quarta-feira, 20 de março de 2013

Choro na sala de aula



Recebi um baita elogio na semana passada. A pessoa me disse que gostou muito do que escrevi sobre o Dia da Mulher; e que esse era um daqueles textos que dão vontade de continuar lendo mesmo depois que acabam.

É bom saber que hoje alguém pode ter gostado tanto de algo que eu escrevi, porque já houve um tempo em que fui muito ruim nisso. Mais exatamente na pré-escola, quando todos sabiam escrever pelo menos o próprio nome.

Todos, menos eu.

Com muito sacrifício eu até garrancheava um “LUI”, mas não havia jeito de conseguir desenhar o S.

Cara, como aquilo me frustrava! 

Um dia não aguentei. Todos já haviam terminado, todos menos eu, e quanto mais eu tentava, pior era o resultado.

Então, comecei a chorar.

A professora aflita tentava me acalmar enquanto os meus colegas olhavam com curiosidade aquela cena. Nunca vou esquecer desse dia.

Era uma dificuldade pontual, na primeira série fui um dos primeiros a aprender a ler. Mas mesmo agora, tanto tempo depois, sinto um certo mal-estar ao lembrar daquele incidente. Porque eu sei que não chorei por medo do desafio de escrever o S; aliás, se tem algo que nunca me abalou é o desafio ou a adversidade. Naquele dia o que me fez chorar foi um sentimento de vergonha. Porque eu me senti inferior, me senti incapaz de fazer algo que todos ao meu redor executavam até com certa facilidade.

É exatamente o que sente quem não sabe ler ou escrever. Por saber disso é que sinto como um soco na boca do estômago saber que em pleno ano de 2013 o Brasil tem 12 milhões de analfabetos, praticamente toda  a população da Holanda. Doze milhões de brasileiros condenados a viver envergonhados de si mesmos.

Todos nós devíamos também sentir vergonha.

Vergonha por viver em um tempo de tanto desenvolvimento, e saber que, neste que é o solo de um dos países mais ricos do mundo, vivem milhões de pessoas que não têm o mínimo acesso a uma Educação de qualidade.

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