segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A dieta do palito


As pessoas, ou pelo menos muitas delas, são crédulas.

Por isso as bancas de revistas estão abarrotadas de publicações estampando na capa:

“Emagreça 8 quilos em uma semana!”.

Porque o editor sabe que uma gordinha qualquer lerá a manchete, e no mesmo instante vai sonhar consigo mesma desfilando em um biquíni minúsculo e atraindo olhares desejosos nas areias mornas de Tramandaí já na semana seguinte.

Então ela ilude-se e compra a tal revista.

O que me intriga é que mesmo a gordinha mais alienada deve saber que perder quilos de forma saudável requer algum tempo. No entanto, as revistas estão lá, e só são produzidas porque há quem as compre.

Cursinhos milagrosos de inglês, dietas relâmpago... Tudo isso é produzido, sim, mas o que me espanta mesmo é que tudo isso acaba sendo comprado.

Agora, pensem comigo: e se as pessoas que gastam dez reais em uma revista charlatã fossem a algum sebo, e se essas pessoas comprassem livros de verdade?!

Então, aos poucos elas tomariam gosto pela leitura, tornariam-se pessoas mais inteligentes, e obviamente mais interessantes também; pessoas que jamais cairiam na lorota de comprar uma revista que ensina a fazer a dieta do palito.

É bem verdade que a leitura não vai resolver os problemas de peso da gordinha, mas, enfim... nada pode ser perfeito neste vale de lágrimas.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O meu maior medo


 Sei que é natural na juventude uma certa irresponsabilidade, misturada com aquela sensação de que o mundo irá acabar no dia seguinte.

 Sei também que a responsabilidade chega quando o mundo passa a ser encarado por outro ângulo, o que possivelmente ocorre com a chegada dos filhos.

 E é aí que reside o meu maior medo.

 Temo pelos filhos dessa geração, que é também a minha geração.

 Porque estes filhos – como qualquer filho, em qualquer tempo ou lugar do mundo – eles vão precisar de cuidados, de ensinamentos, eles vão precisar de ORIENTAÇÃO.

 E me parece que essa geração que não cuida de si mesma, que só pensa no próximo porre, na próxima orgia, talvez não tenha condições de orientar adequadamente seus filhos um dia.

 Fico com a impressão de que o cara que consome “bala” em uma festa para ficar eufórico por algumas horas, talvez não seja um bom pai no futuro.

 Não pode cuidar de alguém quem não sabe cuidar de si mesmo.

 Quem consome essas drogas depois de passar por várias horas de palestras que alertam sobre suas conseqüências não é um jovem irresponsável; é um jovem burro.

 E são esses jovens que vão chefiar as famílias amanhã. Só posso temer pelo crescimento dos filhos que hão de vir.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O vidente que sou


Que ano surpreendente este de 2012, que escorre rapidamente para o seu final. Entre tantos erros, acertos e aprendizados, ele me trouxe também uma descoberta incrível: se me aperfeiçoar um pouco, posso me tornar um grande vidente.

Claro que não devo acertar todas. Aliás, algumas previsões devem ser guardadas a sete chaves, porque talvez a população mundial não esteja preparada para recebê-las assim, de chofre.

Digo isso por causa de uma brincadeira que fiz no início de janeiro. Me arrisquei em um post aqui no blog a prever cinco acontecimentos, e, como supus, algumas coisas realmente são muito previsíveis, mesmo para um vidente de primeira viagem como eu.

Vamos relembrar as previsões:

♦ Uma equipe do eixo Rio - São Paulo ficará com o título do Campeonato Brasileiro;
Acertei na mosca. O título do Fluminense foi como sempre é um campeonato de pontos corridos: sem graça. Não existe jogo decisivo, afinal vencer o Náutico vale a mesma coisa que vencer o São Paulo. E é no calor das grandes decisões que se cria um campeão de verdade.

♦ As duas edições do ENEM de 2012 serão marcadas por problemas e as provas serão anuladas por algum tribunal do Nordeste;
A primeira edição sequer saiu do papel, porque no Brasil o sonho vem antes; o planejamento depois. Na edição de outubro, um tema inexplicável para a redação. Mas houve evolução com relação aos outros anos.

♦ Algum juiz vai cancelar a anulação das provas poucos dias depois;
Errei essa previsão, porque nem anulação houve. Não sou contra o ENEM. Aliás, posso dizer que fui muito, mas muito beneficiado com o Exame. Sei que é difícil aplicar uma prova única em um país gigante como o Brasil. Talvez por isso as falhas sejam previsíveis, embora haja um trabalho sério por trás de tudo isso.

♦ Gianechinni, Lula e Cristina Kirchner irão se recuperar do câncer que os aflige;
Perfeito, sou um gênio! Dinheiro não compra a saúde, mas pode comprar bons médicos, e isso muitas vezes faz toda a diferença do mundo.

♦ Só no Brasil, milhares de pessoas vão morrer na fila do SUS sem conseguir se recuperar do câncer que os aflige.
Na mosca, e essa foi fácil. O problema do SUS é o mesmo problema da Educação: a desvalorização dos profissionais, que são mal pagos e desmotivados. É claro que existem inúmeros outros pontos, mas este é o principal. Pegue-se o melhor sistema público de saúde do mundo, o National Health Service, da Grã Bretanha. Lá os médicos até preferem trabalhar no NHS do que em um hospital privado. Lá eles se qualificam sempre, porque estão sempre sendo avaliados, e lá eles ganham um salário compatível com a função de salvar vidas.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Crime e castigo


Estou ansioso para ler nas férias “Crime e Castigo”, de Dostoiévski. Foi indicado por um professor de literatura que me garantiu: é o melhor livro que ele já leu na vida.

O autor tornou-se grande, segundo ele, porque em um dia do século 19 Dostoiévski foi condenado à morte, e acabou se livrando da sentença poucos minutos antes da hora em que seria executado.

Foi depois de encontrar-se na iminência da morte que ele criou suas maiores obras.

Tudo o que uma pessoa é, tudo o que ela acredita ser, todas as ambições que ela possui, tudo isso se esfarela diante da iminência do fim.

Digo tudo isso porque a mídia tem feito um grande alarde sobre mais um possível “Fim do Mundo”, mas na verdade a vida não é infinita para ninguém. É uma obviedade o que estou dizendo, eu sei, mas obviedades também precisam ser ditas. 

Porque se todos tivessem plena consciência de que ninguém é imortal, decerto que haveria menos desavenças no mundo, menos rompantes de ódio e menos inimizades.

E haveria mais pedidos de perdão.

A vida não é infinita.

Aliás, não foi nem para o Niemeyer.