NINGUÉM precisa nem de um décimo desse valor por mês para viver muito bem, obrigado.

 As motivações poderiam ser outras. Mas não é o caso. Aqui, D'Alessandro joga em uma equipe grande, da qual gosta de vestir a camisa e Porto Alegre está há uma hora e meia de Buenos Aires, cidade da família e dos amigos do atleta.

 E a mídia continua dizendo que os VALORES são irrecusáveis. Essa concepção de valores, do que realmente vale a pena atualmente revela um estado de coisas em que os únicos valores que importam são os financeiros. E que talvez muitas pessoas realmente tenham preço.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Os heróis de hoje



 Na semana passada muitos antenados das redes sociais reproduziram a frase de um participante do reality show da Globo, que afirmava ser contra as cotas para negros porque “debaixo da pele todos somos iguais”.

 O cara se tornou um deus com uma análise simplista de um tema muito polêmico. Perfeito. Quem disse que as pessoas querem pensar? Pensar cansa. Para isso existe o tal reality show.

 A questão das cotas vai muito além disso. Somos todos iguais, não resta dúvida. Mas as cotas não foram criadas para equilibrar uma superioridade do branco sobre o negro, porque essa superioridade não existe. As cotas foram criadas para equilibrar as OPURTUNIDADES entre as duas raças, já que essas sim são desiguais entre negros e brancos.

 Eu também sou contra as cotas, porque acredito que a solução do problema seria oferecer a todos as mesmas oportunidades desde a primeira infância, para que então todos tivessem as mesmas condições de brigar pelo seu espaço, e as cotas não precisassem existir.

 Ser contra as cotas porque somos iguais debaixo da pele é ignorar um problema de desigualdade social que faz parte do nosso país desde o Descobrimento. Destacar essa frase em redes sociais não é só uma declaração de ignorância, como também da pior preguiça de todas, que é a preguiça mental.

 Leio por aí notícias de que o tal participante foi expulso do programa por causa de um estupro.

 Está aí o nosso herói.

 E eu, porque não estou surpreso?

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Igrejinha deve ter três candidatos em 2012

 Já é tradição por aqui haverem três candidatos nas eleições municipais, e os boatos de que isso deve ser mantido neste ano são cada vez mais fortes. Fontes ligadas aos dois partidos dão conta de que o PTB de Girardi e o PT de Xica já estariam acertados verbalmente. As vertentes mais tradicionais do PT preferem chapa própria, mas a coligação deve ser mesmo oficializada nos próximos meses.

 Joel Wilhelm será o candidato do PP. Mostrou muita capacidade e iniciativa no Legislativo, além de ter feito a maior votação em 2008. O ideal seria mais um mandato como vereador antes da candidatura, mas o partido urge por um novo nome. Dalciso Oliveira, do PSB, deve ser o vice, compondo uma chapa formada pelos dois vereadores mais votados da última eleição.

 Jackson Schimidt, do PMDB, é candidato natural por ser o atual prefeito e defenderá a continuação de seu mandato nas urnas em outubro. Os ventos atuais indicam que o vice pode ser um nome do próprio PMDB. Nomes como o de Ademir Stein e o de Chaco já começam a pipocar aqui e ali.

 Fico feliz em perceber que muitos partidos têm apostado na força da juventude. O engajamento político desde cedo é essencial na construção de uma sociedade mais digna e democrática.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Aquilo que consumimos

Em um de seus textos Martha Medeiros diz que somos compostos por tudo aquilo que “consumimos”, como os livros que lemos, os filmes que assistimos e as músicas que ouvimos, por exemplo. Não lembro o que concluiu a crônica, mas a comparação é ótima.

Digamos que assim como nosso organismo, nosso cérebro precise se alimentar com alguma freqüência. Com o corpo, todo mundo sabe que se você correr, comer frutas e beber bastante líquido, provavelmente será saudável. Já se você não faz nenhum exercício, não passa um dia sem batata frita e é movido a cerveja, certamente vai engordar, obstruir veias e artérias, ter colesterol alto, essas coisas chatas.

Com o cérebro ocorre a mesma coisa. Ler um bom livro é como uma corrida de 45 minutos para o cérebro. Já assistir a esse tal de BBB, que ontem iniciou (de novo!) equivale a gordurosas porções daquele bolinho enjoado que encharca o guardanapo.

A professora Juracy Saraiva fala em “embrutecimento” do ser humano. Perfeito. É óbvio que assistir a certos programas emburrece. É óbvio que aliena. Só não percebe isso quem já está devidamente alienado.

Na construção daquilo que somos, muitas vezes consumimos lixo travestido de entretenimento e acabamos nos tornando lixo também. Mas ninguém mais pode dizer que não foi avisado sobre as conseqüências desse “alimento”.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Reflexões sobre o vestibular

 Eu tenho mantido uma filosofia de não colocar aqui textos de outras pessoas, mas quando você lê algo e pensa: "puta merda, por que EU não escrevi isso?", então deve-se abrir uma exceção:

"Um país sério estabelece o escore mínimo a ser alcançado por um estudante para entrar na universidade e banca vagas para todos os aprovados. Esse conhecimento mínimo é exigido em nome do bom acompanhamento das atividades universitárias.
 Já o vestibular cria uma competição entre os adolescentes, isenta o Estado de abrir vagas para todos e gera a ideia de que só os "melhores" devem chegar à universidade. O primeiro erro é pensar que os vencedores são, de fato, os melhores. 
  Fazer a mesma prova no mesmo horário não estabelece igualdade na competição. As condições de preparação são profundamente desiguais. Salvo exceção, vence o que teve mais tempo e melhores condições de preparação. O vestibular reproduz a desigualdade social.
  A segunda falácia do vestibular diz respeito à ideia de que só os melhores devem entrar na universidade. Por quê? É uma concepção elitista, discriminatória e oportunista. Permite a um extrato social manter a ocupação dos melhores espaços da sociedade.
   A universidade deve receber todo mundo e "melhorar" os menos bons ou os piores. Cada jovem deve ter o direito de ser "melhorado" nos bancos do ensino superior. Deve ser fácil entrar na universidade. Difícil tem de ser a saída. A justificativa para a utilização do vestibular sempre foi a de que não haveria recursos para bancar todo mundo na universidade.
   É conversa fiada. 
  Por trás dessa racionalização esconde-se a mentalidade meritocrática de reprodução do modelo social dominante. Aos ricos, a universidade. Aos pobres, o ensino técnico. Salvo, obviamente, as exceções que confirmam as regras."
Juremir Machado da Silva

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Pra começar bem o ano

Nada como um BOM livro. Você pode até não ser muito fã dos livros, mas tem um que é muito difícil não prender o leitor até o final, mesmo aquele que só lê horóscopo e a piada do dia. Nas minhas férias, li pela segunda vez Eu Sou o Mensageiro, de Markus Suzak.

 Taí um trecho da página 38:

“Dou uma parada e olho pra ele. O advogado lhe pede para calar a boca, mas ele não cala e diz baixinho:
  - Tu é um homem morto, velho. Espera só pra ver... – As palavras dele não chegam a me deixar realmente abalado. – Se liga no que to te dizendo. Lembre disso todo dia quando se olhar no espelho, malandro – ele quase sorri. – Tu é um homem morto.
(...)
 “Tu é um homem morto,” ouço aquela voz de novo, e vejo as palavras na minha cara quando entro no táxi e olho no espelho retrovisor.
 Isso me faz pensar sobre minha vida, minhas realizações inexistentes e minhas habilidades gerais de incompetência.
 Quando estou tirando o carro do estacionamento, penso: Um homem morto. Ele tem razão”.

E outro da página 270:

 “É inegável como a verdade pode ser brutal às vezes. Só dá pra admirá-la. Geralmente passamos a vida acreditando em nós mesmos. “Eu to bem”, dizemos. “Tá tudo bem”. Mas as vezes a verdade pega no pé e não tem santo que a faça desgrudar. É aí que percebemos que às vezes ela nem chega a ser uma resposta, mas sim uma pergunta. Mesmo agora, estou aqui pensando até que ponto a minha  vida é convincente. (...)
  - Ed? – Ritchie diz mais tarde. Ainda estamos dentro da água. – Só tem uma coisa que eu quero.
  - O que é, Ritchie?
 Sua resposta é simples:
 - Querer”.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Cinco previsões (óbvias) para 2012


♦ Uma equipe do eixo Rio - São Paulo ficará com o título do Campeonato Brasileiro;

♦ As duas edições do ENEM de 2012 serão marcadas por problemas e as provas serão anuladas por algum tribunal do Nordeste;

♦ Algum juiz vai cancelar a anulação das provas poucos dias depois;

♦ Gianechinni, Lula e Cristina Kirchner irão se recuperar do câncer que os aflige;

♦ Só no Brasil, milhares de pessoas vão morrer na fila do SUS sem conseguir se recuperar do câncer que os aflige.

Nem precisei de bola de cristal...

Os melhores do ano passado

A lista é do pessoal do Pretinho Básico, da Rádio Atlântida, mas achei tão boa que resolvi compartilhar:

Gostosa do Ano:
1° lugar: Ellen Roche
2º lugar: Scarlett Johansson
3º lugar: Ariadna

Safado do Ano:
1° lugar: Ronaldinho Gaúcho
2º lugar: Assis Moreira
3º lugar: Rafinha Bastos

Queda do Ano:
1° lugar: Mosh do Potter
2º lugar: Queda do Porã no estúdio
3º lugar: Ministros da Dilma

Mico do Ano:
1º lugar: Caixas de Som no Olímpico
2º lugar: Obras da Copa
3° lugar: “Comeria ela e o bebê!”

Morto do Ano:
1º lugar: Steve Jobs
2º lugar: Orkut
3° lugar: Osama  Bin Laden

Chato do Ano:
1° lugar: Justin Bieber
2º lugar: Galvão Bueno
3º lugar: Turminha do Crepúsculo