quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O poder do riso


Está publicado em Zh.com o resultado de uma pesquisa, da Universidade de Houston, falando sobre realização pessoal. Foi assim: cinquenta voluntários, divididos em dois grupos. Um dos grupos tinha 24 horas para tentar fazer com que as outras pessoas fossem mais felizes. O outro tinha apenas de fazer alguém sorrir.

O resultado indicou que as pessoas que tinham de fazer com que outras sorrissem se sentiram mais felizes no dia seguinte. Tem lógica: a felicidade é fugidia, é abstrata, indefinida. O riso não. O riso pode até parecer menor, momentâneo; mas é algo concreto, algo que não depende de interpretações.

Aliás, já digo isso há algum tempo: são os pequenos instantes os que realmente importam em uma vida. Os gestos simples. O cochilo matinal, o café fumegante, a imensidão de um dia cinza. E claro, a palavra. As que dizemos, as que omitimos, as que guardamos e as que deixamos escapar.


Momentos fugazes em que é rompida a linha tênue entre dizê-las ou não; para um lado ou para o outro, e então, tudo muda. Foi algo que aprendi: se puder, aposte nos pequenos instantes; e esqueça essa história de sonhar tão alto. Os dias de glória retumbante podem até vir, mas serão poucos. Já as pequenas conquistas; essas são as que realmente podem fazer a diferença.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

As selfies da imbecilidade


A justiça está barrando o Secret. Para quem não está familiarizado, é um aplicativo que permite que os usuários compartilhem "pequenos segredos" de forma anônima. Era pra ser algo banal, quem sabe até engraçado, algo do tipo "tenho mania de comer miojo cru".

Até que...bem, até que algumas - ou muitas - pessoas começaram a utilizar a ferramenta de forma maldosa, para cometer bullying, espalhando mentiras e comentários maldosos. Não chega a ser surpreendente. Ouvi dizer, certa vez, que a tecnologia tornou o ser humano um imbecil. Discordo. A tecnologia apenas propaga com mais intensidade um comportamento que antes estava entranhado em algum recôndito obscuro, mas que agora é gritado aos quatro ventos através das postagens.

Mas, tem mais.

Aconteceu neste final de semana, no velório de Eduardo Campos. As pessoas foram lá em grande multidão, muitas consternadas, outras tantas curiosas, até que, de repente, algumas começaram a tirar selfies com a imagem do caixão ao fundo. Se eu não visse essas imagens, talvez não acreditasse. Pois então, que fique registrado que no mês de agosto do ano de 2014 houve seres humanos que tiraram fotos de si mesmos em um funeral, por mais absurda que a ideia possa parecer.

Isso é outra coisa que me inquieta há tempos. O que motiva alguém a se gostar tanto? Afinal, uma pessoa que tira fotos de si mesma o tempo todo é alguém que se considera muito importante, e que, portanto, está há apenas um passo da arrogância e da presunção. Ou do desconhecimento. Porque apenas pode ser presunçoso aquele que desconhece quem realmente é.


Se soubesse quem é, não seria presunçoso; seria triste.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Como vencer a tristeza


Para vencer a tristeza, é preciso ficar alegre. Foi o que descobri na semana passada, quando o meu avô morreu. Parece um aprendizado óbvio, mas não é. Porque a maioria das pessoas, quando está triste, costuma fazer coisas que as deixam mais tristes ainda, como ficar remoendo desilusões ou ouvindo canções cheias de melancolia.

No velório, ao lado do caixão, onde também repousava seu velho chapéu de palha; começávamos a lembrar de histórias do meu avô, anedotas antigas ou recentes, e então, de repente...ali estavam sorrisos estampados nos nossos rostos. Tenho certeza de que, se pudesse escolher, meu avô preferiria assim, ele que também vivia sorrindo.

Mas, de todas as lembranças feitas naquelas horas difíceis de despedida, a que mais me comoveu foi a da minha avó. Entre lágrimas, ela me disse baixinho: "Repara quanta gente! Todo mundo gostava dele...Ele nunca brigou com ninguém. Sempre dizia que, se alguém ofendesse, ele virava as costas e iria embora!".

Marejei os olhos. Ali estava, na prática, a recordação de um ensinamento que vale mais do que mil lições com qualquer sábio. É assim que deve ser: de homens retos, você espera retidão. 

Fiquei alegre, orgulhoso por ser seu neto. E então, ainda com os olhos molhados, eu sorri. 

Sei que ele preferiria assim.