quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Querido Papai Noel

Eu sei que não é comum o senhor receber uma carta de alguém como eu e que árvores não costumam escrever - muito menos lhe endereçar cartas – mas vivemos tempos em que todo mundo compra a história de vampiros que brilham no Sol, o que significa que tudo é permitido.

Aliás, é justamente por isso que estou lhe escrevendo, Papai Noel. Está tudo muito permitido. Fiquei chocada com a discussão do Código Florestal, por exemplo. Os produtores alegam que precisam desmatar para sobreviver. Tão justo quanto um matador profissional defendendo suas atividades assassinas.

Mas não. Nós jamais seremos tratadas como seres humanos, porque os seres humanos acreditam MESMO que tudo o que está a sua volta está ali para servi-los. Nós purificamos o ar, damos madeira, mantemos a ordem na cadeia alimentar e nos ecossistemas, tudo apenas para servir ao ser humano.

Eles esquecem que nem sempre foi assim. Eu, por exemplo, cheguei aqui primeiro, há uns 460 milhões de anos. Era tudo muito calmo, um sossego que era uma beleza. Surgiram os índios, claro, mas eles até que nos respeitavam. Uns dias atrás é que os brancos chegaram. Uns porcos, todos eles, só queriam saber de comer as índias e levar o Pau-Brasil e o ouro para o outro lado das águas.

De uns tempos pra cá é que virou bagunça, Papai Noel. O ser humano está cada vez mais ganancioso e transforma tudo em moeda de troca. Destrói a natureza, sua própria casa, como um drogado vendendo seus móveis para consumir mais. Será que é isso, Papai Noel? Será que o dinheiro é uma droga que aniquila mais do que o crack?

Eu não sei mesmo, Papai Noel, e olha que tenho tantas dúvidas... Não dá para pensar muito, porque aqui tem cada vez mais gás carbônico e menos colegas para me ajudarem. Mas neste ano eu que nunca peço nada, resolvi pedir.

Querido Papai Noel, neste Natal eu gostaria muito de que os seres humanos parassem um pouco para pensar. Só um pouco. Que se dessem conta do que estão fazendo com a gente. Que decidissem parar um pouco. Só um pouco. Não digo que vou gostar deles Papai Noel, mas acredite em mim, eles precisam mais de nós do que nós deles.


Uma Árvore.

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