terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Sou uma ameaça

Aconteceu algo inusitado quando visitei a praia do Rosa, em Imbituba, na semana passada. Centenas de carros se aglomeravam na entrada. O acesso para a praia era difícil, e eu não estava encontrando lugar para estacionar. Para piorar, o estacionamento mais próximo cobrava exorbitantes cinquenta reais. Então, fez-se a luz: vi um lugarzinho, debaixo de algumas árvores, a um canto da estrada. Fiquei na dúvida se poderia estacionar ali, mas percebi que outros motoristas faziam o mesmo, então segui em frente.

Quando me preparava para desembarcar, um policial passou por mim, em uma motocicleta, observando tudo. Não fez nenhum tipo de sinal de que eu não poderia deixar o carro ali. Tudo bem, pensei, olhando para o policial.

Triste engano.

Ficamos na praia por alguns minutos, apenas o tempo de tirar algumas fotos, e, quando retornamos, encontrei o mesmo policial ao lado do carro, anotando uma multa. Por uma razão simples: ele não estava lá para orientar o acesso à praia, estava lá para multar.
Sei que é a mesma lógica dos policiais rodoviários que se posicionam atrás de árvores, alguns metros depois dos controladores de velocidade. Ora, é óbvio que logo depois do pardal, ninguém poderá acelerar tanto a ponto de estar a uma velocidade perigosa. Certamente, não passará de uns 15 ou 20% do limite.

 Mesmo assim, eles estão lá, à espreita desses "perigosos" motoristas. Agora, imagine se esses agentes da lei estivessem a serviço REALMENTE de evitar acidentes? Muito melhor, não? Mas,não. Eles estão ocupados demais, prestando atenção em você e em mim. Somos uma ameaça. Uau!

Faço essa reflexão não para dizer que me sinto injustiçado: até porque, se existem leis, elas devem sim ser cumpridas.Há policiais com bom senso, posso afirmar que sim, eu mesmo conheço vários. Por que não são todos assim? Por que alguns fazem com que a população tenha medo da polícia, em vez de enxergar nela um órgão capaz de defendê-la? Por que o Estado não se preocupa mais com meu bem estar, em vez de me vigiar e punir?

O Estado é leniente com a corrupção que desvia recursos vultuosos e ineficaz para controlar os índices de criminalidade que assolam o país, mas é atento e eficaz para me fiscalizar e cobrar que eu tenha um extintor novo no carro. Como se resolve isso? Com uma visão diferente, que se preocupe mais com as pessoas. É para isso que deve existir qualquer serviço público: para facilitar a vida das pessoas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário