quarta-feira, 27 de junho de 2012

Pela extinção de pitbulls e rotweillers

 Na última década os registros de ataques de cães ferozes praticamente dobraram. A cada dez pessoas que foram atacadas e mortas por cães, nove foram atacadas por animais das raças pitbull e rottweiler. Bastaria que o número fosse muito mais baixo para que as pessoas percebessem o potencial perigo que esses animais representam.

 Mas ainda assim, não basta.

 Os defensores dessas raças insistem em dizer que a agressividade dos animais é fruto de seus donos. Essa defesa diz muito sobre os seres humanos e a sua tendência a atribuir a culpa aos Outros. O Mal está sempre nos Outros, está sempre fora; jamais naquilo que você está defendendo.

 Os especialistas, porém, garantem: é o caráter genético dessas raças que manda atacar. Então, mesmo que um pitbull seja aparentemente dócil, mesmo que seja muito bem criado por seus donos, a fera que habita em seu Ser estará sempre lá, a espreita, pronta para vir a tona nos momentos mais inesperados. 

 Não é culpa dos cães; portanto. É algo da sua natureza. E essa natureza agressiva é justamente o que não permite que esses animais convivam harmoniosamente com o ser humano.

 Então, enquanto as pessoas continuarem buscando culpados fora do problema, crianças e adultos continuarão sendo atacados por essas feras e nada vai mudar. A minha sugestão é simples: esterilizar os machos da espécie. Nada de sofrimento, nada de dor, além da que já foi causada por esses animais.

sábado, 23 de junho de 2012

Minhas muitas caras


Eu não admito que me chamem de “duas caras”.

Eu tenho várias caras.

Para cada lugar, para cada situação, para cada pessoa. Sempre sou alguém diferente.

Pode ser que seja ruim, mas é verdadeiro. Porque eu nunca acordo de manhã pensando: “quem eu vou ser hoje?”.

 A minha multifacetude nunca poderá ser chamada de falsa ou de hipócrita, porque é espontânea em sua essência.

E é incontrolável. Não consigo falar as mesmas coisas ou agir da mesma forma quando estou com amigos e quando estou em uma aula da faculdade, por exemplo. Mais: é como se eu pensasse de formas diferentes.

Mas não deixo isso gerar crises de identidade em mim. Eu sei exatamente o que sou: muitos. Hoje mesmo, na oficina de criação literária, uma aluna me disse:

- Tu é muito sério, Luis. Muito certinho.

Eu não posso me deixar iludir com isso. Tudo seria tão mais fácil se me descrever fosse assim tão simples como ela fez.

 Mas também seria tão mais sem graça viver, que o benefício não compensa.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Perguntas inconvenientes


 Igrejinha agora tem moradores de rua. Digo agora, porque nem sempre foi assim, mas o crescimento – mesmo nas pequenas cidades - traz consigo o que o Brasil sempre teve de pior: a desigualdade social gritante. 

 Qual a história de vida dessas pessoas? Como chegaram a esse ponto? Vivendo de forma degradante;  bêbados, sujos, passando frio e fome, podem ter alguma perspectiva de futuro?

 De quem é a “culpa”?

 O que eles fazem para se ajudar? O que NÓS fazemos para ajudá-los?

 E, acima disso, de quem é a responsabilidade? Só dos governantes? Será que é sua? Será que a minha? Qual é a parcela de cada um nisso tudo?

terça-feira, 12 de junho de 2012

Duas histórias curtas


Louca por Sexo
Rita era louca por sexo. Não havia em toda a vizinhança homem que não tivesse compartilhado carícias com ela em sua larga cama de casal. Não é que não amasse Fábio, seu fidelíssimo marido, mas um só homem jamais conseguiria satisfazer seu apetite sexual. O problema é que o marido traído precisa, em algum momento, voltar para casa para buscar alguma pasta ou documento esquecido, senão a história não tem graça.

Aconteceu, em um dia não tão belo.

Fábio percebeu ruídos estranhos vindos do quarto. Estranhos não, familiares. Pensou durante alguns segundos que lhe pareceram eternos. Considerou todas as possibilidades, todas as possíveis conseqüências. Era preciso agir rápido.

E Fábio agiu.

Deu meia volta e retornou ao trabalho. Dar o flagra seria o fim de tudo. E não é sempre que se encontra uma mulher louca por sexo como a sua Rita.


Namorada Paranóica
A namorada vai tirar satisfações:
- Tu passou por mim hoje e não me olhou – diz, amuada. – Ta brabo comigo?
-Não – desconversa o garoto – é que eu não te vi então.
-Pode falar se tu ta brabo comigo – ela insiste.
-Mas eu não to. Juro! – Ele procura demonstrar ajeitando de leve uma mecha de cabelo caída sobre o rosto da menina.
Ela fica um tempo quieta, olhando pra baixo. O rapaz ainda arremata:
-Porque eu ia estar brabo contigo?
Mas é que, cara, essa namorada é muito paranóica:
-Pode negar. Mas eu sei que tu ta chateado.
Aí ele não aguenta:
-EU NÃO TO CHATEADO, QUE COISA!
E ela concluiu, triunfante:
-Viu como tu ta irritado?

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Momento sem hipocrisia


Eu não sinto o menor remorso em sair do supermercado cheio de sacolas plásticas, não controlo o tempo que eu fico no chuveiro e até já escovei os dentes com a torneira aberta.

Com os outros, eu bebo mesmo se estiver ruim. Eu já fumei uma vez e só como salada porque dizem que faz bem.

Eu odeio acordar cedo. Eu me atraso.  E só não furo fila porque não dá pra se fazer isso sem ser notado pelos outros.

Eu detesto quando falam mal de mim sem me conhecer, mas faço a mesma coisa com muita gente.
Eu me superestimo. Eu penso que escrevo bem. Eu não sei me divertir sozinho.

Ah, e às vezes eu minto para mim mesmo. E finjo que acredito.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

terça-feira, 5 de junho de 2012

Eu tive que dizer

Eu sei que ele estava com um pouco de pressa, mas eu tive que dizer: "cara, os meus colegas da Letras te detestam, mas eu realmente gosto do que tu escreve".


sábado, 2 de junho de 2012

Preciosidade descoberta


Assisti ontem à noite a um bate-papo papo com a escritora Cláudia Tajes, e depois à peça Dez Quase Amores, baseada no seu primeiro livro. Eu já tinha lido o livro, que é realmente muito bom, e devo dizer que a peça não fica devendo em nada para a história original. Muito boa também.

O que mais me chamou atenção, no entanto, foi a escritora. É que a Cláudia Tajes é modesta. Tímida até. Dois predicados que eu não esperava que ela tivesse, pelo estilo sem papas na língua usado para escrever e por tudo o que ela conquistou nos últimos anos, se tornando até roteirista da Globo.

A Cláudia contou que há mais ou menos dez anos levou o seu primeiro livro pronto para a Editora “na maior cara de pau”. Mesmo com o sucesso da autora depois disso, muita coisa poderia ter acontecido e feito com que tudo transcorresse de um jeito diferente.

A escritora poderia não ter dito a tal cara de pau e nunca ter ido até a Editora. Ou ainda, a Editora poderia recusar o trabalho, mesmo sendo um ótimo trabalho, porque isso acontece todos os dias no Brasil.

Mas não. Uma combinação de talento e um pouco de sorte alçaram Cláudia Tajes a um lugar ao sol. Tantos são os que não conseguem, tantos são os bons, os talentosos, que nunca serão descobertos... E quantas histórias deixaremos de ler, quantas músicas jamais serão ouvidas...

Entre tantas preciosidades que nunca serão conhecidas, Cláudia Tajes mostra que tem potencial para continuar entre os grandes escritores gaúchos da atualidade.

Melhor pra todos nós.