sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Desânimo e desabafo

 O desaparecimento do menino Juan me quebrou ao meio. Não só por compaixão aos familiares, que certamente estão desesperados, mas o que mais me abalou foi o fato de que isso aconteceu aqui no nosso bairro Viaduto, um bairro que eu sempre considerei tranqüilo, e em Igrejinha, que também deve ter sido tranqüila um dia.

 Eu mesmo, quando tinha a idade do Juan também era coroinha. O desaparecimento desse menino é um tapa na nossa cara. Pela forma como ocorreu. Às 6 da tarde, com sol alto, passeando com seu cachorro, que é o que todas as crianças fazem no horário de verão.

 A sensação que eu fiquei é de que não há saída, a não ser esperar sempre o pior. Não existe mais a Liberdade de se viver com tranqüilidade. Um pai não pode ter a Liberdade de dormir sossegado sem medo de que sua casa seja invadida por ladrões e uma criança não pode ter a Liberdade de brincar serenamente na rua, pois uma voz nos diz que o Mal está em todos os lugares e pode se manifestar a qualquer instante.

 Nesse estado de coisas em que a nossa sociedade se encontra é difícil achar lugar para a esperança. É preciso mudar tudo. Investir em Educação, formar cidadãos dignos que não busquem o caminho da criminalidade, enfim, criar um lugar melhor para se viver. Mas essa Liberdade o Estado Brasileiro não proporciona.

Por quê? Eu já não sei mais. Queria ter uma fórmula pronta para resolver todas essas questões, mas dessa vez me rendo ao desânimo de pensar que talvez as coisas nunca mudem.

 Concluo o desabafo rezando para que o Juan seja encontrado, que tudo tenha sido um susto, e que possamos, um dia, viver em lugar melhor, com pessoas melhores e crianças brincando livremente.

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