quarta-feira, 30 de maio de 2012

Insônia


 Os latidos distantes de um cachorro qualquer despertam Pedro, que tateia na mesa de cabeceira até encontrar o celular e ver a hora:

 23:50.

 “Não posso acreditar que faz só meia hora que eu to na cama”, pensa. Os lençóis grudam em sua pele empapada de suor, e Pedro sente, com uma sensação de agonia a invadir-lhe lentamente, que agora vai demorar pra conseguir adormecer novamente.

 A hora de dormir é sempre o pior momento do dia para ele, que então se sente melancolicamente solitário dentro de uma casa escura e quieta como um túmulo. Nos últimos tempos a solidão tem chegado em forma de insônia, pontuando a noite com lembranças, arrependimentos e devaneios que para Pedro parecem infindáveis.

 “Será que estou ficando louco?”, pergunta-se. E então pensa que a linha que separa a loucura da lucidez é muito, muito tênue, para depois questionar-se se este não seria mais um devaneio sem sentido.

 Sente a garganta seca. Vai levantar. Faz menção de ir algumas vezes, mas desiste. Bom mesmo seria morrer de sede. Mas ninguém morre de sede por aqui, muito menos durante a madrugada. A sede só incomoda, nada mais. E Pedro sente o incômodo como algo bom. A dor também é boa, porque lhe mostra que ele ainda está vivo, que é capaz de sentir.

 Meu Deus, se eu tivesse ido logo tomar água não ficava pensando nisso tudo e ainda por cima matava a minha sede.

“Só foge da solidão quem tem medo dos próprios pensamentos”, lera em um livro do Veríssimo. O Veríssimo sabia das coisas, mas Pedro sabe também que não se encaixa na frase. Não totalmente. Sente-se um menino desamparado frente à solidão fria e cruel da noite, é verdade, mas foge dela? Não! Ele a encara. Sofre, pensa bobagens; mas sempre sobrevive.

 A garganta implora por água. Deus, que calor infernal! Deus e inferno na mesma frase dão a Pedro uma vaga sensação de medo da morte. Inferno mesmo deve ser uma noite de insônia em que o sol nunca vem, pensa. Mas e o Paraíso? Será que existe mesmo? Se existir, Pedro não vai poder entrar. Cometeu o pecado da descrença, mesmo que ninguém possa controlar o que sente ou acredita.

 Se ao menos a garganta não estivesse seca, se ao menos chovesse, se ao menos os lençóis não estivessem tão pegajosos, se ao menos os seus pensamentos lhe dessem trégua por um instante breve que fosse, talvez Pedro conseguisse dormir...

 Os minutos se sucedem lentamente. Ao longe, o cachorro torna a latir. É o único companheiro de insônia de Pedro.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Quando eu fico do lado do vilão


Uma vez, alguém me disse: “credo, parece que tu só gosta de vilão!”. É que nas novelas da Globo os mocinhos são muito sem sal. São arroz doce, como diria uma expressão do filme Se Beber Não Case 2.

E por isso, às vezes o mocinho me irrita tanto que eu torço mesmo para o vilão. Porque o bonzinho da história deveria saber ver a maldade onde a maldade existe, mas ele é quase sempre o ingênuo, o coitadinho.

Ahá! Agora tocamos na ferida. É disso que eu não gosto. De coitadinhos. Eu não suporto quem tem pena de si mesmo. Quem tem pena de si mesmo, ao se sentir injustiçado pelo destino, acaba se acomodando. Ele pensa assim: “As coisas são desse jeito porque são”. Ele nunca imagina que poderia ser diferente se as suas escolhas tivessem sido outras e nem enxerga soluções para sair da situação em que está, porque considera que nasceu para ser injustiçado e pronto.

Não é assim que tem que ser. Sou fã de carteirinha do Existencialismo, que prega sermos soberanos senhores do nosso destino. Quando Sartre diz que “somos condenados a ser livres”, é isso que ele quer dizer. Que as nossas escolhas terão conseqüências, algumas imprevisíveis, mas acima disso, que nós PODEMOS fazer escolhas.

E essa liberdade é a liberdade que não tem preço, e que não nos proíbe nem mesmo sermos coitadinhos se quisermos. Mas é melhor a gente não querer isso.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A manchete que induz


Corrigindo o Jornal RS115, a manchete correta seria: “Hospital Bom Pastor é ACUSADO de abandonar paciente”. O jornal dá a manchete como se o fato realmente tivesse ocorrido. Não vou tomar partido porque não sei exatamente o que aconteceu. Nem o jornal sabe. Quem deve investigar e apontar culpa, se houver, é a Justiça.

Quando um jornal que já foi bom no passado, mas que atualmente só publica releases, resolve julgar no lugar da Justiça e tomar uma abordagem política sobre um fato tão grave, quem perde é toda a sociedade.

Espero que a Justiça seja feita e que nesse 2012, que é ano eleitoral, as coisas se façam pelas PESSOAS, que são quem realmente importa nesse processo todo. Quando os cidadãos são agredidos moralmente, em qualquer âmbito e por qualquer motivo, Igrejinha se torna um lugar pior de se viver, e o que realmente importa é esquecido.

E repito: o que realmente importa são AS PESSOAS.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Sugestão ao legislativo igrejinhense

Em Porto Alegre há uma lei municipal que regula o tempo de espera por atendimento nas agências bancárias - 15 minutos para dias normais e 20 minutos para véspera ou após feriados e em dias de pagamentos de funcionários públicos.
Pois bem. Não sei se há algo semelhante por aqui, mas creio que não, já que na tarde de ontem fui com um amigo até a agência do Banrisul de Igrejinha e esperamos na fila por inacreditáveis 71 MINUTOS, como se as pessoas não tivessem mais nada para fazer durante a tarde além de pagar contas.

Como eu sei que muitos vereadores e assessores acompanham as redes sociais, sugiro aos Edis que se estude a possibilidade de criação de uma lei municipal semelhante à de Porto Alegre, pois acredito que melhoraria muito essa situação.

 Grato!