quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Reflexões sobre o vestibular

 Eu tenho mantido uma filosofia de não colocar aqui textos de outras pessoas, mas quando você lê algo e pensa: "puta merda, por que EU não escrevi isso?", então deve-se abrir uma exceção:

"Um país sério estabelece o escore mínimo a ser alcançado por um estudante para entrar na universidade e banca vagas para todos os aprovados. Esse conhecimento mínimo é exigido em nome do bom acompanhamento das atividades universitárias.
 Já o vestibular cria uma competição entre os adolescentes, isenta o Estado de abrir vagas para todos e gera a ideia de que só os "melhores" devem chegar à universidade. O primeiro erro é pensar que os vencedores são, de fato, os melhores. 
  Fazer a mesma prova no mesmo horário não estabelece igualdade na competição. As condições de preparação são profundamente desiguais. Salvo exceção, vence o que teve mais tempo e melhores condições de preparação. O vestibular reproduz a desigualdade social.
  A segunda falácia do vestibular diz respeito à ideia de que só os melhores devem entrar na universidade. Por quê? É uma concepção elitista, discriminatória e oportunista. Permite a um extrato social manter a ocupação dos melhores espaços da sociedade.
   A universidade deve receber todo mundo e "melhorar" os menos bons ou os piores. Cada jovem deve ter o direito de ser "melhorado" nos bancos do ensino superior. Deve ser fácil entrar na universidade. Difícil tem de ser a saída. A justificativa para a utilização do vestibular sempre foi a de que não haveria recursos para bancar todo mundo na universidade.
   É conversa fiada. 
  Por trás dessa racionalização esconde-se a mentalidade meritocrática de reprodução do modelo social dominante. Aos ricos, a universidade. Aos pobres, o ensino técnico. Salvo, obviamente, as exceções que confirmam as regras."
Juremir Machado da Silva

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