quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ligação Anônima (final)

Naquele dia, Arthur saiu do trabalho mais cedo. Não conseguia se concentrar. Em sua mente, apenas ecoavam as palavras “eu sei de tudo... tudo... tuuudo...”.

Preparou um jantar especial para esperar Rita. Espaguete ao molho branco, o prato favorito da esposa. Não sabia se devia contar ou não para a esposa, não sabia como disfarçar o medo culposo que sentia, não sabia como esquecer aquela ligação. Afinal de contas, fosse quem fosse, o delator não poderia ter provas do que havia acontecido. Ou poderia?

Quando Rita chegou, Arthur sentiu-se como um menino que fizera algo muito errado esperando ser repreendido pela mãe. Apesar dos anos, Rita ainda conservava a beleza dos anos de juventude. Na verdade, Arthur a considerava cada dia mais bela.

-Ué –estranhou a esposa – Que surpresa é esta? Andou aprontando? - perguntou Rita, atirando o casaco sobre o sofá.

-E-eu?- gaguejou Arthur - Meu bem, eu só queria te agradar...

- Estou brincando, bobo! - riu a esposa, dando-lhe um beijo sonoro na bochecha - Vou tomar um banho antes do jantar!

Naquela noite, ao se preparar para dormir, Rita estava intrigada. Arthuer parecera-lhe estranho durante todo o jantar, como se estivesse se sentindo acuado. Na hora de transarem, nem seus repetidos esforços conseguiram fazer com que ele tivesse uma ereção.

- Calma, amor -dissera em seu ouvido. - Você tá muito estressado. Melhor tirar umas férias...
Mas Arthur não respondera. Rita ainda sentia que o marido permanecia acordado ao seu lado quando o celular começou a tocar.

-Quem é que está te ligando a esta hora? - quis saber Arthur.

-Não sei...Número privado. -respondeu Rita, que então atendendeu ao telefone:

-Aloaaa.

Após um breve silêncio, Rita sentiu todos os pêlos de seu corpo se arrepiarem de pânico. A voz do outro lado era ameaçadora e não deixava dúvidas:

- Eu sei de tuuudo...

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