segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Crianças de circo


Ontem à noite eu perguntei pra minha mãe se ela lembrava o que eu queria ser quando tinha 5 anos de idade, mas claro, ela não lembrava: “Ai, Felipe, quanto tu era criança tu quis ser de tudo: médico, soldado, e até político!”

Isso confirma a minha tese de que criança não sabe o que quer, simplesmente porque...é criança. Então, quando aquela menina que se apresentou por essas terras no sábado, quando ela começou a apresentar-se em circo, ela tinha apenas 5 anos de idade, e também não devia saber o que queria da vida.

Hoje, se você perguntar para ela, é possível e até previsível que ela diga que ama a vida circense. Como poderia pensar diferente, se jamais teve outra perspectiva? Agora, o que mais me deixa indignado é saber o quanto isso mee com o algo tão importante na infância: o estudo.

E isso acontece por força da Legislação. A Lei 301/1948 ampara filhos de artistas de circo e militares, para que eles tenham uma vaga garantida em qualquer instituição estadual, mediante a apresentação do certificado de matrícula da escola da última localidade por onde tenham passado.

Olhem esse trecho que eu encontrei na internet:
"Tem lugares que a criança estuda só terça, quarta e quinta, e na sexta o circo vai embora. Eu mesmo terminei o segundo grau assim”, conta Marlon Pires, palhaço do circo Stankowich.

Você não precisa ser nenhum pedagogo para deduzir que estudar a cada semana em um colégio diferente prejudica o aprendizado de qualquer aluno. Ou pior, anula o aprendizado de qualquer aluno.

É assim que são as coisas. Os pais não querem deixar que outra pessoa tome conta de seu filho, mas também não querem sair do circo. O que fazem, então? Levam as crianças junto, e elas que aprendam a amar a arte circense, porque se elas não amarem...bem, elas não tem essa opção.

Já proibiram os animais em circos, mas nas crianças ninguém fala nada. No Brasil é assim. Mais fácil encontrar quem defenda os direitos dos animais do que quem defenda os direitos humanos.

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