quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Eu nunca simpatizei com o Neymar

Eu nunca simpatizei com o Neymar. Aquele jeito irresponsável de jogar, aquela marra toda, aquele ar esnobe de quem se sente o dono do mundo. Depois, quando Neymar brigou com o treinador por ser substituído, antipatizei ainda mais. Porque uma pessoa, seja ela quem for, deve saber respeitar quem está acima ou abaixo dela na hierarquia de qualquer empresa, escola, órgão público ou, como no caso, clube de futebol. Mesmo que essa pessoa seja um garoto de 17 anos.

Por isso, me surpreendi ontem com a noticia sobre o desfecho da disputa entre Barcelona e Real Madrid para contratarem o jogador. As equipes faziam ofertas cada vez mais altas, sempre em euro, a despeito da crise que vivem os países da zona do euro. Então, quando ouvi ontem a entrevista do Neymar, me surpreendi. Ele disse:

- Se eu apenas considerasse valores financeiros, não pensaria duas vezes e sairia do Brasil. Mas não é o dinheiro que me move. Por isso, vou ficar no Santos.

Não menos surpresos ficaram os espanhóis. E o mundo todo. É realmente de se admirar. Há poucos dias, um outro jogador, Ronaldinho, recebeu a maior vaia da história do estádio Olímpico, justamente o estádio em que foi revelado ao mundo, justamente no estádio em que ouviu os primeiros aplausos e gritos de incentivo.

Por quê? O que fez Ronaldinho para merecer tal tratamento? Simples: Ronaldinho desrespeitou sua torcida. Agiu de forma leviana, assinando com um clube enquanto dizia amar e fingia negociar com o Grêmio. Mostrou que seus valores são valores financeiros. É a diferença entre o craque e o ídolo. O craque Ronaldinho vai se aposentar e será enxotado para o hall do esquecimento e da fria indiferença. Ídolos como Renato e Felipão sempre serão lembrados. Lembrados por seu talento e, acima de tudo, pelo caráter que têm.

E essa atitude que tomou Neymar, uma atitude de ídolo, agora me faz respeitá-lo. Neymar – quem diria!- mostrou que ainda existe honra nos homens e é desse material que são feitos, mais do que os homens, os heróis.
Eu posso andar de cabeça erguida na terra em que eu nasci. Compra isso com teu dinheiro.

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