terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Porque amo a vida praiana


Existem vários motivos que poderiam me fazer odiar a praia. O primeiro deles é que me queimo fácil. Já no primeiro dia, estou vermelho como um pimentão. O remédio, então, é besuntar-se com muito protetor solar. "Use filtro solar!", é o que aconselham minha mãe, minha namorada, a reportagem na TV, e até o Pedro Bial.

E aí reside o segundo motivo que poderia me fazer odiar a praia: detesto passar filtro solar. Aquele creme fica impregnado na pele, como se você estivesse sujo, aquele creme te deixa melecado. Depois, ínfimos grãos de areia se grudam em cada um dos seus poros, graças à ação do tal protetor. E por fim, lá está você, gosmento e queimado, buscando um lugar na sombra que insiste em se movimentar.

Mas, apesar de tudo isso, apesar de todas essas razões inoxidáveis que poderiam me fazer abominar os dias de sol, acontece o oposto: amo a vida praiana. Cheguei a essa conclusão dias atrás, enquanto tomava banho de mar, e contemplava o horizonte azul e infinito do Oceano Atlântico.

E amo a vida praiana por uma razão simples: as pessoas.

Quero dizer, não as pessoas em si, mas a forma com que elas se comportam no litoral.

Nem parecem as mesmas que se estressam no trânsito das grandes cidades, que brigam com o vizinho, que reclamam do tempo perdido na fila do banco, e esbravejam contra o juíz durante uma partida de futebol.

Não. Nas areias mornas e infindáveis das franjas de um oceano, as pessoas se permitem ser felizes, ainda que por um breve período do ano. Ali, um homem pode sentar-se despreocupado, tomar uma caipira gelada, e, se tiver sorte, observar de soslaio aquela loira de corpo sinuoso, com um biquíni sumário, desfilando preguiçosamente debaixo do sol, bem na sua frente.

Não haverá horário, nem chefe, nem prazos. Apenas a brisa do mar lhe fará companhia.

Por isso as pessoas são mais felizes no litoral. Não é por causa do litoral, mas sim por causa da forma com que as próprias pessoas encaram a vida durante aqueles dias: de forma leve, se deixando conduzir mansamente enquanto os minutos dourados se alargam, e por fim dão lugar a uma noite aprazível e estrelada.

E, claro, há ainda a possibilidade do futebolzinho com os amigos no final da tarde, no fundo o horizonte alaranjado de mais um dia que se despede.

Definitivamente, vale a pena aguentar o filtro solar.

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