segunda-feira, 22 de outubro de 2012

As lágrimas da festa


Eu estava ontem nas cabines de imprensa no instante em que começou o show de João Neto e Frederico aqui em Igrejinha, e lá do alto vi algo que me chamou a atenção: escorados perto do estande de mini pizza, um casal discutia.

Sei que há casais discutindo em todos os lugares e momentos possíveis, por qualquer motivo que se possa imaginar, mas o que me prendeu naquela cena foi o fato de que a menina chorava. Ela era muito bonita, ou assim me pareceu de longe; e aquelas lágrimas de alguma forma a tornavam ainda mais bela.

Aliás, a tristeza quase sempre é bela.

E bom, as pessoas geralmente evitam chorar em público, a não ser que estejam acometidas de uma emoção realmente muito forte.

Por isso a cena me chamou atenção. Aquela menina chorava. O namorado gesticulava, parecia querer convence-la de algo. Por vários minutos observei os dois, ela sempre triste, ele sempre falando; e eu curioso, pensando: qual será o motivo de eles estarem assim em uma festa?

Então, quando o show já passava da metade, desci para comprar algo e passei perto do casal. Foram instantes breves, não mais do que alguns segundos, mas que foram suficientes para que eu ouvisse a voz magoada da menina perguntando:

-Mas e agora, como eu vou confiar em ti?

Apenas uma frase, e tudo se fez luz. Agora eu já sabia o que havia acontecido. O cara traiu a menina, e ela, apaixonada que estava, aceitava perdoa-lo. Mas como voltaria a confiar nele?

Me compadeci do cara. Um homem, quando trai a companheira, trai por apenas um motivo: fraqueza. O homem que trai é frágil porque quer provar a si mesmo do que é capaz. Ele acredita que a vida é uma eterna conquista, e para isso ele precisa ser um eterno conquistador.

Me compadeci porque sei também que o homem que trai é um perdedor. Alguém que derrotou a si mesmo, e essa é a pior derrota que pode existir.

Com as mulheres é diferente. Uma mulher quando trai, também o faz por apenas um motivo, só que diferente: vingança. É um gesto frio, minuciosamente calculado. A mulher se vinga de tudo, desde a apatia ou ausência do companheiro até uma traição do passado que ela fingiu engolir.

Por saber disso tudo, é que me compadeci do rapaz aflito na festa de ontem.  A menina que chorava jamais poderá confiar nele novamente, e nisso reside todo o mal da história. Um relacionamento pode funcionar até mesmo sem amor, mas jamais sem confiança.

Não há mais o que fazer, senão começar outra história. Insistir é mais do que perda do tempo; é auto­ilusão. As mulheres são mais frias do que os homens, tolos que são, supõem. Perdoam, mas não voltam a confiar.

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