quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Por um voto valorizado

Se por um lado é surpreendente o alto número de eleitores que dizem ainda estar indecisos sobre em quem votar para os cargos de deputado estadual e federal - apontado nos últimos dias pelo Instituto Datafolha -; por outro, podemos concluir que o índice apenas confirma uma triste realidade que tem se repetido em sucessivas eleições: o brasileiro vota mal. Essa apatia política ocorre pelo simples fato de que o eleitor dá pouca importância ao próprio voto, deixando para fazer suas escolhas na última hora, com pouca análise e um mínimo de ponderação.

Esse mesmo levantamento também nos leva à inexorável previsão de que a maior parcela da população, dentro de poucos meses, sequer vai lembrar em quem votou. A ideia de vitimização da sociedade, propagada pela mídia e pelo senso comum com a velha frase que afirma que “nenhum político presta”, serve apenas para diminuir o trabalho dos bons, os igualando aos maus; e ainda nos transmitir a falsa sensação de que o protagonismo eleitoral está distanciado da população. Na verdade, somos diretamente responsáveis por aqueles que elegemos, e temos mais uma função que é essencial para o pleno exercício da democracia: a fiscalização.  

É comum que muitas pessoas tenham a impressão de que a participação política ocorre apenas na hora do voto, a cada dois anos. Porém, precisamos com urgência da consciência coletiva de que este é um processo contínuo, que envolve também acompanharmos o trabalho daqueles que foram eleitos, cobrando empenho na defesa das demandas da sociedade, e o cumprimento da chuva de promessas que costuma permear as campanhas eleitorais. Nessa lista de atitudes necessárias, votar é apenas a ponta do iceberg de um processo que, em tese, deveria contar com a participação ativa de toda a sociedade.

O eleitor assume o protagonismo que lhe cabe quando compara os projetos e escolhe candidatos que priorizam a apresentação de soluções concretas para os seus problemas, deixando de lado aqueles que optam pela via da difamação e da ofensa aos adversários, esquecendo de apresentar suas propostas. Compreender que cada voto é importante, e que cada cidadão é uma peça fundamental na engrenagem política que rege nosso país, é o único caminho para a valorização do voto e, mais do que isso, para a nossa valorização como autores de nossa própria história, e não meros espectadores.

(Publicado no Jornal Integração, 02/10/2014)

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