segunda-feira, 11 de abril de 2011

O bullyng e o nosso fracasso

  O criminoso do Realengo escolheu suas vítimas baseado na semelhança física que elas tinham com antigos colegas seus do passado, que cometiam bullying contra ele. Na sala de aula, Wellington sofria intimidações constantemente. Os estudantes chegaram a lhe dar o apelido de Sherman, em referência ao famoso nerd interpretado pelo ator Chris Owen no filme "American Pie". Ainda segundo informações passadas por dois rapazes que estudaram com o atirador, Wellington também era chamado de "suingue", pois andava mancando de uma perna.

  O menino “poupado” teve a vida salva por se parecer com o único amigo da adolescência de Wellington. Não vou entrar na questão motivo, porque nada justifica fazer o que ele fez. O amigo de Wellington, o gordinho de anos atrás, sofreu o mesmo preconceito e não entrou em uma sala de aula pra matar ninguém.
 
  A questão é que o bullying está inexoravelmente presente nas escolas, sejam públicas ou privadas, e nós temos fracassado com ele. Fracassamos quando assistimos colegas serem ridicularizados e ficamos de braços cruzados. Fracassamos quando debochamos de alguém por essa pessoa não seguir um padrão, ou, pior ainda, pela nossa necessidade de afirmação no grupo. Fracassamos enquanto agressores, vítimas, colegas, pais e professores.

  Uma historinha curta (que realmente aconteceu), narrada na aula de Psicologia Geral, na Feevale: “O menino de cerca de seis anos de idade comete bullying contra a coleguinha no pátio da escola. A mãe vê a cena e pede para ele parar. O garoto continua insultando a menina: “feiosa, baleia!”.  A mulher  pede novamente para o filho parar, sem sucesso.  O que a mãe faz? Tira o chinelo e bate no menino, ali mesmo, na frente de tantas outras crianças.”

  O que isso nos mostra, mais uma vez, é que não sabemos lidar com o bullying, que está presente há séculos na nossa sociedade, mas que foi “descoberto” recentemente. Na historinha de cima, na tentativa de ensinar ao filho que ele estava errado, a mãe acaba destruindo a auto-estima do menino diante de seus colegas. Na adolescência, mais do que em qualquer outra fase da vida, o indivíduo quer ser aceito. Mais, ele tem necessidade disso. Ele precisa sentir que faz parte de um grupo.

  O bullying destrói isso. Você não pode fazer parte de grupo algum, porque é gordo, magro, careca, cabeludo... Essa rejeição causa danos que transcendem os anos e muitas vezes afeta as relações na idade adulta.  A sociedade precisa acabar com o bullying antes que o nosso país se torne um Estados Unidos.

  Isso sim seria um pesadelo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário