sexta-feira, 27 de maio de 2011

Apenas um número

Na semana passada, no meio de uma aula, não lembro qual, um cologa meu soltou a frase: “O slogan da Feevale diz que aqui a gente não é um número. A claro que é. Em qualquer lugar do mundo a gente é um número”.

A frase me caiu como um soco no ouvido, porque eu tive que concordar com ela. Eu, amante do ser humano, eu que gosto de estar rodeado de pessoas, que quero trabalhar com pessoas e para pessoas. Eu sei que no mundo nós somos um número. Um rosto difuso na multidão, na multidão que anda com pressa, sem saber aonde vai parar.

Às vezes eu canso. Eu canso e tenho vontade de chutar tudo. Que se danem as manhãs de segunda-feira, que se danem os impostos absurdos, as obras superfaturadas, a inoperância dessa juventude apática, os políticos mentirosos, o coeficiente eleitoral, o voto obrigatório, o alistamento militar, as complicações femininas.
 
E que se fodam todos os feriados em dia de fechamento de edição, todas as noites de domingo, que as noites de domingo nem precisavam existir. Que se fodam as músicas podres que viram sucesso e ficam na cabeça, as putinhas fazidas e as santinhas sem sal.

Que vá pra puta que pariu a campanha do desarmamento, o juiz ladrão que só marca falta pro outro time, as aulas no 2º andar do Multicolor, as sindicâncias que são abertas todos os dias para apurar casos que nunca serão apurados.

E que vá pro raio que o parta o desmatamento, a superpopulação, as fórmulas matemáticas que eu aprendi pra nunca mais usar, os empresários que destroem o meio ambiente, os psicopatas que invadem escolas e matam sonhos, os terroristas que fazem tragédias virarem números, os ditadores travestidos de democratas e os falsos populistas.

Às vezes a gente cansa. Tem vontade de chutar. Xinga meio mundo. Mas depois volta.

Volta a ser um número.

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