terça-feira, 5 de abril de 2011

Caminhos Cruzados – Trecho

  Lendo mais um livro do Erico Veríssimo. Cara, eu queria ter um décimo da habilidade que ele teve pra escrever. No século 20, ninguém soube conduzir tão bem tramas, personagens, histórias entrelaçadas... Aí vai um trecho do livro Caminhos Cruzados, que me chamou atenção nessa tarde ensolarada em que tá todo mundo preso, trabalhando, enquanto o sol convidativo sabe ser provocante.

“Fiorello e seus amigos não conhecem os segredos dá Matemática, mas apesar disso vivem com uma plenitude animal que deixa o professor um tanto perturbado. Seus olhos contemplam a paisagem com a alegria meio inibida duma criança que, vendo-se de repente solta num bazar de brinquedos maravilhosos, recusa-se no primeiro mo­mento a acreditar no testemunho de seus próprios olhos.

Clarimundo debruça-se à janela... Então tudo isto existia antes, enquanto ele passava as horas às voltas com números e teorias e cogitações, tudo isto tinha rea­lidade? (Este pensamento é de todas as tardes à mesma hora: mas a surpresa é sempre nova.) E depois, quando ele voltar para os livros, para as aulas, para dentro de si mesmo, a vida ali fora continuará assim, sem o menor hiato, sem o menor colapso(...)”

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