domingo, 29 de março de 2015

Que mulher chata!


Foi um amigo meu quem me disse, dias atrás: “Sabe aquela gostosa? Conversei com ela. E, cara, ela é muuuuuito chata!”.

Fiquei impressionado, porque aprendi a não menosprezar a ênfase de uma palavra com as vogais estendidas dessa forma. Meu amigo estava realmente decepcionado. Também pudera. Endeusou quem não merecia ser endeusada. Aliás, existirá alguém que mereça? Duvido.

Mas o fato é que, tanto para homens quanto para mulheres, chatice embaranga. De nada adianta ter uma bunda de parar o trânsito, ou um bíceps avantajado; se o seu papo for entediante. Nestes tempos em que está tão fácil conseguir sexo casual, ter algum conteúdo é um grande diferencial.

E aqui, faço um adendo. Não tenho nada contra o sexo casual, pelo contrário, acho que o mundo seria um lugar melhor se as pessoas se aproveitassem mais; mas acho triste imaginar que possa existir alguém – homem ou mulher -, que possa ser classificado em “para transar” e nada mais.

Roupas de marca, maquiagem, a aparência física. Tudo isso pode até ajudar uma pessoa a se tornar mais atraente, mas, se esses forem os seus únicos investimentos realizados em si mesmo, você corre o risco de desapontar as pessoas ainda na primeira conversa.


O que aconselhei ao meu amigo? Simples: pessoas chatas ou sem conteúdo, melhor deletar. Nenhuma bunda vale tanto sacrifício.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Cinco mitos sobre o regime militar no Brasil

1) A ditadura brasileira foi leve
Por mais que os números de crimes cometidos por regimes militares em outros países, como Chile e Argentina, seja bem maior do que o Brasil, isso não pode fazer com que se minimizem os assassinatos e torturas cometidos no nosso solo. Além disso, as fontes oficiais não consideram pessoas que seguem desaparecidas até hoje, além de crimes que foram acobertados, como suicídios forjados de opositores do regime

2) Na Ditadura Militar havia menos corrupção
Infelizmente, Papai Noel e Coelhinho da Páscoa não existem. Você pode até se iludir, mas a verdade é que não se podia investigar NADA. Jamais poderemos comparar com os dias atuais, simplesmente porque, naquela época, a independência de instituições como a Polícia Federal e o Ministério Público ainda era algo utópico. Sempre se roubou no Brasil. E muito.

3) Os militares trouxeram o “milagre econômico”
Para resumir a economia brasileira no período do regime militar, ninguém melhor do que um dos generais que presidiu o Brasil. Pois foi o ex-ditador Médici quem, certa vez, tascou a seguinte frase: "O Brasil vai bem, mas o povo vai mal”. De fato, o PIB do nosso país crescia acima dos 10% ao ano, Porém, o poder de compra do salário mínimo era baixíssimo, a dívida externa brasileira cresceu como nunca e os sindicatos não tinham voz nem vez. A desigualdade social manteve-se um abismo no Brasil, com os pobres ficando ainda mais pobres.

4) Só era preso ou torturado quem merecia
Segundo relatório da Comissão Nacional da Verdade, milhares de índios foram mortos por agentes do governo militar durante a construção da rodovia Transamazônica. Além disso, bastava ser da oposição para se tornar um inimigo em potencial do governo. E mais: houve perseguição a escritores, cantores e atores. Quem não fizesse exatamente aquilo que o regime queria, era obrigado a refugiar-se, ou sofreria as consequências físicas;



5) O Golpe de 64 livrou o Brasil de se tornar uma ditadura comunista
Não há embasamento histórico para se fazer tal afirmação. Contudo, proponho uma reflexão: se Jango era um presidente legítimo, eleito no voto (naquela época as pessoas votavam para presidente e para vice em votações distintas), por que ele aplicaria um golpe em si mesmo? Além disso, as tais “reformas de base” defendidas por Jango estavam longe de ser comunistas. Estabelecer direitos iguais entre trabalhadores urbanos e rurais e cobrar impostos maiores de grandes empresas estrangeiras que estavam instaladas no Brasil são pautas que continuam latentes até hoje.

quinta-feira, 5 de março de 2015

A lista mais dolorosa

As pessoas gostam de fazer listas. Mesmo as desorganizadas. É um lembrete que ficou grande demais para um pedaço pequeno de papel.

Há listas de todo o tipo. As de despesas são um porre. Já as listas de lugares que se quer conhecer possuem um misterioso encanto: é como antecipar os prazeres das viagens e descobertas que hão de vir.

Listas de livros e filmes estão entre as mais difíceis de elaborar. Quais deixar de fora? Que dilema cruel! Como resumir e classificar os melhores do cinema e da literatura como se fossem times em um campeonato de futebol? Complicado.


Nesta semana em que o Brasil espera, fremente, pela lista dos políticos que serão investigados na Operação Lava-jato, deveríamos também listar tudo o que poderia ter sido feito com os vultuosos recursos públicos desviados; e não foi. Os problemas que poderiam ter sido corrigidos, as reformas que poderiam ter saído do papel. A saúde, a educação, o transporte público,as demandas tantas que poderiam ter sido solucionadas. Puta merda, que lista mais dolorosa de se fazer!