sexta-feira, 13 de abril de 2012

O que vem depois do último suspiro

Não é a toa que a maioria das crenças e religiões prega a imortalidade da alma. Para quase todas as pessoas, a morte física não é o fim de tudo. Mais do que uma simples aceitação religiosa, essa é uma crença necessária.

Pense em uma lei qualquer, por exemplo. Por que ela é cumprida? Porque há uma multa ou uma punição maior para quem desobedecê-la. Por que devido a uma crença religiosa muitas pessoas deixam para fazer sexo depois do casamento? Porque acreditam que serão recompensadas futuramente, seja com um matrimônio feliz ou com um lugarzinho no Céu.

A lógica é simples: tudo o que fazemos é baseado nas conseqüências. Seja por medo da punição ou pela expectativa da recompensa vindoura, há muito pouco sem segundas intenções debaixo do Sol.

É essa a conclusão que nos faz retomar a questão inicial. PRECISAMOS acreditar que há algum tipo de existência depois da Morte, caso contrário seríamos seres eternamente desmotivados sobre a face da Terra. Pior do que isso, seríamos um povo sem lei, seria o Caos.

Por que eu iria cumprir regras se eu não acredito na tal Vida Eterna? Para quem? Foda-se, eu vou morrer e apodrecer um dia mesmo. Todo mundo vai. Eu não preciso conquistar nada, nem chegar a lugar algum. Eu não preciso respeitar ninguém. Eu faço o que eu quiser porque daqui a alguns anos eu não vou mais existir e nem vão mais existir aqueles que me criticam.

Por isso acreditamos na vida depois da Morte.  Para dar alguma legitimidade aquilo que fazemos e conquistamos. Mesmo que seja presunçoso acreditar que somente nós sejamos os contemplados a ter uma alma capaz de viver para sempre; mesmo que o natural seja fazer parte de um grande ciclo, como todo o resto, e aceitar que podemos simplesmente “acabar um dia”, as pessoas precisam crer que são imortais.

Por isso podem até existir ateus, mas nunca descrentes. Você não pode viver sem acreditar em alguma coisa. Basta escolher pelo que vale a pena morrer acreditando. 

2 comentários:

  1. Discordo. Eu deixo de fazer muitas coisas erradas , não pelo fato de que eu tema um julgamento após a minha vida na Terra -nem ao menos sei se creio que realmente existe uma- ; Mas o foco é que até certo ponto isso realmente é verdade , todos fazemos coisas pensando no que virá depois , mas não significa que isso tem algo diretamente relacionado à fé. Ainda existe repreendimento das pessoas da sua volta após ter feito algo errado. Sem falar na cadeia.
    Um exemplo bobo disso , é sempre limpar os farelos de pão da mesa quando se é criança. Isso não leva ninguém ao inferno após a vida , e sem mencionar que nem ao menos pensávamos nisso quando eramos crianças ,e mesmo assim deixávamos de fazer coisas "erradas".
    O ponto em que quero chegar , é que não fazemos ou deixamos de fazer algo pensando diretamente em como será nossa vida após a morte , mas sim por extinto. Se o discussão -ou até mesmo o modo como te tratam- após você ter feito algo errado , te machucar (tanto psicologicamente quanto fisicamente), e -se for o caso- você se sentir mal após isso , você automaticamente irá re-pensar seus atos e analisar se que o desconforto após tal ação valeu a pena.
    Evitamos fazer coisas "ruins" não pelo pensamento da vida após a morte , mas pelo desconforto que isso traz.

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    1. Se evitamos fazer pelo desconforto que isso traz, então evitamos por temermos a consequência (no caso, não se sentir confortável). É o que eu disse: "A lógica é simples: tudo o que fazemos é baseado nas conseqüências." A questão vida eterna entra nessa lógica, mas eu NÃO quis dizer que tudo o que fazemos está subordinado a essa questão.

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