terça-feira, 2 de setembro de 2014

Carrinho de controle remoto

Tenho uma frustração de infância, e talvez ela explique todos os meus dilemas atuais, mesmo que eu não saiba exatamente quais são eles. Mas a verdade é que eu queria muito ter algo que jamais pude ter.

Era um carrinho de controle remoto, dos grandões, vermelho e com os detalhes em preto. Lindo e imponente, ele aparecia em uma propaganda de TV serpenteando por pântanos e ambientes perigosos. Cara, aquele era um carrinho resistente.

E me fascinava.

Era como uma Ísis Valverde: depois de te chamar atenção uma vez, você não consegue mais esquecer. E eu não esquecia. Era insistente, fazia birra, usava de todas as artimanhas que me ocorriam, mas não ganhava. Hoje, imagino que ele deveria ser realmente caro, porque tive vários outros brinquedos, mas esse foi sempre negado.

Na minha turma ninguém tinha, porém TODOS queriam ter aquele carrinho. Com o tempo, fui entendendo que é mais ou menos assim: queremos o que todos querem. E quando algo é muito elogiado, passamos a acreditar nisso, passamos a enxergar qualidades naquele produto que antes não perceberíamos, e por isso, pelo lado emocional, décimos que queremos.


Não é a razão que manda, portanto. É a emoção. O que não significa que uma pode completamente dissociada da outra. Essa lógica vale também para o voto. Por que todos estão dizendo que vão votar na Marina? Simples: Porque todos estão dizendo que vão votar na Marina. Corro o risco de ser simplista, eu sei, mas que essa lógica funciona, isso eu posso garantir.

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