terça-feira, 31 de maio de 2011

Polêmicas da língua (3)

 Recebi ontem por e-mail o posicionamento da Abralin (Associação Brasileira de Linguística), com relação à discussão a respeito do livro didático  Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, distribuída pelo Programa Nacional do Livro Didático do MEC.

Destaco abaixo alguns trechos:

 “ O fato que, inicialmente, chama a atenção foi que os críticos não tiveram sequer o cuidado de analisar o livro em questão mais atentamente. As críticas se pautaram sempre nas cinco ou seis linhas largamente citadas. Vale notar que o livro acata orientações dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) em relação à concepção de língua/linguagem, orientações que já estão em andamento há mais de uma década. Além disso, não somente este, mas outros livros didáticos englobam a discussão da variação linguística com o intuito de ressaltar o papel e a importância da norma culta no mundo letrado.”

“(...) constatação que merece destaque é o fato de que as línguas variam num mesmo tempo, ou seja, qualquer língua (qualquer uma!) apresenta variedades que são deflagradas por fatores já bastante estudados, como as diferenças geográficas, sociais, etárias, dentre muitas outras. Por manter um posicionamento científico, a linguística não faz juízos de valor acerca dessas variedades, simplesmente as descreve.”

“(...) a variação da supressão do final do infinitivo é bastante corriqueira e não marcada socialmente. Demonstra-se, assim, que falamos obedecendo a regras. A escola precisa estar atenta a esse fato, porque precisa ensinar que, apesar de falarmos "vou comprá" precisamos escrever "vou comprar".  E a linguística ao descrever esses fenômenos ajuda a entender melhor o funcionamento das línguas o que deve repercutir no processo de ensino.”

Por fim, é importante esclarecer que o uso de formas linguísticas de menor prestígio não é indício de ignorância ou de qualquer outro atributo que queiramos impingir aos que falam desse ou daquele modo. A ignorância não está ligada às formas de falar ou ao nível de letramento. Aliás, pudemos comprovar isso por meio desse debate que se instaurou em relação ao ensino de língua e à variedade linguística.” 

O texto é assinado por Maria José Foltran, presidente da entidade.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Apenas um número

Na semana passada, no meio de uma aula, não lembro qual, um cologa meu soltou a frase: “O slogan da Feevale diz que aqui a gente não é um número. A claro que é. Em qualquer lugar do mundo a gente é um número”.

A frase me caiu como um soco no ouvido, porque eu tive que concordar com ela. Eu, amante do ser humano, eu que gosto de estar rodeado de pessoas, que quero trabalhar com pessoas e para pessoas. Eu sei que no mundo nós somos um número. Um rosto difuso na multidão, na multidão que anda com pressa, sem saber aonde vai parar.

Às vezes eu canso. Eu canso e tenho vontade de chutar tudo. Que se danem as manhãs de segunda-feira, que se danem os impostos absurdos, as obras superfaturadas, a inoperância dessa juventude apática, os políticos mentirosos, o coeficiente eleitoral, o voto obrigatório, o alistamento militar, as complicações femininas.
 
E que se fodam todos os feriados em dia de fechamento de edição, todas as noites de domingo, que as noites de domingo nem precisavam existir. Que se fodam as músicas podres que viram sucesso e ficam na cabeça, as putinhas fazidas e as santinhas sem sal.

Que vá pra puta que pariu a campanha do desarmamento, o juiz ladrão que só marca falta pro outro time, as aulas no 2º andar do Multicolor, as sindicâncias que são abertas todos os dias para apurar casos que nunca serão apurados.

E que vá pro raio que o parta o desmatamento, a superpopulação, as fórmulas matemáticas que eu aprendi pra nunca mais usar, os empresários que destroem o meio ambiente, os psicopatas que invadem escolas e matam sonhos, os terroristas que fazem tragédias virarem números, os ditadores travestidos de democratas e os falsos populistas.

Às vezes a gente cansa. Tem vontade de chutar. Xinga meio mundo. Mas depois volta.

Volta a ser um número.

Charge da semana

Nunca faça planos

A nossa nova vizinha aqui na redação é maranhense. É muito bacana o sotaque característico da Clady, e alguns termos que ela usa, como:

“to aperriada”, pra dizer que ta muito ocupada,

Ou, “saliênti!”, quando quer chamar alguém de abusado.

Mas o que mais me chamou atenção foi ela contando como se adaptou ao inverno gaúcho. “Eu chorava”, ela me contou, lembrando com nostalgia do calor maranhense.

Será que eu gostaria de morar no Nordeste? Não sei. Mas que eu gostaria de passar uma temporada por lá, ah eu gostaria. “Não se prendam a Igrejinha, o mundo é muito grande”, já me disse um sábio professor. Quem sabe eu não viajo muito ainda, com uma futura esposa e futura bióloga?

Quem sabe, quem sabe.

O melhor mesmo é não fazer planos a longo prazo. Nunca. Assim as coisas ficam mais interessantes.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Tarde sem luz

Depois de uma tarde sem luz, em um dia de fechamento de edição, não posso acreditar que as pessoas viviam sem energia elétrica até bem pouco tempo atrás, cerca de um século.
Mas viviam.
Tiro o chapéu para os meus bisavós.
Ou tiraria se tivesse um.

Operação abafa

Manchete de capa da Zero Hora de hoje: "Lula assume operação para abafar Caso Palocci".

É evidente que ex-presidente Lula fez um bom trabalho, principalmente na área econômica. Mas também ficou claro desde 2005, com o caso do Mensalão, a sua conivência com as roubalheiras dos companheiros de partido.

Pode ser que Lula seja um homem honesto, que nunca tenha colocado a mão em nada do que não é seu, mas essa passividade com as roubalheiras que ocorrem debaixo do seu nariz não seria também um indicativo de desvio de conduta?

Pode ser a bondade uma virtude passiva? É possível haverem gestores completamente honestos, de conduta e consciência imaculadas?

Perguntas, apenas.


quarta-feira, 25 de maio de 2011

Planejamento de Copa do Mundo (3)

Pelas reformas que o Inter fará no Beira Rio e a construção da Arena do Grêmio que vai de vento em popa, Porto Alegre merece ter dois estádios sediando a Copa do Mundo.

Planejamento de Copa do Mundo (2)

Abaixo, quadro publicado na reportagem da VEJA, que traz o nome do estádio, o orçamento previsto, quanto se gastou até agora e quando o estádio ficaria pronto se o ritmo das obras fosse mantido.

A situação dos 12 estádios da Copa hoje:

Estádio
Orçamento
Gasto hoje
Fica pronto em...
Corinthians (SP)
R$ 1 bilhão
Zero
Nunca
A. das Dunas (RN)
R$ 400 milhões
Zero
Nunca
A. Baixada (PR)
R$ 220 milhões
Zero
Nunca
Maracanã (RJ)
R$ 957 milhões
R$ 26 milhões
2038
Arena Pernambuco
R$ 532 milhões
R$ 60 milhões
2025
Arena Amazônia
R$ 499 milhões
R$ 30 milhões
2024
Mineirão (MG)
R$ 666 milhões
R$ 86,6 milhões
2020
Nacional (DF)
R$ 670 milhões
R$ 45 milhões
2021
Arena (MT)
R$ 355 milhões
R$ 48 milhões
2017
Beira Rio (RS)
R$ 290 milhões
R$ 30 milhões
2017
Fonte Nova (GO)
R$ 231 milhões
R$ 99,9 milhões
2015
Castelão (CE)
R$ 519 milhões
R$ 80 milhões
2013

Planejamento de Copa do Mundo

A revista Veja circula nesta semana com uma reportagem de capa que faz uma radiografia da situação dos estádios da Copa de 2014. O incrível é que apenas um estádio ficaria pronto a tempo se o ritmo das obra fosse mantido.

Mas, e esse mas é muito importante, dinheiro público será injetado. Muito dinheiro público. Ou melhor, o nosso dinheiro, porque dinheiro público não é de ninguém, mas o nosso dinheiro, como está explícito, é...nosso.

Abrem-se então as portas para as obras superfaturadas e os infindáveis meios que os maus intencionados usarão para embolsar o NOSSO dinheiro.



Tradições

Algumas coisas acabam se perdendo com o tempo. Outras surgiram ontem e hoje já não conseguimos nos imaginar sem ela. Parece impensável, mas há poucas décadas não existia celular, computador, internet, redes sociais...É claro que também não existiam bandas coloridas e campeonato de pontos corridos, mas enfim, eram tempos melhores.

Porque quando tradições são mantidas, nos sentimos mais seguros dentro de uma sociedade. Não falo da tradição rançosa, que mantém hábitos antigos e padroniza comportamentos. Falo de tradições como fazer as refeições com a família reunida, namorar em casa, sair com os amigos sem temer a violência das ruas, essas coisas.

É como o tempo desse nosso Rio Grande. Não é mais o mesmo. 25 de maio e todo mundo de manga curta ainda. Nem as frentes frias vindas da Argentina respeitam mais as tradições.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Flagbol

Que tal conhecer um esporte diferente?










Confira na página 22 da edição de hoje do JIP.

Polêmicas da língua (2)

Tendenciosa a matéria de ontem do CQC sobre o polêmico livro do MEC. Os repórteres saíram às ruas sem ao menos terem lido o livro, senão teriam compreendido a distinção que o texto faz entre quais tipos de linguagem podem são adequadas a cada ocasião.

  Aliás, esse é o ponto comum entre todos os que estão descendo o pau no livro: não leram. 

 Um passante chegou a dizer que o livro é fruto “de preguiça intelectual”. Sim, algumas pessoas acreditam MESMO que as coordenadorias gerais de educação que aprovaram o livro (ou seja, todas) trabalham pelo retrocesso da educação.

 Todos podem opinar sobre algo público, como cidadãos que vivem em um país democrático. Mas é importante ler antes, pra que a gente não saia por aí esbravejando e reclamando sem saber do que.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Enem: 470 inscritos por minuto

Ao meio-dia já haviam 80 mil inscritos para realizar o Enem deste ano, uma média incrível de 470 inscrições por minuto. Parece que a estrutura está bem melhor agora, mas ainda considero precipitado realizar duas provas já no ano que vem.

Porque o Enem vem de dois fiascos consecutivos. O INEP não tem conseguido administrar bem uma prova por ano. Então resolveu fazer duas.

Os problemas vão desde o vazamento de informações até as falhas na impressão das provas e o serviço de atendimento que não atende.

Inscrição feita, agora é torcer pra que dê tudo certo desta vez.


A proposta

  Norberto atravessou lentamente a rua, com os pensamentos confusos, alheio ao mundo ao seu redor. Enquanto andava, pensou na proposta que acabara de receber. Fazia apenas um mês que assumira o posto de inspetor sanitário, criticado pela namorada pelo baixo salário, mesmo após conseguir a vaga em um concurso tão diputado.

  Ele compreendia Sarah. A namorada não era uma pessoa ambiciosa, era prática. Ela sabia que os rendimentos dos dois não permitiam comprar a tão sonhada casa, marcar a data do casamento, sair para jantar em lugares caros, não permitia que levassem uma vida feliz.

  Porque o dinheiro era o grande motivo das brigas do casal. Norberto temia que Saah um dia cansasse do namorado brilhante e pobretão e preferisse partilhar a vida com outro, com menos inteligência e mais dinheiro para presenteá-la.

  E agora, isso. O homem de terno fora claro: daria R$ 20 mil para Norberto se ele alterasse os dados da inspeção feita no maior restaurante da região. Era um restaurante caro que atraía todos os turistas e magnatas que passavam pela cidade, mas que não tinha condição higiênica alguma, e certamente haveria uma grande repercussão disso na mídia após a divulgação do resultado.

  Norberto sabia que aceitar a proposta seria desonesto, algo que mataria o pai de desgosto. Sabia que aquilo iria contra os princípios da éticos que ele aprendera a respeitar desde pequeno.

  Mas Norberto também pensou nas vantagens de aceitar. Pensou na surpresa que faria à Sarah. Pensou em tudo o que poderiam comprar, em como a vida iria melhorar.

  Pensou também no que aconteceria se ele recusasse a proposta, se agisse como seu pai havia ensinado. Sabia que a relação com Sarah não resistiria incólume por muito tempo, sabia que a vida continuaria lhe fechando portas, que ele continuaria sendo um “zé ninguém”.

  No fim do prazo, Norberto suava frio. Em todos aqueles dias, era como se quanto mais ele pensasse mais confusa sua cabeça ficasse. O homem de terno pigarreou, impaciente.

  -E então?
  Falava com uma voz de quem costumava mandar, com uma voz que parecia não aceitar questionamentos ou falhas.
  -Ora, vamos, eu não tenho o dia todo!
  Todas as coisas voltaram à cabeça de Norberto em um turbilhão de pensamentos, que o deixaram atônito.
  -Eu não aceito – disse com voz fraca.
  - O quê!?
  - Eu disse que não aceito – repetiu, agora confiante.

   E saiu para a rua sem olhar para trás. Ele sabia exatamente o que havia feito. Sabia exatamente do que estava abrindo mão. Sabia o quanto a vida seria difícil dali pra frente, das humilhações que ele continuaria suportando.

  E honra lhe seja dada, ele não as ignorou.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Trailer de sexta

Estreia hoje em todo o país Piratas do Caribe 4 - Navegando em águas misteriosas. A expectativa é de que as bilheterias registrem um grande número de espectadores.

Será que vale a pena? O trailler tá muito bem feito...

Lamentável

Fui às ruas hoje de manhã para fazer a enquete da próxima edição do JIP e encontrei perto da Rua Coberta o Joelsom, coordenador da Fundação Cultural, quase vizinho meu e uma excelente companhia pra prosear. Depois de falarmos um pouco sobre a pergunta da enquete (como você se sente com relação à segurança pública no seu município?) e sobre algumas amenidades, fiz a foto pra enquete.

Na hora da foto, um grupo de desocupados passou pela calçada e começou a provocá-lo chamando de viado e dizendo que ele queria “imitar o Raul”. Depois, quando estávamos nos despedindo, pude ouvir novos xingamentos.

Achei lamentável esse tipo de comportamento, em plena luz do dia, no centro da cidade. É incrível como algumas pessoas se sentem capazes de fazer e falar tudo o que querem quando estão rodeadas pelos seus amiguinhos.  É incrível essa facilidade com que as pessoas insultam e agridem. Por quê? Por qualquer coisa. Por motivo algum.

Incrível e lamentável.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Há um século no Correio do Povo

Notícias publicadas em 1911 pelo Correio do Povo:

Assassinato? - Hontem, á noite, circulou o boato de que, num terreno da avenida 13 de maio, no arrabalde do Menino Deus, havia occorrido um assassinato.
  Felizmente o facto fora inveridico, tendo se passado apenas o seguinte: um pandego detonou, para o ar, o seu revolver e outro trocista caiu ao sólo morto.
  Logo depois, acudiram ao local muitos populares e a policia do 2 posto, encontrando o cadaver já vivo.
  Fora apenas um simulacro de homicidio.

Um atolador - Á rua General Lima e Silva, esquina da rua da Republica, existe um grande atolador. Hontem, á noite, o carro de praça n 12, guiado por Leopoldo Masson, ao passar por aquelle local, atolou-se, sendo necessario o auxilio de tres populares para tiral-o dahi.
Também á tarde ficou atolada uma carroça de entrega de pão, pertencente á Padaria Feliz.




Mudou o jornalismo ou mudamos nós?

Carol Portaluppi

O Renato tem que abrir o olho com essa filha dele, 16 aninhos só e já tem metade do estado chamando ele de futuro sogro...

Mas custava ela ser um pouco pé-quente também?


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Inverno sensual

Que tal essa pesquisa?

Homens avaliaram fotos de corpos de biquíni, de seios à mostra e de rostos femininos. A surpresa no resultado foi que as notas mais altas vieram durante o inverno.

Já as avaliações dos rostos (que, ao contrário do corpo, ficam à mostra em qualquer época do ano), não variaram muito conforme a estação.

A conclusão do estudo, então, é que a falta de pele à mostra durante os meses frios deixa nos deixa com saudade dos corpos femininos exibidos por aí no verão. Além de ser muito mais excitante imaginar o que tem debaixo da roupa e desvendar aos poucos do que já ter tudo a mostra desde o início.

E você, também acha as mulheres muito melhores no inverno?



Dia dos Namorados

Casais apaixonados do Paranhana: mandem fotos com uma declaração de amor e concorram a prêmios para curtir a dois.

e-mail: especiaisjip@integracao.jor.br

Polêmicas da língua

Eu confesso que tenho me sentido desanimado com essas polêmicas dos últimos dias sobre como a nossa língua deve ser usada. Você estuda quase 50 semestres só na graduação de Letras, quebra a cabeça, lê livros, conhece diferentes teorias, debate algumas delas, você se especializa em alguma área como a Lingüística, faz trabalho de pesquisa, conversa com especialistas, estuda, conversa com estudiosos, estuda estudiosos, você fica com os cabelos brancos.

E a lei de estrangeirismos é aprovada na Assembléia. Por políticos.

Esse livro do MEC que está sendo discutido agora entra no mesmo caso. Qualquer um tem o direito de ser contra ou a favor do que quiser. Mas quando o MEC, com todas as suas exigências, com todos os seus lingüistas e gramáticos, aprova o livro, quando as coordenadorias regionais aprovam o livro, quando todos os especialistas da área concordam com o seu conteúdo, então não há o que se polemizar.

Ao defender uma suposta supremacia da linguagem oral sobre a linguagem escrita, o livro admite a troca dos conceitos "certo e errado" por "adequado ou inadequado". A partir daí, frases com erros de português poderiam ser consideradas adequadas em certos contextos.

Não é isso o que acontece no país inteiro? Em todo o planeta? Ou alguém aí fala exatamente do mesmo jeito que escreve? Eu posso perfeitamente falar em uma conversa com amigos que “dois jogador do Igrejinha tavam machucado”. Mas eu sei que se eu for escrever isso em algum texto aqui do jornal, o correto será dizer que “dois jogadores do E.C. Igrejinha estavam lesionados”.

É o que todo mundo faz. O livro objetiva diferenciar o que é mais adequado para cada situação. Muita gente não compreende isso. Eles preferem isolar a escola da sociedade. Não entendem que a escola deve preparar as pessoas todas as situações, formais e informais.

Eles não compreendem. É de se entender. São políticos.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Histórias da Feevale- Tiririca

Como eu disse na semana passada, é impossível falar da Feevale sem falar do maior nome da gastronomia da Universidade, que é o bar do Rudimar Luis de Medeiros, conhecido por 99,9% dos universitários como Tiririca.

O bar do Tiririca fica no prédio amarelo e garantiu a maior votação da última eleição à Câmara Federal, creio eu que graças ao excelente atendimento. Abaixo, uma foto do humorista e outra do comerciante.

 Não são iguais?


 

Metodologia e ensino

Nas quartas-feiras eu curso a disciplina Currículo, Planejamento e Avaliação, e sempre saio dessa aula pensando no tamanho do desafio que nós, futuros educadores, temos pela frente. Alguns métodos de ensino ultrapassados ainda imperam nas salas de aula de todo o país, fazendo com que o número de horas-aula não condiga com o aprendizado adquirido pelos alunos.

Talvez o método mais ineficiente seja justamente aquele que é usado há mais tempo e com mais freqüência nas salas de aula. A decoreba. É um método simples e garante boas notas quase sempre. Você decora definições, nomes, datas, mais algumas definições e...opa! 10 na prova. Evidentemente, o conteúdo dessas informações é rapidamente esquecido.

 Porque o nosso cérebro é inteligente. Ele sabe exatamente o que precisa ser armazenado e o que pode ser descartado. O meu cérebro sabe que eu preciso saber a senha do alarme da redação, o número da minha sala no Campus e todas as outras informações que eu preciso no meu dia-a-dia. Ele sabe também que eu não preciso lembrar o que eu almocei na quarta-feira da semana passada, já que isso não tem a menor serventia.

É nesse ponto que a decoreba falha. Ensinando as coisas por um ângulo inútil. No domingo eu acompanhei o meu cunhado de 9 anos estudando pra uma prova e fiquei espantado com algumas coisas. É incrível o que vai ser cobrado. O nome completo de Tiradentes. Quem era o rei de Portugal na época do descobrimento, que escreveu a Carta do Descobrimento, quantas caravelas eram comandadas por Pedro Álvares Cabral...

Talvez ele vá mal na prova, talvez tire nota máxima, mas independente do resultado, daqui há um mês eu duvido que ele lembro de um terço desses dados. E, no fim das contas, ele não vai sequer ter acesso ao que é realmente essencial.

Um dos momentos do estudo resume bem a luta entre as complicações infrutíferas do método de ensino tradicional contra o nosso cérebro descomplicador.

Qual o regime de governo do nosso país?
Hmm...república!

Certo. E isso quer dizer que ele é governado por quem???
PELA DILMA!!!

Pela Dilma, cara! É óbvio! Se alguém me fizesse essa pergunta na rua eu teria respondido a mesma coisa. Você não responde que é pelos governantes, por um presidente, por um rei, por um primeiro-ministro. Porque nada disso importa. O poder hoje está nas mãos da Dilma (e do Congresso, claro), e é isso o mais importante.

Na hora foi engraçado, eu lembrei da historinha contada pela professora Eliane Anselmo sobre a alfabetização de um menino. Depois de a professora ficar por longos minutos juntando as sílabas PA-TO, ela apontou pra a figura e perguntou para o menino o que estava escrito ali.

E o menino, contente:

MAR-RE-CO!

É o método, senhores. Ele faz toda a diferença.

O método.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A lógica do Gre-Nal

Não foi preciso acompanhar mais do que alguns pares de anos de Gre-Nais renhidos para compreender que há sim uma lógica nesses confrontos.

Diz-se que em Gre-Nal não há favorito.

Há.

O favorito para ganhar um Gre-Nal sempre será a equipe que não estiver sendo apontada pela mídia como favorita. Será a equipe que estiver cheia de problemas internos, que jogar na casa do adversário, que entrar em campo com o descrédito até de sua própria torcida.

Quanto maior o favoritismo de um dos times, maior a sua chance de perder o jogo.

Essa é a lógica dos grenais.

                                     Foto: Ricardo Duarte

sábado, 14 de maio de 2011

Perguntinha

Um dia dessa semana eu estava ouvindo o 'Brasil na Madrugada', e lá pelas tantas um ouvinte opinou sobre o conteúdo apelativo da televisão.

"É uma vergonha a programação da TV, só tem baixaria. E o pior é que é isso que os telespectadores querem.”

Então, culpa da televisão ou de quem assiste?

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sexta-feira 13

 Jardel era um cara considerado normal, 30 anos presumíveis, pele clara. Mas, como de perto ninguém é normal, tinha Jardel suas manias. Manias pequenas, essas que todos têm. Mas talvez o que mais deveria chamar atenção em Jardel era algo que ele jamais permitiria que os outros percebessem nele.

 O fato é que Jardel era um supersticioso. Quando o Inter jogava, usava sempre a mesma meia, uma meia encardida do Mickey que ele estava usando no dia em que o colorado conquistou a Copa do Brasil em 92, quando ele ainda era criança.

 A superstição de Jardel ia além do fanatismo por um clube de futebol. Ele nunca entrava com o pé esquerdo em lugar algum, pelo motivo que fosse, e jurava para si mesmo que jamais deixaria cair ao chão um espelho e que nem na maior das emergências passaria debaixo de uma escada.

 É claro que a sexta-feira 13 tinha seu lugar garantido nas superstições de Jardel. Ele sabia que quebrar qualquer uma dessas regras nesse dia seria chamar pra si todas as maldições elevadas na enésima potência. Era um dia de cautela e prudência, portanto.

 Se pudesse, Jardel ficaria em casa nesse dia. Mas não podia. Os colegas do escritório iriam desconfiar. E as crendices de Jardel eram algo que ele jamais permitiria que os outros percebessem nele.

 Naquela sexta-feira 13, Jardel saiu de casa atrasado, convencido de que a culpa era daquele dia maldito que eram as sextas-feiras 13, e não do banho demorado que ele havia tomado. Ao dobrar a primeira esquina, o celular tocou.

 Era seu chefe.

“Jardel, tu esqueceu da reunião com os americanos?! Os gringos estão dizendo que vão embora! Precisamos fechar esse negócio!”

Céus, como ele havia esquecido? Jardel estava atônito. Sabia que seu emprego dependia daquela reunião, sabia que devia chegar logo, sabia que a prudência em cuidar de possíveis obstáculos o atrasaria mais...

Então, desatou a correr.

Correu, correu como não corria havia anos, correu como alguém a quem cada segundo é valioso. Correu sem se dar conta de quase ter atropelado um velinha, sem se dar conta do bando de passarinhos que ele havia espantado na calçada, sem se dar conta da escada que ele acabara de passar por baixo.

 Jardel já estava embaixo da escada quando percebeu o erro. Num impulso, como geralmente agem os seres humanos, parou em um segundo a corrida desabalada. Não sem consequências.

No momento da freada, seu pé derrapou pela calçada e bateu em cheio na escada, fazendo Jardel tropeçar.

Seu Jaime não saberia contar ao certo como tudo tinha acontecido, apenas lembrava de uma forte pancada na escada e de cair rapidamente com todas as suas latas de tinta em cima da cabeça de um rapaz que devia ter uns 30 anos mais ou menos, de pele clara.

Um cara normal, portanto.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Os jovens de hoje

Ontem ouvi uma conversa em um corredor da Feevale que me motivou a escrever este texto. Depois de tomar um guaraná enquanto lia o Correio do Povo e olhava o jogo do Santos no Tirirca – eu ainda vou fazer um post sobre esse cara, não tem como falar de Feevale sem falar nele...

Bueno, depois disso só me restava o caminho para a topique. E foi perto do prédio Lilás que eu ouvi dois amigos conversando.

Falavam sobre o fechamento da Azaléia.

 “Bah, cara, eu ouvi a entrevista de um loco se lamentando porque trabalhava lá há 20 anos. Imagina, trabalhar todo esse tempo em uma fábrica e nem querer sair de lá! Que falta de ambição, cara!”

E o outro concordou.

 Sim, ele concordou. No Jornal do Almoço de ontem Lasier Martins expôs mais uma verdade: os jovens não sabem o que é inflação.

  Lasier, os jovens de hoje sabem muito pouco sobre tudo. Quem tem menos de 25 anos não passou por inflação. E a lógica dessa geração é essa: eu só me preocupo e me interesso por aquilo que me afeta diretamente.

Nós caímos de pára quedas nessa panela de pressão em que tudo o que temos foi conquistado pelos nossos pais ou por gerações passadas.

  O que os lunáticos do corredor da Feevale não compreendem é que quem tem um emprego digno e valoriza isso a ponto de trabalhar no mesmo lugar durante a vida inteira, mesmo ganhando pouco, talvez não tenha tido a mesma mordomia que eles tem hoje. São pessoas que começaram a trabalhar muito cedo, que não usavam as roupas da moda, que não tinham celular, mp10, computador, tv no quarto, nada disso. São pessoas que não tiveram a possibilidade de ingressar no nível superior.

E, ironia das ironias, foi essa geração que possibilitou que a gente tenha hoje tudo o que eles não tiveram. Os dois amigos não compreendem isso, porque quem sempre teve tudo o que quis não pode compreender as razões de quem teve que batalhar para conquistar o que possui.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Manhã chuvosa

 A chuva tá boa pra dormir, ou simplesmente ficar embaixo do cobertor assistindo televisão, lendo um livro...mas como essa opções não são viáveis no momento, compartilho uma baita imagem que eu achei na internet há pouco, ilustrando uma cena bem campeira do inverno gaúcho. Aliás, o que tem de fotos espetaculares do nosso estado não tá no gibi, acho que vou postar uma por dia no mês farroupilha.

 Mas por enquanto, vai só essa, que já é o plano de fundo da área de trabalho do computador que eu uso aqui na redação.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Demissões em Parobé

Ontem, 840 pessoas foram demitidas da Vulcabras/Azaléia, que encerrou sua produção em Parobé. É uma perda tremenda para a cidade, que segundo a vice-prefeita Nelsi Lázaro, perderá 30% de sua arrecadação. E sabe porque isso aconteceu? Por causa do incentivo fiscal!

Sim, o mesmo fator que traz empresas para uma determinada região, que gera empregos, renda, progresso, é o mesmo fator que faz com que empresas migrem para outros lugares alguns anos depois, deixando todos na mão, os trabalhadores, a renda e o progresso.

Quem ganha com isso? As empresas, claro, que conseguem escapar dos impostos. Um pequeno empresário que tenta ingressar no competitivo mundo dos negócios enfrenta muitas dificuldades, pois tem que enfrentar essas empresas gigantes sem contar com as mesmas regalias concedidas pelo governo.

Vão culpar a questão do dólar, dizer que estão perdendo competitividade, mas nada é bem assim. Os empresários são como os jogadores de futebol, mestres em falar sem dizer nada. Mas é esclarecedora a entrevista do presidente da Vulcabras, Milton Cardoso, que também preside a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), concedida ao Gaúcha Atualidade:

 “A indústria é uma atividade migratória. A empresa vai se instalar onde tem mais incentivos”, avaliou.

Um resumo sucinto e exato do que aconteceu nessa história. Existem leis que só beneficiam quem não precisa. O incentivo fiscal só é necessário porque se o governo daqui não der, outro vai dar. Falta integração entre os governos. Falta incentivo aos pequenos e sobra aos grandes.

Na real, falta muita coisa. Nada novo em um país em que a lei do coeficiente eleitoral elege quem faz menos votos e deixa de fora outros com maior votação. Com diz o livro de Eclesiastes tão sabiamente, não há nada novo debaixo de sol.



P.S.: Como de costume, a melhor cobertura escrita dessa notícia você lê no Jornal Integração.


segunda-feira, 9 de maio de 2011

Contra ou a favor


Muito já se falou sobre o hábito gaúcho de ser contra ou a favor de alguma coisa. Chimango ou maragato. Gremista ou colorado. De direita ou de esquerda. Oito ou oitenta.

Muito já se falou sobre o quanto isso atrapalha qualquer discussão racional, qualquer ponderação, qualquer avanço que exija os esforços integrados de todos.

Mas, é preciso dizer, que há algo mais que nos diferencia de todas as outras federações do país, algo que só aqui no extremo sul do Brasil se encontra. No Gre-Nal de ontem, antes do jogo, o vozeirão do Pedro Ernesto anunciava: “E agora a execução do hino rio-grandense...um dos raros momentos em que as duas torcidas se unem...”

Sim, as torcidas se unem. Os chimangos e maragatos, os colorados e os tricolores. Se unem porque  há um orgulho em ser daqui, em ter nascido neste chão, em representar estes pagos. As músicas tradicionalistas exultam e mostram pra qualquer pessoa um lugar pra viver sem chorar. Imaginem, um lugar onde tudo o que se planta cresce!

E a quem queremos que sirvam nossas façanhas? A nada menos do que toda a terra. Quanto orgulho daquilo que fizemos, quando vontade de desfraldar ao mundo inteiro que somos gaúchos e ostentar tudo o que conquistamos!

E é justamente essa a nossa maior qualidade. A capacidade de defender o lugar em que nascemos, de defender a nossa casa. Nos unimos por um motivo que não une nenhum outro estado dessa forma, e aí tem o Rio Grande do Sul a sua maior virtude.

E, como se sabe, povo que não tem virtude, acaba por ser escravo.

sábado, 7 de maio de 2011

Horóscopo diferente

 O melhor texto desta semana foi sem dúvida alguma o horóscopo de quarta-feira da Zero Hora, editado por Luis Fernando Veríssimo. Em comemoração aos 47 anos do jornal, o escritor voltou à seção em que começou no jornalismo e ainda foi editor por um dia do caderno de cultura. Muito afudê!

Confira o seu horóscopo:

Áries
Atrás de você, cuidado! Brincadeira. Você não sofrerá nenhuma ameaça. Nem tudo será perfeito, claro, mas quando a vida lhe sorri, não importa que ela não tenha alguns dentes. Agradeça o que você tem, pare de sonhar com o impossível e não chateie. Sua cor é o marrom.

Touro
Aquele seu plano envolvendo o bispo, o anão hermafrodita e o contrabando de alfajores do Uruguai  – você sabe do que eu estou falando – não daria certo. Deixe para a semana que vem, quando a Lua será propícia. Seu número de sorte é impar, maior que três e menor que 725. Não posso dizer mais nada.

Gêmeos
Simplifique a sua vida. Pare de pagar suas contas. Em vez da declaração de renda, mande um bilhete desaforado para a Receita Federal. Se reclamarem, dê risadas irônicas. Ande de chinelo de dedo com meias e lixe-se para os comentários. Você comanda o seu próprio destino. Mas muito cuidado nos cruzamentos, porque pode vir outro louco.

Câncer
Evite alho-poró e pessoas chamadas Itamar, Fulvio Luiz ou Dalva Maria, principalmente à noite. Vênus entrou na casa de Netuno, o que significa que suas finanças e sua vida sexual podem se deteriorar rapidamente – tudo dependerá do que acontecer lá dentro.

Leão
Você é uma pessoa decidida, voluntariosa, opiniática e, francamente, insuportável. Está num período de grandes realizações, mas não deve esquecer que aqueles em que você pisou para subir mal podem esperar para segurar o seu pé na descida. Na vida sentimental, cuide para não arruinar romances com esse seu hábito de responder “Ah é, é?” a cada declaração de amor.

Virgem
Não quero estragar seu dia, mas… Só vou dizer o seguinte: não saia da cama hoje. Se já se levantou e está lendo isto em outro lugar, volte para a cama imediatamente! Amanhã tudo voltará ao normal. A não ser que… Não, não. Tudo voltará ao normal..

Libra
Não esqueça de checar o prazo de validade de tudo, inclusive das pessoas com quem entrar em contato. (Muita gente que já ultrapassou o prazo continua, por assim dizer, nas prateleiras.) Você encontrará alguém que lhe transmitirá uma inquietação filosófica: “Como saber se a luz da geladeira apaga mesmo quando a gente fecha a porta?”. Afaste-se rapidamente.

Escorpião
O alinhamento dos astros favorece cruzeiros em navios de luxo, romances de bordo e visitas a lugares exóticos, mas não garante que você não enjoará o tempo todo e pedirá para morrer.  Se se arriscar, lembre-se que seu número na roleta é o 17. Pode não dar nada, mas é seu.

Sagitário
Aquele alguém que você esperava encontrar há tantos anos e que mudaria sua vida hoje estará dobrando uma esquina e esbarrando em você, dizendo “Não enxerga onde anda, não?” com irritação e seguindo adiante, porque seu signo é outro e sua previsão para hoje é completamente diferente.

Capricórnio
Parabéns. Seu futuro está assegurado. Você mesmo decidirá quanto ganha, terá prestigio, influência, mordomias… Mas primeiro terá que se candidatar e ser eleito.

Aquário
Abra-se para a vida, busque o que há de mais puro e autêntico do seu âmago e grite bem alto para os ventos: “Eu sou eu! Eu sou eu! Ou um fac-símile razoável!”. Abrace as contradições do mundo e declare seu amor por tudo que existe, seja animal, vegetal ou mineral, com a possível exceção do Ahmadinejad. Cante a beleza, cante a paixão e a Natureza, a qualquer hora do dia ou da noite. Só prepare-se para o protesto dos vizinhos.

Peixes
Estranhamente, não há nada previsto nos astros para os de Peixes, hoje. Talvez seja apenas um problema técnico